Senadores tentam interceder por Brasil nos EUA em semana crucial do tarifaço de Trump
Presidente norte-americano disse que não haverá mais um adiamento para a entrada em vigor das novas taxas, previstas para 1º de agosto
ENVIADA ESPECIAL A WASHINGTON - Na semana decisiva do tarifaço do presidente Donald Trump, senadores brasileiros têm reuniões com representantes do setor privado em Washington, nos Estados Unidos, para tentar impedir que o Brasil lidere a lista dos países mais afetados pela nova política comercial americana. Depois de chegar a um consenso para taxar em 15% a Europa, o acordo mais importante e esperado de um lado a outro do Atlântico, o republicano disse que não haverá mais um adiamento para a entrada em vigor das novas taxas, previstas para 1º de agosto.
O presidente Trump afirmou no último domingo, 27, que não deve adiar o início das tarifas prometidas para 1º de agosto a parceiros comerciais, o que inclui o Brasil. O mercado chegou a cogitar a possibilidade de novos adiamentos. Aliás, esse foi o motivo do apelido 'TACO Trump', sigla que vem do 'Trump Always Chickens Out' ou 'Trump Sempre Amarela', e que vem sendo utilizada por operadores em Wall Street para verbalizar o vaivém do americano nas tarifas.
"Reiteramos que a soberania do Brasil e o estado democrático de direito são inegociáveis. No entanto, o governo brasileiro continua e seguirá aberto ao debate das questões comerciais, em uma postura que já é clara também para o governo norte-americano", afirmou o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em nota, publicada na noite de domingo.
Mas, na prática, ainda nenhum avanço foi alcançado para evitar o tarifaço ao Brasil a partir de agosto. Ao contrário, nos bastidores, há o temor de que Trump adote mais sanções contra o Brasil no campo diplomático ou financeiro.
"Trump vai fazer o que ele quiser. Ele vê o Brasil como um alvo fácil porque o País representa apenas cerca de 1% das importações dos EUA, e assim o efeito da inflação provavelmente existe, mas é pequeno", avalia o vice-presidente executivo da Americas Society e do Conselho das Américas (AS/COA), Brian Winter, em entrevista ao Broadcast.
A taxação ao Brasil também foi criticada nos EUA. As importadoras de suco de laranja Johanna Foods e Johanna Beverage Company entraram na Justiça americana contra a medida, alegando que custos adicionais de US$ 68 milhões nos próximos 12 meses, o que elevaria entre 20% e 25% o preço que os consumidores pagam pela bebida, além de inconstitucionalidade das tarifas.
Além disso, senadores americanos enviaram uma carta ao presidente Trump, na qual o acusam de "claro abuso de poder" na taxação ao Brasil, e afirmam que interferir no sistema jurídico de uma nação soberana cria um "precedente perigoso" e provoca uma "guerra comercial desnecessária".