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Guia F1 2023 – Aston Martin promete muito. Mas pode cumprir?

Com Fernando Alonso a bordo, equipe inglesa vai bem nos testes de pré-temporada e espera brigar nas cabeças. Será que já chegou o momento?

28 fev 2023 - 07h15
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Fernando Alonso pilota o AMR23 no shakedown
Fernando Alonso pilota o AMR23 no shakedown
Foto: Aston Martin / Twitter

Nome oficial: Aston Martin Aramco Cognizant F1 Team //  Carro: AMR23  //  Motor: Mercedes-AMG F1 M14  //  Pilotos: #14 Fernando Alonso e #18 Lance Stroll  //  Posição em 2021: 7º de 10

A equipe

Lawrence Stroll é um homem ambicioso. Ele já era o dono quando, ainda sob o nome Racing Point, a equipe teve seu melhor ano, em 2020. Pole, vitória e o 4º lugar entre os construtores. É bem verdade que o sucesso se deveu em grande parte à “inspiração” no carro da Mercedes, mas estava posta uma nova régua para o time. Era para ser dali para melhor.

Em 2021, com a mudança de nome para Aston Martin, as expectativas cresceram ainda mais. Foram iniciadas as obras de uma nova fábrica de alta tecnologia e chegou o tetracampeão Sebastian Vettel para a vaga de Sergio Perez. Apesar da esperança de brigar por coisas grandes, a magia de 2020 não se repetiu e o time se viu relegado à 7ª posição.

Com o regulamento novíssimo em 2022, a equipe trouxe uma perspectiva mais pé no chão, mesmo que ainda ambiciosa: o plano seria estar apta a brigar por títulos lá por 2025, quando a nova fábrica estivesse funcionando a pleno. Mike Krack, o novo chefe de equipe, chegou para tocar o projeto, que seria construído pouco a pouco, degrau a degrau.

O time terminou no mesmo 7º lugar do ano anterior, com menos pontos que antes e Vettel optou por se aposentar ao final da temporada. Nada desesperador que motivasse uma mudança de rota, no entanto. O projeto a médio/longo prazo segue. Para ocupar o lugar de estrela da companhia, chega outro piloto do mais alto gabarito, com quem ficará a responsabilidade de liderar a equipe. No outro carro, segue Lance Stroll com seu contrato de prazo indefinido.

O plano de brigar por títulos na metade da década segue. Mas, se der para antecipar, tanto melhor.

Lance Stroll, Mike Krack e Fernando Alonso
Lance Stroll, Mike Krack e Fernando Alonso
Foto: Aston Martin / Twitter

A dupla de pilotos

#14 Fernando Alonso: O highlander da Fórmula 1 chega para mais um desafio em sua longeva carreira. Aos 41 anos e com o status de piloto mais experiente da história da categoria, o bicampeão aceitou a proposta de deixar a hesitante Alpine para liderar o projeto audacioso de Lawrence Stroll. Uma escolha ousada, já que não havia nenhuma garantia de que a equipe inglesa terá um futuro melhor que a francesa.

Alonso chega para ser a referência técnica do time, assumindo o posto que já foi de Perez e de Vettel em outros tempos. Ele é quem deve colher os melhores resultados e extrair o máximo do AMR23, seja qual for o potencial do carro. Em tese, ele não deve ter dificuldades para superar Stroll. Sua briga tende a ser com outras equipes - se possível, com as grandes.

#18 Lance Stroll: é difícil descolar a marca de “filho do dono”. Lance entrou na F1 pela Williams graças ao apoio do pai, e corre pela equipe comandada pelo progenitor há quatro anos. Depois de seis temporadas completas na categoria, chega a ser injusto dizer que Stroll não tem qualidades ou que é um mero piloto pagante. São três pódios e uma pole, sempre em carros medianos. Se não são número fenomenais, também estão longe de fazer vergonha.

Mesmo com alguns méritos, seu patamar está longe daquele de Vettel ou, agora, de Alonso. O espanhol é um notório triturador de companheiros de equipe, seja em velocidade pura ou nos bastidores. Talvez a relação de Stroll dentro da equipe o previna da fritura psicológica, mas, na pista, será difícil para o jovem canadense.

(Sobre Stroll, cabe a ressalva de que ele não deve iniciar a temporada em razão de uma lesão por um acidente de bicicleta. O brasileiro Felipe Drugovich já assumiu o carro na pré-temporada e repetirá a dose caso o canadense ainda esteja fora de combate nas primeiras corridas do ano.)

Felipe Drugovich assume o posto de Lance Stroll nos testes do Barein
Felipe Drugovich assume o posto de Lance Stroll nos testes do Barein
Foto: Aston Martin / Twitter

O carro

Como em praticamente todas as equipes, AMR23 é uma evolução do carro de 2022. Em termos de pintura e patrocinadores, é difícil notar diferenças entre os carros em um olhar menos atento. Há uma presença maior do preto da fibra de carbono, como em diversos carros de 2023. De resto, se mantém o mesmo padrão.

Mas o chassi traz, sim, novidades. A porção central da traseira, onde fica alocada a unidade de potência, vem com uma carenagem bem estreita, lembrado os zeropods da Mercedes. Mas, ao contrário da equipe alemã, a lateral não “acaba” ali. Ela tem um formato único, mais larga e retilínea na parte externa, mas com “canais” que fazem as vezes de escorregadores de ar entre os sidepods e o motor. Solução interessante.

Drugovich nos testes do Barein: carro demonstra ter potencial
Drugovich nos testes do Barein: carro demonstra ter potencial
Foto: Aston Martin / Twitter

Expectativa para 2023

Depois de concluídos os testes de pré-temporada, a Aston Martin desponta como a equipe com expectativa mais alta para o campeonato. Nos primeiros dias de atividades, Fernando Alonso conseguiu encaixar voltas boas que colocaram a equipe na parte de cima da tabela. A situação ficou ainda melhor no último dia, quando o AMR23 demonstrou um ritmo de corrida muito forte. Nas palavras do próprio piloto espanhol, melhor que o da Ferrari, que foi outra equipe a se destacar nos testes.

A equipe perdeu algum tempo com problemas eletrônicos no carro de Drugovich logo nas primeiras horas de atividades. Em virtude disso, o time acabou sendo apenas o 8º em quilometragem, com 387 voltas. No entanto, o carro não apresentou problemas maiores de confiabilidade, e pôde concluir o programa previsto.

Pelo projeto externalizado no ano passado, a ideia da equipe é crescer pouco a pouco até ser uma competidora real no médio prazo. Se o AMR23 corresponder ao que tem sido dito nos bastidores da F1, 2023 pode ser um grande atalho da Aston Martin rumo a um futuro melhor antes do esperado.

Há quem acredite que o carro será capaz de fazer a equipe superar a Mercedes e fazer frente à Ferrari e até à Red Bull ao longo do ano. Otimismo demais? Provavelmente. Mas se consolidar como a melhor das médias seria algo factível e já bastante positivo para o time.

Com Alonso a bordo, um carro com o potencial especulado pode, possivelmente, aparecer no pódio algumas vezes. Mas que seria legal ver o espanhol brigando lá nas cabeças uma última vez, ah, seria...

Parabólica
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