Sem nenhuma grande estrela em campo, prevaleceu a força defensiva. Campeão do Super Bowl 35, o Baltimore Ravens consagrou a melhor defesa de todos os tempos da NFL, a liga norte-americana de futebol americano. Nenhuma outra equipe na história sofreu menos pontos durante uma temporada.
Isso não significa, porém, que a partida tenha sido um espetáculo. Pelo contrário, durante as quase quatro horas de transmissão pela TV, salvaram-se alguns segundos. Aqueles 36 segundos no terceiro quarto, quando foram marcados três touchdowns, dois deles em retornos de chutes.
Essa, na verdade, foi a jogada que melhor define esse Super Bowl. Com dois times medíocres ofensivamente, o que se viu em Tampa Bay foi um festival de punts, o chute que a equipe dá quando não consegue avançar no campo pela sua incompetência ofensiva. Eu perdi a conta quando o total chegou a 16, novo recorde em uma final da NFL.
É possível creditar o fracasso dos ataques às defesas, principalmente à muralha do Baltimore. Mas os dois times tinham quarterbacks de terceira categoria. Principalmente o Giants. Kerry Collins, um ex-alcoólatra, parece ter regredido no tempo devido às muitas besteiras que cometeu. Sofreu quatro interceptações e pode ser considerado o verdadeiro culpado pelo massacre de 34 a 7. O único touchdown do time de Nova York foi marcado pela equipe de especialistas.
Assim, não foi surpresa a escolha do linebacker Ray Lewis como o MVP, melhor jogador da final. Para isso, ele conseguiu sete tackles. Ora, bolas! Nos últimos anos, os MVPs foram jogadores como John Elway, Bret Favre e Steve Young. Para Lewis, porém, foi uma espécie de renascimento, após toda a confusão em que se meteu por ter sido acusado de envolvimento no assassinato de dois garotos numa festa, exatamente há um ano, logo após o Super Bowl 34, em Atlanta.
Para quem gosta de defesas, foi um prato cheio. Para quem gosta de espetáculo, o melhor da noite foi o show de transmissão da CBS, com uma câmera mágica: a Eyevision. Um sistema, avaliado em quase US$ 1 milhão, composto por mais de 20 câmeras, que é capaz de girar imagens em até 270 graus. Quem assistiu ao filme Matrix tem uma ótima referência.
Se o Super Bowl 35 não deixou nenhuma grande recordação para o futuro, ao menos apresentou um tremendo salto tecnológico na transmissão pela TV. Valeu pelo show de imagens.