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Fernando Santos
Quinta-feira, 25 Janeiro de 2001, 17h50
terraesportes@terra.com.br

Superestranho


No início da temporada, nem o mais fanático torcedor dos finalistas nem o mais experiente analista seria capaz de apostar numa final entre Baltimore Ravens e New York Giants. Com uma rara e polêmica exceção, os dois times não têm estrelas, depositam sua força na defesa e adotam um ataque modesto e que pode dar sono nesta tarde de domingo.

Nos últimos 10 anos, os campeões do Super Bowl foram comandados por lendas, alguns dos maiores quarterbacks da história. Foi assim com Troy Aikman (93,94 e 96), Steve Young (95), Bret Favre (97), John Elway (98 e 99) e Kurt Warner (2000). Este ano, os chamados "líderes em campo" serão Kerry Collins (Giants) e Trent Dilfer (Ravens). Quem?

Para se ter uma idéia: um grande quarterback é aquele que consegue atingir uma marca superior a 100 pontos no chamado rating, uma contagem confusa e criada especificamente para avaliar esses jogadores. Neste Super Bowl, os dois titulares estão bem longe de alcançar esse índice: Dilfer tem rating de 76.6 e Collins é um pouco melhor, 83.1.

Não resta dúvida que, entre os dois, Dilfer é o pior. Na temporada ele conseguiu apenas 12 passes para touchdown e 11 interceptações, o que o coloca como um quarterback pouco acima da mediocridade. Collins, como muitos astros universitários, era uma esperança para se tornar um craque da bola oval, mas pouca coisa fez em suas passagens por Carolina Panthers e New Orleans Saints, antes de chegar ao Giants, em 99.

Na verdade, Collins é mais famoso por suas aventuras fora de campo. Ele passou por um rigoroso tratamento para se livrar do vício da bebida e também teve problemas com antigos companheiros, por atos racistas. Isso mesmo: ele adorava uma garrafa e também gostava de xingar os companheiros negros. Nesta semana, ele declarou que suas atitudes racistas foram causadas pela bebedeira e jura que, hoje, já está reabilitado.

Mas tudo isso é pouco perto da história do linebacker Ray Lewis, o centro das atenções neste Super Bowl. Ele é apontado como o favorito para ser escolhido o MVP, melhor jogador da decisão. Ele já recebeu o prêmio de melhor jogador de defesa do ano. É um astro, com contrato de US$ 24 milhões por quatro anos.

Mas Lewis deve sua fama ao Super Bowl do ano passado. Não por sua atuação em campo, mas por ser acusado de envolvimento no assassinato de duas pessoas, na saída de uma boate, logo após a partida, em Atlanta. Lewis, que foi apenas assistir ao jogo, teve de fazer um acordo com a promotoria para ser incluído como testemunha de acusação, mas não escapou da condenação por obstrução à Justiça.

Apesar de toda a batalha judicial, Lewis encontrou forças para reinar na temporada. O Baltimore tem a melhor defesa da NFL, que foi capaz de levar o time à decisão. O Ravens eliminou dois favoritos: o Denver Broncos, que teve o melhor ataque da temporada regular, e o Oakland Raiders, que era o grande favorito ao título deste ano e perdeu para o Baltimore mesmo jogando em casa. Detalhe: o Ravens bateu o Raiders com dois touchdowns marcados pela equipe de defesa.

O Baltimore é o melhor do ano em pontos sofridos, o que menos permite avanços em jardas do adversário e o mais eficiente contra o ataque corrido. Porém, sua linha ofensiva é apenas a 18ª entre as 31 equipes da NFL. E o ataque aéreo, comandado pelo fraco Trent Dilfer, é apenas o 23º no ranking. O Giants também tem sua força na defesa, apesar de ter conquistado a vaga para o Super Bowl com a expressiva vitória por 41 a 0 sobre o Minnesota Vikings. O time de Nova York tem a 5ª melhor defesa da liga, a segunda contra o jogo corrido. E seu ataque é bem equilibrado, apesar de limitado: é o 12º na corrida e o 13º no passe.

Por tudo isso, não espere muitos pontos neste domingo em Tampa Bay. As defesas devem predominar. Mas, como se trata de Super Bowl, é sempre imperdível.

 

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