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Pau Gasol faz carta de despedida emotiva para o “irmão” Kobe

13 abr 2016 - 11h04
(atualizado às 11h17)
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Nesta quarta-feira, 13 de abril, o basquete ficará marcado. Será o dia em que Kobe Bryant fará o último jogo profissional de sua carreira em partida dos Los Angeles Lakers contra o Utah Jazz, para virar de vez uma lenda no esporte em que foi tão vitorioso. E o seu principal parceiro nas conquistas do passado, o espanhol Pau Gasol, resolveu não ficar calado diante da aposentadoria do amigo.

Hoje no Chicago Bulls, Gasol foi o jogador que mais brilhou ao lado de Kobe nos anos de auge do americano. Assim como se entendiam em quadra, construíram grande amizade fora dela. E conforme revelou a Sports Illustrated nesta quarta, o ex-companheiro fez uma carta de despedida para Bryant, sem conter a emoção ao relatar a experiência de ter um dos maiores da história ao seu lado.

Entre outras declarações, Gasol contou que Kobe sempre foi como um irmão mais velho para ele, apoiando e dando suporte nas horas em que era preciso, e que ambos formavam “uma combinação perfeita”. Ainda segundo o espanhol, conviver com o camisa 24 foi impactante em sua vida.

Confira a carta na íntegra:

Em meu primeiro dia com os Lakers, eu conheci a equipe no The Ritz, em Washington, e às 1:30 da manhã, houve uma batida na minha porta. Descobri mais tarde que Kobe não dorme muito. Sentei-me na cama, eu acho, e ele se sentou na mesa ao lado da TV. Ele me acolheu na equipe, e então ele me disse que era tempo ir adiante. Era a hora de vencer. Ele sentiu que eu poderia levá-lo ao topo de novo, e ele queria ter certeza que eu sabia disso. “Esta é a nossa chance”, disse ele. Foi algo poderoso e significativo.

Nós éramos a combinação perfeita.

Uma grande parte das triangulações ofensivas é baseada em leituras que são trabalhadas quando se entende um ao outro. Eu entendi o jogo. Eu fui meticuloso sobre ele. Eu acho que ele apreciou isso. Nosso relacionamento deu certo desde o início. Nós dois sabíamos que precisávamos um do outro para ter sucesso.

Há tantos jogos na NBA, que é fácil se desmotivar em alguns. Ele manteve todos no limite. Na prática, ele desafiou as pessoas. Ele cobrava a todos muito pesado. Não era para todos. Alguns jogadores não podem lidar com isso, mas eu não me importava. Era sua maneira de motivar você e empurrá-lo para dar mais. É fácil se sentir confortável. Ele fez com que ninguém se sentisse confortável.

Depois que perdemos o jogo 6 para os Celtics nas finais de 2008, não falamos muito sobre. Foi um tempo para digerir o que tinha acontecido, porque ficamos aquém e aí deixar que o fogo começasse a queimar em nossos corpos e nossos estômagos. Fomos para a próxima temporada com uma atitude mais agressiva uma abordagem diferente, mais forte, mais determinada. Eu acho que é por isso que ganhamos os próximos dois títulos.

Se você joga com ele, você olha todo dia para uma prova viva do porque os melhores são os melhores. Não é por acidente. É uma obsessão chegar naquele nível e permanecer nele. A dedicação, o compromisso, é algo único. Você não encontra fácil. Ele me inspirou a ser melhor, a ver o jogo de maneira mais detalhada

Quando vencemos o Magic nas finais de 2009, todo mundo estava feliz, mas era diferente para ele. Tinha um significado especial. Basquete foi a sua vida, e vencer sua devoção. Não estou tirando o valor da família dele, que é o que há de mais importante no mundo para ele, mas o basquete sempre foi algo muito intenso.

Na época da troca pelo Chris Paul, que eu seria parte envolvida e foi vetada em dezembro de 2011, ele foi como um irmão mais velho, me apoiando. Em certo momento, ele disse aos Lakers: “Se vocês vão troca-lo, façam o que precisam e troquem. Do contrário, deixem o em paz para jogar”.

Nós não saíamos muito fora da quadra, mas perto do final, tivemos vários jantares a sós. Quando eu estava decidindo se iria deixar o Lakers em 2014, ele veio à minha casa em Redondo Beach. Ele disse que queria que eu ficasse em Los Angeles para lutar com ele e terminar nossas carreiras juntos. Essas foram suas palavras. Eu lhe disse que estava em um lugar onde eu precisava de uma mudança no meu coração. Eu precisava de uma mudança de ares. Foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz, dizendo-lhe: “Eu estou decidindo não jogar mais com você”.

Eu assinei com os Bulls porque eu queria me colocar em posição para ganhar outro título, mas não tenho sido capaz de fazer isso. Eu sinto muita falta dele. Eu sinto falta de sua presença, de sua atitude. Não há muitos jogadores que a tem.

O Cisne Branco, o Cisne Negro, tudo isso, não me perturbava. Não me frustrava. Ele mostrou que ele se importava comigo. Era um método rígido de amor. Ele estava me desafiando, porque ele esperava mais de mim. Quando alguém se preocupa com você, é quando eles vêm desafiá-lo. Quando eles não se preocupam com você, eles te ignoram. Aí é quando você deve se preocupar.

Talvez eu seja mimado pois eu sei o como é a sensação de vencer, e amo esse sentimento. Altera meu humor. Me afeta. Acho que vencer vai prolonger minha carreira e me motivar para fazer mais. Estar perto de Kobe teve impacto na minha vida. Estarei livre de contrato este verão, e já penso sobre isso agora. Quero maximizar os anos que tenho restando. Quero ser parte de algo especial de novo.

Foto: Getty Images
Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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