Taxas dos DIs avançam com cenário eleitoral e ata do Copom no foco
As taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) fecharam a terça-feira em alta ante os ajustes anteriores, enquanto o mercado avaliava o resultado de uma nova pesquisa eleitoral para a presidência, ao mesmo tempo em que digeria a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), publicada pela manhã.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,06%, em alta de 9 pontos-base ante o ajuste de 12,967% da sessão anterior. Na ponta longa da curva, a taxa para janeiro de 2035 marcava 13,48%, com elevação de 11 pontos-base ante o ajuste de 13,371%.
Uma pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta terça-feira mostrou o senador e filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro (PL), mais bem posicionado do que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ou demais candidatos do campo da direita para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno da eleição de 2026. Ainda assim, Lula aparece vitorioso em todos os cenários de segundo turno.
Segundo o levantamento, que teve sua divulgação adiantada após o vazamento de dados, Lula teria 41% das intenções de voto em um cenário de primeiro turno, seguido de Flávio Bolsonaro, com 23%, e Tarcísio, com 10%. Nos cenários de segundo turno, Lula teria 46% dos votos contra 36% de Flávio Bolsonaro. Na última vez que o senador apareceu na pesquisa, em agosto, quando sua pré-candidatura ainda não havia sido anunciada, Lula detinha 48%, enquanto Flávio registrava 32%.
"O ponto principal é que Flávio estava melhor que o Tarcísio na pesquisa. A candidatura ganha força", disse o economista-chefe do Banco BMG, Flávio Serrano. O atual governador de São Paulo era apontado como o favorito do mercado na disputa presidencial.
A pesquisa saiu horas após a divulgação da ata da última reunião de política monetária do Copom, na qual o Banco Central reconheceu melhorias na conjuntura, mas não o suficiente para se iniciar uma discussão sobre o início do ciclo de corte de juros.
"O Comitê avalia que a condução cautelosa da política monetária tem contribuído para se observar ganhos desinflacionários e, mais uma vez, reafirma o firme compromisso com o mandato do Banco Central de levar a inflação à meta", disse o BC no documento.
O BC melhorou o tom de sua avaliação em relação ao encontro de novembro a respeito do cenário econômico doméstico, apontando que vê uma diminuição da inflação corrente, e não apenas "certa diminuição".
A ata ainda mencionou "a redução" nas expectativas de mercado para os preços, deixando de falar em "alguma redução", embora tenha destacado que essas previsões ainda estão acima da meta de 3%.
Outro ponto de destaque foi que o BC retirou a menção feita em novembro de que "a desancoragem das expectativas de inflação é um fator de desconforto comum a todos os membros do Comitê e deve ser combatida", mas manteve o trecho que avalia que ambientes com expectativas desancoradas elevam o custo da desinflação.
"A percepção geral foi de um tom um pouco mais hawkish. Continua na mesa a aposta de corte de 0,25 ponto percentual em janeiro, mas a gente [do BMG] acha mais provável em março", disse Serrano. Atualmente, 60% do mercado aposta em um corte de 25 pontos-base no encontro de janeiro, segundo o profissional do BMG.
Já a XP também manteve seu cenário de início do ciclo de cortes de juros em março, com previsão de seis cortes consecutivos de 50 pontos-base, com a Selic encerrando 2026 em 12,00%.
"O Comitê não parece inclinado a reduzir a taxa Selic em janeiro, apesar da recente melhora nas perspectivas para a inflação", disse Caio Megale, economista-chefe da XP.
As atenções do mercado doméstico agora se voltam para a divulgação do Relatório de Política Monetária do BC, que sai na quinta-feira, com entrevista coletiva do presidente do BC, Gabriel Galípolo, na sequência.
No exterior, o foco foi o relatório de empregos, que mostrou que o desemprego aumentou no mês passado. Às 16h43, o rendimento do Treasury de dois anos -- que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- tinha queda a 3,483%. Já o retorno do papel de dez anos --referência global para decisões de investimento -- caía 3 pontos-base, a 4,153%.