A crise só não explodiu de vez no Vasco por uma única razão: Hélio
Rubens. Um técnico respeitável e, acima de tudo, um homem de palavra. Do
contrário, não só o basquete vascaíno, como o projeto olímpico do time
carioca, já teria naufragado.
São meses e meses de salários atrasados, resultado do rompimento do
acordo milionário entre o clube e o Bank of America. O pivô Vargas já
arrumou suas malas e foi embora. Antes dele, Demétrius também se rebelou
contra a política de não-pagamento. Outros jogadores, claro, também estão
insatisfeitos.
Hélio Rubens está segurando uma barra pesada. Ele trocou um projeto de
sucesso, em Franca, por um sonho à beira mar, que agora se transforma em
pesadelo. O técnico é o pilar da estrutura imaginada pelo Vasco, para se
tornar uma referência no esporte. Em troca deste sonho, o treinador resiste.
Mas o que irá acontecer quando ele acordar?
Com um time em meio ao campeonato nacional e disputando também a Liga
Sul-Americana, Hélio Rubens tenta salvar a nau vascaína. Mas a cada mês de
salário atrasado, a situação torna-se mais insustentável. Talvez o técnico
resista até o final dessas duas competições. Depois, sem a reestruturação do
clube, será impossível, não só a sua permanência, como também a dos
principais jogadores.
Como a crise não afeta apenas o Vasco, mas também o Flamengo, não
será surpresa se o fluxo de jogadores se inverter. Ou seja, que São Paulo
volte a receber os atletas que, anos atrás, saíram em busca do eldorado
carioca.
Os jogadores, porém, encontrarão um cenário bem diferente. Os clubes
paulistas também não estão tão bem assim, pelo contrário, o corte de
despesas é a palavra de ordem. Para Hélio Rubens, reassumir o basquete de
Franca também não é algo tão fácil assim. Daniel Wattfy, atual treinador,
está em alta com a conquista do título paulista. E, com certeza, tem um
custo muito menor do que o de seu mestre.
Achar um clube para Hélio Rubens, mesmo com a vaga preenchida em
Franca, não deve ser problema. E ele também não tem tanta pressa assim, já
que segue com o cargo de comando na seleção brasileira.
Quem está na pior é mesmo o basquete brasileiro. Clubes que se
transformaram em esperança de renovação estão afundando. As meninas dependem
de caridade, como a de Wanderley Luxemburgo em Jundiaí. Estamos de mal a
pior. Mas ainda temos a palavra de Hélio Rubens. É uma esperança.