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New York Knicks: defesa de elite e ataque carregado por Julius Randle

Matheus Gonzaga e Pedro Toledo analisam o desempenho do Knicks na fase regular em 2020/21

13 mai 2021 - 18h50
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No começo da temporada, praticamente ninguém via o New York Knicks com mando de quadra nos playoffs. Na verdade, os mais otimistas viam a equipe brigando pelas últimas vagas no play-in do Leste. Também pudera, o time não disputava a pós-temporada desde 2013. Perto do fim da temporada, a equipe de Nova York ocupa a quarta posição da conferência, com um plantel com várias histórias inesperadas de sucesso. O Knicks tem uma das cinco melhores defesas da liga, tendo um elenco bem parecido com o da temporada passada, onde foi a nona pior. Qual o segredo para essa evolução? Como Tom Thibodeau transformou o Knicks? O ataque da equipe tem qualidade o suficiente para resistir nos playoffs?

Julius Randle
Julius Randle
Foto: Nathaniel S. Butler / AFP / Jumper Brasil

Vamos começar pelo lado mais fraco de New York: o ataque, que está entre os dez piores da NBA. A equipe joga em um ritmo extremamente lento. Suas cerca de 96 posses por jogo são a menor marca da liga. Esse aspecto explica um pouco dos problemas ofensivos: arremessos no começo do shot clock são estatisticamente os mais eficientes. O Knicks também sofre com a criação de jogadas , tendo o segundo menor percentual de arremessos assistidos de toda a NBA. Já no lado positivo, é interessante destacar o ótimo aproveitamento de três pontos (39% - quarto lugar). Porém, trata-se de um dos times que menos arremessa essas bolas, algo talvez associado à falta de criadores de arremesso. Desse modo, Julius Randle é crucial.

Provável MIP (jogador que mais evoluiu nesta temporada), Randle é um jogador que eleva o ataque a um patamar decente. A temporada dele talvez seja um pouco superestimada, se considerarmos sua eficiência ser bem próxima à média da liga. O que faz com que ele pontue muito é o volume. Porém, vale considerar o contexto do seu time. Sem a presença do ala-pivô, o ataque do time cai de produção, indo para o que seria o quarto pior ataque da liga (eficiência ofensiva de 106.5), enquanto na presença de seu astro, ele tem desempenho similar a um time médio (eficiência ofensiva de 110.6). Sua capacidade de criar e converter arremessos  (de altíssimo grau de dificuldade) em alto volume, conseguindo uma eficiência moderada é o suficiente para que o Knicks seja minimamente respeitável ofensivamente, mesmo com peças muito limitadas ao redor. Randle não seria capaz de elevar um time com talento ofensivo a um patamar de elite, mas é extremamente capaz de carregar um ataque limitado. Além de pontuar, a atenção atraída faz com que produza cestas fáceis para os companheiros (quase seis assistências por jogo). Uma prova do tamanho da carga carregada pelo astro de New York é o fato de ele ter quase dez posses combinadas de post up e isolation por jogo (estando no top 10 de frequência nas duas categorias).

Mas o ataque é apenas um detalhe para o Knicks de Thibodeau. A equipe está onde está por sua defesa, onde tem a melhor proteção de garrafão de toda a liga, também cedendo menos de 34% em bolas de três fora da zona morta para os adversários. Curiosamente, não é um time que rouba muitas bolas. Seu desempenho defensivo é baseado em dificultar arremessos, fazendo com que adversários sejam pouco eficientes em todas as áreas da quadra. O pivô Nerlens Noel tem sido um grande destaque dessa defesa. Ele figura entre os líderes da liga em diversas métricas defensivas avançadas como a D-LEBRON (e entre os piores em métricas ofensivas). 

O Knicks é uma surpresa fascinante. O ressurgimento de Tom Thibodeau e a defesa sufocante transformaram New York em um inquestionável time de playoffs, que tem boas chances de passar da primeira rodada. No entanto, ainda falta muito para brigar por algo maior. O ataque é limitado e funciona basicamente através de Randle, sem muitas alternativas, algo que pode ser explorado na pós-temporada. De qualquer modo, trata-se da maior surpresa positiva da temporada, e um time para ficarmos de olho nos próximos anos.

* Por Matheus Gonzaga e Pedro Toledo (Layups & Threes)

Jumper Brasil
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