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´Hércules` turco tenta quarto ouro consecutivo
Domingo, 10 Setembro de 2000, 02h02

Sydney - Para muitos, ele é apenas um baixinho bastante forte, fazendo caretas para levantar peso. Para a Turquia, é um herói nacional. E para o movimento olímpico, um dos maiores atletas do século. No dia 19 de setembro, nos Jogos Olímpicos de Sydney, Naim Suleymanoglu estará tentando ganhar sua quarta medalha de ouro, em quatro Olimpíadas seguidas. Missão muito difícil, mesmo para ele, conhecido como o "Hércules de Bolso", um dos homens mais fortes do mundo.

Há três semanas, Suleymanoglu, que havia abandonado a carreira após a vitória em Barcelona, voltou a competir. Foi medalha de bronze no campeonato europeu, o que indica que não terá vida fácil em Sydney.

Vida dura Mas a vida nunca foi mesmo fácil para o tricampeão olímpico, que em sua vida amealhou uma impressionante coleção de 26 medalhas de ouro, duas de prata e três de bronze em Olimpíadas, campeonatos mundiais de juniores e adultos. Ele nasceu em janeiro de 1967, na pequena Puchar, uma cidade das montanhas, na Bulgária. Nessa região concentravam-se descendentes de turcos-islâmicos, como seu pai, de 1m52, um trabalhador das minas de zinco, e sua mãe, uma dona-de-casa de 1m41.

Deram a ele o nome de Naim Suleimanov e, desde pequeno - ou desde cedo, pois ele nunca passou de 1m50), mostrou-se muito forte, sendo logo notado pelos responsáveis pelo esporte na Bulgária.

Adolescente recordista Começou a competir e a fazer história. Em seu primeiro campeonato mundial juvenil, aos 14 anos, ficou a 2,5 quilos de bater o recorde mundial. De adultos, fique bem claro. O recorde veio no ano seguinte, o que o levou ao Guiness (livro dos recordes), como o mais jovem campeão mundial no esporte. Aos 16, tornou-se o segundo homem na história a levantar o triplo de seu peso.

Recompensa e perseguições Os resultados passaram a ser muito bem recompensados pelo regime comunista. Mas, ao mesmo tempo em que isso acontecia, as minorias turcas eram perseguidas. Uma das medidas impedia que se falasse turco - todos eram obrigados a se comunicar em búlgaro.

Em 1985, foi treinar em Melbourne, na Austrália. Búlgaros descendentes de turcos, como ele, pediram que desertasse. Não aceitou, mas prometeu mudar de idéia se o obrigassem a mudar seu nome islâmico. "Um homem que muda de nome está mudando de caráter também", disse.

O que previa, aconteceu. Seu passaporte foi confiscado e lhe pediram que optasse por um "nome turco". Tentou ganhar tempo, até que viu em um jornal búlgaro, uma falsa-entrevisa, em que anunciava que estava pronto para mudar de nome. Recebeu inúmeras cartas de "búlgaros-turcos" como ele que o acusavam de haver vendido a alma para o Diabo.

Herói instantâneo Em dezembro de 1986, Suleimanov, agora bicampeão mundial, voltou à Austrália, para competir. Foi com os colegas em um restaurante chinês e levantou-se da mesa para ir ao banheiro. Nunca mais voltou. Dirigiu-se ao consulado turco e pediu asilo político, imediatamente concedido.

Voou para a Turquia e, ao descer do avião, beijou o chão. Tornou-se instantaneamente um herói. Mudou seu nome para Suleymanoglu, nome "turco" com que compete até hoje A Federação Turca de Halterofilismo pagou US$ 1 milhão aos búlgaros e ele recebeu permissão para disputar as Olimpíadas de Seul, ficando livre da ausência forçada de três anos, obrigatória para atletas que mudam de nacionalidade.

Ganhou a medalha de ouro, com três recordes mundiais, conseguindo 152,5 quilos de arranque, 190 de arremesso e um total de 342,5 quilos.

Seu resultado foi 2,5 quilos melhor que o de Joachim Kunz, alemão que ganhou a medalha de ouro competindo uma categoria acima, a dos 67,5 quilos.

Todos por ele Decidiu abandonar a carreira, mas um milhão de pessoas esperava o seu regresso a Ancara. A Turquia não ganhava uma medalha de ouro havia 20 anos e sentiu-se realmente vencedora quando Suleymanoglu, na escada do avião, beijou a medalha e disse: "Essa não é a minha medalha. É a medalha da Turquia." E a Turquia ganhou outras duas medalhas de ouro, em 1992 e 1996, sempre graças à força de Suleymanoglu.

Ele, que foi impedido, por conta do boicote búlgaro, de competir em Los Angeles, diz que luta agora por sua quinta medalha de ouro. Com certeza, ganharia o ouro, pois o chinês Chen Weiqiang, o vencedor, conseguiu apenas um total de 282,5 quilos.

Por isso, Suleymanoglu diz que luta por sua quinta medalha de ouro e não a quarta. Ele não é mais o favorito. Depois de Atlanta, parou de treinar.

Outros atletas apareceram, mas nada disso assusta Suleymanoglu. "Pensei cuidadosamente em todos os aspectos antes de decidir retonar à Olimpíada. Eu me sinto forte para conseguir novos recordes e, se consegui três medalhas, porque não conseguiria a quarta?"

É bom não duvidar do Hércules de Bolso.

Jornal da Tarde


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