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Juarez Soares
Terça-feira, 06 Março de 2001, 19h21
terraesportes@terra.com.br

Máscaras em Guadalajara


Em 1970, quando os jornalistas brasileiros que cobriam a Copa do Mundo, chegaram a Guadalajara, ficaram extasiados. Estávamos vindo de Irapuato, depois Guanajuato, regiões quentes, semi desertas, onde a seleção tinha se concentrado. Os jogadores tinham ficado isolados, sem a família, sem mulher, sem festas, uma rotina de fazer inveja aos monges beneditinos. Guadalajara era justamente o oposto. Cidade de cores vivas, repuxos e fontes de água que pareciam bailar ao som dos boleros contados pelos "Mariachis".

A história começou com o Brasil levando um susto contra a antiga Checoslováquia sofrendo o primeiro gol marcado por Petras, que vindo de um país comunista, ajoelhou-se e fez o sinal da cruz. Como o Brasil também tinha fé, virou o jogo, venceu com categoria e o resto da história todo mundo conhece: Brasil campeão do mundo. Aquela seleção jogava tanto futebol que não tinha vaidade. O orgulho de cada um se manifestava, na classe com que mostravam um futebol, simples, objetivo, obediente, principalmente consciente da sua força, sabedor do seu poderio. Não havia naquele time nenhuma disputa imbecil, pessoal, fora de propósito.

Pelé que poderia cometer qualquer exagero, dava o exemplo. Cuidava da própria vida, treinava sem reclamar. Sabia que o melhor pregador é Frei exemplo. Se alguém tentava se sobressair de forma extravagante, os outros jogadores colocavam a casa em ordem. Foi assim com o lateral Marco Antonio. Fez graça, saiu do time. Acima de tudo, pairava a autoridade de Gérson, cérebro do tricampeonato. Eram outros tempos, outro futebol, outra Guadalajara.

De lá, hoje, chegam notícias de que a vaidade impera entre os cobras da seleção. Rivaldo, Roberto Carlos, Romário são um poço de arrogância, nem se conversam, batem papo, apenas se suportam. Difícil acreditar que no romper do novo século ainda exista jogador mascarado. Dizem que a vontade de aparecer é tanta que até Emerson Leão, extremamente vaidoso, fica inibido. Resta saber o que esses jogadores vão mostrar contra o México. Que bom se esses profissionais se lembrassem de que por essa Guadalajara, já desfilou uma seleção que virou lenda, cuja maior qualidade era encarar a vida e o futebol com simplicidade.

 

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