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Juarez Soares
Quinta-feira, 11 Janeiro de 2001, 16h01
terraesportes@terra.com.br

O sonho acabou


"Toda unanimidade é burra", disse o filósofo. Depende, pois quem é do mar não enjoa. Tanto assim que multidões de brasileiros deixaram o continente e foram para a beira do mar. Enfrentamos congestionamentos intermináveis, formamos as dobras e curvas da serpente gigantesca que desceu as serras em busca das ondas. Eu também, que não acredito em nada disso, fui em busca das praias. Fui jogar flores no mar, pedindo que o sal da vida e das águas levasse nas sete ondas meus sete pecados capitais "quando a gente não repete que são mais".

Acho que os pecados são muitos, muitos mais. Nem sei se as águas dos mares são capazes de afogá-los. Que bom seria, assim começaríamos todos o novo ano limpos, puros, imaculados como a túnica lavada com anil. Seríamos todos ungidos apenas pelo pecado original.

Até mesmo Eurico Miranda. Os juizes de futebol teriam suas mães respeitadas, não haveria erros, pênaltis, impedimentos, gols duvidosos. As CPIs se tornariam sérias e justas. Haveria até um segundo jogo entre Vasco e São Caetano.

Isso é que não. Seria injusto, seria nos tornar todos de novo impuros. O que está feito, está feito. A sorte já foi lançada. São Caetano, santo austero e puro na sua imaculada pobreza, que me perdoe, mas um segundo jogo não está direito. Já vivemos um novo século, o primeiro dia de uma nova era. O time do São Caetano faz parte do passado, foi um sonho que acabou. Seus jogadores serão vendidos: Adhemar, Claudecir, César e outros ficarão ricos, vão dizer adeus.

O sonho acabou. Como um dia terminou o Santos de Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. O Botafogo de Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagalo. O Palmeiras de Julinho, Cervílio, Tupã, Ademir da Guia e Rinaldo. O Corinthians de Cláudio, Luizinho, Baltazar, Carbone e Mário.

Sobrou do São Caetano o gosto único da vitória. Nunca mais haverá outro São Caetano igual. Seus jogadores dirão adeus levados pelas asas da glória. Seria o mesmo que pedir para os Beatles se reunirem de novo e de novo entoarem canções.

Melhor deixar quieto, ouvindo apenas os aplausos para o time que foi campeão nas últimas horas do século que passou.

 

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