A que pontos chegamos. O basquete feminino do Brasil, que conquistou
duas medalhas nas últimas olimpíadas, está no fundo do poço. No lugar das
jogadas maravilhosas de nossas medalhistas, somos obrigados a ver na TV uma
desesperada Karina, abandonada por seu patrocinador e perto de fechar as
portas do time de Jundiaí.
O fim da equipe paulista já estava desenhado desde o final do ano. Um
sopro de vida seria dado caso o time chegasse às finais do Campeonato
Paulista. Mas a eliminação nas semifinais significou o golpe fatal. O mesmo
que já tinha arrancado a alma do Santo André, outro que está passando o
pires de mão em mão.
E não pense que o drama acabou. Pelo contrário. As meninas do Vasco
estão há meses sem receber salário, situação que atinge também a equipe
masculina e os demais chamados "esportes amadores" do clube carioca. No Rio,
o Flamengo também sofre com a crise, sendo obrigado a dispensar jogadores do
time de basquete e cortar modalidades olímpicas.
E o que faz a Confederação Brasileira de Basquete? Segundo as palavras
da própria Karina, nada. Não se vê nenhum esforço na tentativa de se mudar
esse modelo falido, que não funciona nem com um esporte medalha de prata e
bronze em Atlanta-96 e Sydney-2000.
A impressão que fica é que a CBB lucra apenas com os feitos heróicos
da seleção brasileira e não liga a mínima para os clubes. Que eles se virem,
que as atletas batam de porta em porta das empresas atrás de patrocinadores.
É o que pensam os cartolas do nosso basquete.
Karina sabe muito bem que terá de se virar sozinha, como fez a
ex-jogadora Hortência com o mambembe time do Paraná. Do contrário, não
sobrarão nem lágrimas sobre o leite derramado. Aliás, pouco sobrará mesmo:
muitas das atletas que subiram ao pódio na Austrália estão de malas prontas
para o exterior, pois sabem que aqui não há futuro.
E ainda há quem acredite que somos uma potência do basquete. Triste
ilusão. Da festa nas últimas duas Olimpíadas, restaram apenas as lágrimas.