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Admirada por chineses, mesatenista japonesa simboliza conciliação de rivais

11 ago 2016 - 13h17
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Nascida no Japão, velho rival histórico e político da China, e representante do país nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, a mesatenista Ai Fukuhara, extremamente popular e querida pelos torcedores chineses, é um exemplo de como o esporte pode ser capaz de apagar fronteiras e unir os povos.

Assim ficou demonstrado ontem no torneio feminino individual dos Jogos do Rio, onde Ai, cabeça de chave número seis, disputou a semifinal contra a chinesa Li Xiaoxia, terceira favorita, e recebeu grande apoio dos torcedores chineses, que a chamam de "Boneca Japonesa".

Ai, que tem uma conta no Twitter para seus admiradores chineses, com 590 mil seguidores, perdeu com surpreendente facilidade na semifinal por 4 sets a 0, mas os torcedores do país rival deram apoio à japonesa em sua rede social.

"Quero chorar ao ver sua derrota e chorarei se você não conseguir o bronze", escreveu na conta de Ai um torcedor chinês, que depois teve de assistir à mesatenista ser derrotada na disputa do bronze.

"Vem e deixa que eu te abrace, não chore", tentava consolar a atleta outro torcedor da China, enquanto a rede de televisão estatal "CCTV" também não economizava elogios à mesatenista - algo pouco frequente para um atleta do rival Japão -, afirmando que ela tinha tido um desempenho "fabuloso" nos Jogos do Rio.

A jogadora de 27 anos é um dos poucos exemplos de irmandade entre os dois países, com vasto histórico de enfrentamentos por questões territoriais e políticas (o Japão invadiu o território chinês durante quase 15 anos em meados do século XX e cometeu graves crimes de guerra na época).

Alheia à rivalidade das duas potências, que nos últimos anos se traduziu em quase nulos contatos diplomáticos e na ausência de intercâmbios culturais, Ai é a perfeita embaixadora japonesa na China, país no qual treinou e joga desde que era criança.

A jogadora, que fala chinês fluentemene - com sotaque do norte - e costuma escrever neste idioma em seu Twitter, há anos é um símbolo de conciliação entre as nações rivais, inclusive nos momentos mais complicados.

Assim ocorreu, por exemplo em 2005, quando, no meio de uma onda de manifestações anti-japonesas na China por questões históricas, a jogadora, então com 18 anos, se reuniu com o embaixador chinês no Japão, Wang Yi (atualmente ministro das Relações Exteriores de seu país) para apoiar a "amizade sino-japonesa"

Três anos depois, quando Pequim sediou os Jogos Olímpicos, Ai foi uma das portadoras da tocha e foi a porta-bandeira do Japão no desfile inaugural. Nesse ano até jogou com o então presidente da China, Hu Jintao, quando este visitou o arquipélago japonês.

Em seu próprio país, Ai também é muito popular devido às pratas e bronzes internacionais que conquistou em um esporte onde o ouro está quase reservado de antemão para a rival China.

Ela é admirada, sobretudo, por sua incrível precocidade: treinando desde os três anos de idade, aos 11 já integrava o time nacional, algo quase inédito.

Em Atenas 2004, aos 15 anos, tornou-se a mesatenista mais jovem da história em uma edição de Jogos Olímpicos e, já em sua maturidade profissional, em Londres 2012, fez parte do trio que conseguiu a prata por equipes para o Japão, que nunca tinha conquistado medalhas olímpicas neste esporte.

Ai e suas companheiras voltarão a tentar essa proeza nesta sexta-feira (12) no Rio, quando o Japão, segundo cabeça de chave, enfrenta a Polônia, na primeira rodada.

Se os dois países asiáticos avançarem como previsto, poderiam voltar a se enfrentar pelo ouro, a exemplo do que aconteceu em Londres. Apesar da paixão pelo esporte e da animosidade entre os países, muitos chineses se verão dividios na torcida pelo país e pela "boneca japonesa".

EFE   
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