Fórmula E: “Estamos aqui para vencer”: Müller aposta no ritmo da Porsche para retomar protagonismo
Piloto suíço fala ao Parabólica sobre expectativas, desenvolvimento simultâneo das duas gerações da Fórmula E e a parceria com Wehrlein
Em meio aos preparativos para a nova temporada da Fórmula E, a Porsche demonstra confiança em seu pacote técnico e na evolução do projeto Gen4, mesmo com a exigente tarefa de dividir esforços entre o desenvolvimento do carro atual e do futuro modelo. Em entrevista exclusiva, Nico Müller falou sobre expectativas, desafios e sobre como tem sido trabalhar ao lado de Pascal Wehrlein.
Questionado pela equipe do Parabólica sobre suas expectativas para o campeonato, o piloto afirmou que o foco não está em metas numéricas, mas na execução e no aproveitamento do potencial da equipe:
“Eu não coloquei expectativas de resultados no papel. Estou mais concentrado em mim, na equipe e na nossa capacidade de entregar o que sabemos fazer. Se executarmos bem, os resultados virão.”
Ele reconhece o peso da Porsche dentro da categoria e acredita que a temporada será uma das mais competitivas dos últimos anos.
“A Porsche é um dos equipamentos de topo, mas na Fórmula E nem tudo está nas suas mãos. Vai ser uma temporada muito forte, com um pelotão extremamente competitivo.”
Enquanto a temporada marca o último ano completo da geração atual (Gen3), o Gen4 já avança nos bastidores. Segundo o piloto, manter o equilíbrio entre competir no presente e desenvolver o futuro é uma tarefa constante nos fabricantes.
“É sempre um compromisso. O desenvolvimento do Gen4 exige energia e tempo, mas a Porsche é muito bem estruturada. Temos uma equipe de testes dedicada ao Gen4, o que permite que o time de corrida mantenha foco no campeonato.”
Além disso, o Parabólica questionou sobre o contato direto com o novo carro:
“Fiz muitos treinos no simulador e dei as primeiras voltas em Monteblanco, há três ou quatro semanas. Estou totalmente envolvido no desenvolvimento. É um desafio emocionante.”
Os testes de Valência, tradicionalmente mais estáveis do que a dinâmica das corridas de Fórmula E, mostraram uma Nissan forte. Ainda assim, o piloto destaca que os resultados não refletem necessariamente o que se verá nos ePrix:
“Valência é uma situação muito particular. Nos tempos absolutos, tudo estava extremamente apertado, os 14 ou 15 primeiros separados por três décimos. Nos fins de semana de corrida, tudo muda. É preciso ser adaptável rapidamente.”
Para ele, o teste apenas reforça a expectativa de uma temporada extremamente nivelada.
Sportscar
Com histórico conhecido em carros de GT3 e protótipos, o piloto não esconde que outra tentativa no endurance pode acontecer, mas não agora:
“Meu foco está completamente na Fórmula E. Não é segredo que eu gostaria de voltar aos carros de esporte um dia, mas ainda é cedo. Quero primeiro provar que posso lutar consistentemente na frente aqui.”
De rivais a parceiros: a evolução da relação com Pascal Wehrlein
Rivais no DTM em 2015 e novamente em 2018, os dois pilotos hoje trabalham lado a lado. A relação mudou completamente:
“No DTM éramos rivais e eu mal o conhecia fora da pista. Hoje passamos muito tempo juntos, no simulador, na preparação, nos eventos. Isso ajuda a colaborar melhor, entender prioridades e trabalhar como equipe.”
O piloto não esconde a admiração por Wehrlein:
“Ele é uma referência no paddock. Muito forte em análise de dados, muito detalhista. Acho que posso aprender muito com ele.”
Quando perguntado sobre uma possível disputal de titulos e se os dois haviam conversas sobre isso, Müller explicou que o respeito prevalecerá:
“Vamos cruzar essa ponte quando chegarmos lá. Trabalhamos com muito respeito e isso não vai mudar. Se chegarmos a essa situação de luxo, vamos garantir que a equipe maximize seus resultados.”
Com o desenvolvimento avançando e a competitividade cada vez mais acirrada, a Porsche entra na temporada com o objetivo de voltar ao topo em ambos os campeonatos, e com uma dupla de pilotos experiente para o desafio.