Enquanto o basquete feminino brasileiro se afunda na crise, lá fora
seu prestígio continua em alta. Afinal, trata-se de uma geração que
conquistou duas medalhas nas últimas Olimpíadas. Por essa razão, está sendo
cobiçado por um projeto para reunir jogadoras e clubes de todo o mundo.
Quem está desenvolvendo o plano é o empresário Paco Torres, que vive
na França e representa jogadoras de vários países da Europa. Ele disse a
essa coluna que planeja deixar a função para lançar uma espécie de portal do
basquete feminino na internet. Para isso, espera contar com o basquete
brasileiro.
Para reunir as maiores jogadoras do mundo, Torres não poderia deixar
de fora as brasileiras. Afinal, não teria sentido criar um dossiê on-line
sem nomes como Janeth ou Alessandra. É, sem dúvida, uma demonstração de que
o Brasil é respeitado no exterior.
O empresário europeu deve acreditar que vivemos num paraíso da cesta.
Afinal, ganhamos em duas olimpíadas a prata (Atlanta-96) e o bronze
(Sydney-2000). Ele deve achar que os clubes possuem uma estrutura sólida,
onde as jogadoras são bem remuneradas e os ginásios estão sempre lotados,
com torcedores lutando com cambistas para conseguir ingressos.
Nem sei como contar a ele a realidade. Clubes à beira da falência,
patrocinadores batendo em retirada, jogadoras há meses sem receber salários,
atletas deixando o país em busca de sobrevivência no exterior. E, repito,
temos duas recentes medalhas olímpicas! É de chorar!
Com todos esses problemas, ainda existe um enorme interesse pelo nosso
basquete feminino, que não tem recebido a devida atenção aqui, dentro do
país. Já ouvi várias vezes alguém dizendo que não damos o devido valor no
que temos. Talvez seja verdade. Mas, lá fora, continuamos por cima da onda.