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Bucks decidem boicotar jogo da NBA em protesto por Blake

Caso em que outro homem negro foi baleado pela polícia aconteceu em Wisconsin, no último domingo, e gerou onda de protestos

26 ago 2020 - 17h39
(atualizado às 17h55)
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Em protesto, o Milwaukee Bucks não entrou em quadra nesta quarta-feira para enfrentar o Orlando Magic pelos playoffs da NBA. O boicote foi uma forma de apoiar os novos protestos antirracistas, reavivados depois que a polícia do estado de Wisconsin atirou sete vezes pelas costas em Jacob Blake, um homem negro, no último domingo.

Foto: Kevin C. Cox / Reuters

Os jogadores dos Bucks permaneceram nos vestiários enquanto o rival entrou em quadra para o aquecimento. Pouco antes do horário marcado para o início, o time do Orlando Magic também se retirou. Na sequência, os árbitros fizeram o mesmo.

A postura da equipe de Milwaukee antecipou o movimento que começou com os jogadores de Toronto Raptors e Boston Celtics. Eles estavam cogitando não entrar em quadro para o jogo 1 das semifinais da Conferência Leste, agendado para quinta-feira.

O boicote foi uma maneira encontrada para reforçar o descontentamento pela falta de efeito nos protestos realizados pelos jogadores na 'bolha' da NBA. Deste o retorno da temporada foram realizadas uma série de manifestações em apoia à luta contra discriminação racial, ainda sob o efeito da morte de George Floyd. Jogadores se ajoelham durante o hino nacional, usam camisas com a expressão "Black Lives Matter" (Vidas Negras Importam, em tradução livre) e também estampam em seus uniformes mensagens de justiça social.

No último domingo, em Wisconsin, os policiais respondiam a um distúrbio doméstico. Segundo os advogados de Blake, o homem de 29 anos tentava separar uma briga entre duas mulheres. Ele foi conduzido pelos policiais até a porta de seu carro, onde levou sete tiros na frente de seus três filhos, que estavam no veículo. Está internado em estado estável segundo sua família. Toda a cena foi filmada por um morador e as imagem foram espalhadas internacionalmente.

Astros da NBA como LeBron James, do Los Angeles Lakers, e Donovan Mitchell, do Utah Jazz, pediram justiça em suas redes sociais. Os jogadores consideram que a liga não está dando a atenção necessária à pauta antirracista e se sentem presos na bolha em Orlando, impossibilitados de agir. LeBron chegou a dizer que se sente aterrorizado, com medo, como homem negro.

"É traumatizante. Me sinto preso aqui. Viemos para a bolha com objetivo de espalhar uma mensagem e não está acontecendo. A gente sente que não esta fazendo nada de produtivo aqui dentro", afirmou o camaronês Pascal Siakam, uma das estrelas do Toronto Raptors, em entrevista à ESPN americana.

Os jogadores entendem que o boicote seria uma maneira de dar visibilidade ao caso e ecoar os protestos antirracistas que novamente estão se espalhando pelos Estados Unidos. "No primeiro incidente que aconteceu há alguns meses, os rapazes puderam estar na linha de frente, ser vistos, estar em suas comunidades e em seus bairros", ressaltou Jayson Tatum, ala dos Celtics. "No momento é difícil porque estamos meio presos entre a decisão de algumas pessoas podem ir para casa, mas entendemos do que estamos renunciando por estarmos aqui. O trabalho que tantas pessoas tiveram para fazer tudo isso possível. Portanto, é uma decisão difícil", reconheceu o jogador.

"Os jogadores estão profundamente desapontados com o fato de a mesma coisa acontecer novamente em um período de tempo relativamente curto", disse o técnico do Raptors, Nick Nurse, referindo-se ao assassinato de George Floyd pela polícia há três meses. "Eles querem ser parte da solução. Eles querem ajudar. Eles querem justiça. Eles querem que esse problema específico seja tratado de uma maneira muito melhor. Essa é a primeira coisa", acrescentou. As declarações foram dadas à ESPN americana.

"O boicote ao jogo surgiu para eles como uma forma de tentar novamente exigir um pouco mais de ação. E acho que é isso que eles realmente querem. Acho que há atenção suficiente e não há ação suficiente, e acho que é isso o que posso sentir nesta discussão", completou o treinador da franquia canadense.

Estadão
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