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Janeth fala sobre Hall da Fama: "Mostra como valeu a pena"

Um dos maiores nomes do basquete falou com o Terra sobre ser uma inspiração para as novas gerações e o Instituto Janeth Arcain

27 mar 2019 - 09h00
(atualizado às 13h27)
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Janeth se despede com muito choro durante a final do basquete na arena multiuso entre as equipes de Brasil e EUA, no Pan de 2007
Janeth se despede com muito choro durante a final do basquete na arena multiuso entre as equipes de Brasil e EUA, no Pan de 2007
Foto: Jonne Roriz / Estadão Conteúdo

A terça-feira (26) foi um dia corrido para Janeth Arcain. A ex-jogadora da seleção brasileira de basquete perdeu as contas de quantas entrevistas participou. Tudo por um bom motivo: ela foi selecionada para a classe de 2019 do Hall da Fama da Federação Internacional de Basquete (Fiba).

A honraria foi uma surpresa para Janeth, que deixou as quadras em 2007, após o Pan-Americano do Rio de Janeiro. "Eu não esperava ter esse reconhecimento da Fiba, apesar de que já vai fazer 12 anos que eu parei de jogar", afirmou, em entrevista ao Terra na sede do Instituto Janeth Arcain, em Santo André (SP).

Janeth entra no Hall da Fama: "Mostra como valeu a pena":

Não é difícil, no entanto, entender o motivo da homenagem. O currículo de Janeth fala por si só: Janeth foi campeã mundial pela seleção em 1994 e tem duas medalhas olímpicas (prata em Atlanta-1996 e bronze em Sydney-2000), ouro no Pan-Americano de Havana em 1991, além de pratas no Pan de Indianápolis-1987 e no Rio de Janeiro 20 anos depois.

E não é só isso: em 2014, ela já havia entrado no Hall da Fama do basquete norte-americano devido à sua carreira na WNBA, a liga feminina dos Estados Unidos. No hemisfério norte, ela foi parte do time tetracampeão do Houston Comets - e jogou todas as partidas durante sete temporadas. Depois dos quatro títulos, Janeth conquistou o prêmio de jogadora que mais evoluiu em 2001, com 18.5 pontos por jogo. "Isso mostra como valeu a pena. Eu faria tudo de novo. Foi tudo muito bom, intenso, mas feito com muito amor, muita dedicação e, é claro, muitas dores que os atletas sentem", falou, rindo.

Janeth, do Brasil, durante a partida amistosa da seleção brasileira de basquete feminino contra Cuba em 2004
Janeth, do Brasil, durante a partida amistosa da seleção brasileira de basquete feminino contra Cuba em 2004
Foto: Robson Fernandjes / Estadão Conteúdo

O Pan de Indianápolis, nos EUA, ainda traz uma lembrança boa além da medalha: assistir ao Brasil conquistar o ouro no masculino e tirar uma foto com o ídolo Oscar. Ele, por sinal, foi um dos que homenageou a entrada de Janeth no Hall da Fama com uma publicação nas redes sociais. "Ele me chamava de menina porque eu era uma meninona. Hoje é muito gostoso ver o que essas pessoas fizeram, e foi nisso que eu me espelhei também. Fiquei muito feliz porque ele postou uma foto nossa de 11 anos atrás, mas eu tenho uma ainda mais antiga", comentou.

Futuro

Sentada em frente a uma estante repleta de troféus, medalhas e memorabília dos tempos de atleta, no entanto, a atenção de Janeth se volta para as próximas gerações. A ex-jogadora é uma referência para o basquete brasileiro, que se reestrutura aos poucos com o crescimento da Liga de Basquete Feminino (LBF) - a temporada 2019 teve início no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Apesar de não falar em uma nova Janeth, a ex-jogadora cita Damiris Dantas como um exemplo que segue um caminho parecido.

"Eu brinco com ela que ela está na mesma trajetória que eu segui: seleção brasileira muito cedo, depois jogando fora do país. É uma atleta que conquistou vários títulos e está procurando cada vez mais se alicerçar no nível internacional. E está conseguindo", aponta. Damiris foi revelada no Centro de Formação Esportiva do Instituto Janeth Arcain, em Santo André. Em fevereiro, ela anunciou que defenderá o Minnesota Lynx na temporada 2019 da WNBA.

Janeth (9) durante partida entre Brasil e Cuba válido pelo torneio de basquete feminino dos Jogos Pan-americanos de 1991, realizados em Havana
Janeth (9) durante partida entre Brasil e Cuba válido pelo torneio de basquete feminino dos Jogos Pan-americanos de 1991, realizados em Havana
Foto: Sergio Berezovsky / Estadão Conteúdo

Instituto

O Instituto Janeth Arcain já atendeu mais de 15 mil jovens e afetou mais de 50 mil pessoas indiretamente em 17 anos de existência. Atualmente, a organização atende 700 crianças mensalmente, com um programa voltado para o ensino do esporte e o ensino pelo esporte. Além de aulas de basquete, as crianças e jovens de 7 a 17 anos participam dos projetos Educando, Planeta Amigo, Sorrir e Nutribem. Há cerca de um mês, o Instituto também passou a oferecer aulas de idiomas para os alunos - tudo de graça.

Mesmo sem ter pensado em realizar trabalhos sociais quando começou a jogar, a experiência da ex-jogadora nos Estados Unidos mostrou como o esporte pode agir como parte da formação pessoal. Mesmo que não sigam carreira no esporte, Janeth acredita que os valores da prática esportiva devem ser passados para a frente. "Quero dar a esse jovem a oportunidade que eu tive lá atrás, de quem sabe eles serem pessoas melhores no futuro. É nisso que eu acredito", concluiu.

Janeth se emociona ao receber a medalha de prata do Pan-Americano de 2007, no Rio de Janeiro
Janeth se emociona ao receber a medalha de prata do Pan-Americano de 2007, no Rio de Janeiro
Foto: Jonne Roriz / Estadão Conteúdo
Fonte: Redação Terra
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