Cade aprova formação de maior rede de petshops do Brasil
A compra da Cobasi pela Petz, que formará a maior rede de lojas de produtos e serviços para animais de estimação do Brasil e uma das maiores da América Latina, foi aprovada nesta quarta-feira pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), condicionando o negócio ao cumprimento de condicionantes que incluem venda de algumas lojas.
A Petz afirmou em fato relevante ao mercado após a aprovação do negócio anunciado no ano passado que o Acordo em Controle de Concentração (ACC) acertado com a autoridade de defesa da concorrência envolve a venda de 26 lojas no estado de São Paulo. Segundo a empresa, essas lojas representaram 3,3% do faturamento da companhia combinada nos últimos 12 meses.
"Se vai dar certo ou não é o que vamos medir e monitorar", disse o presidente do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, sobre o ACC antes de proclamar a decisão que liberou a criação de um grupo que tem hoje mais de 480 lojas no Brasil em cerca de 20 estados.
A rival Petlove defendia que a criação de uma empresa "30 vezes maior que o terceiro colocado" no setor "compromete o mercado" de produtos para animais de estimação.
A Petlove, que tem atuação concentrada no mercado online, mas tem lojas físicas nas regiões Sudeste e Sul, fez petição na véspera ao Cade afirmando que uma proposta de venda "de até 28 lojas" seria um remédio "claramente inefetivo" e um "grave prejuízo à concorrência e ao consumidor".
Mas na avaliação do presidente do Cade, o que dá conforto na aprovação do negócio é "a terceira interessada (Petlove) dizer que quer comprar (as lojas a serem vendidas) e há pelo menos mais uma empresa que manifestou interesse inicial" nelas.
"Tem ainda um pacote comportamental duro, são remédios que se destacam", disse o presidente do Cade, sem dar detalhes.
A Petz afirmou no fato relevante que além da venda das 26 lojas, o ACC prevê "compromissos comportamentais", mas também não deu detalhes.
Para a conselheira Camila Cabral Pires Alves o caso foi o mais difícil para avaliação pelo Cade nos últimos dois anos e também o mais difícil no varejo já trabalhado pela autarquia.
Segundo Alves, mesmo com os remédios aprovados, "vamos continuar tendo uma quantidade relevante de mercados com problemas".
Por sua vez, o conselheiro Carlos Jacques Vieira Gomes cobrou que o acordo acertado pelas empresas com o Cade tenha regras claras e isonômicas para a venda das lojas "caso apareça mais de um comprador".
O relator do caso, conselheiro José Levi Mello do Amaral afirmou em seu voto que o ACC acertado "parece bom, porque garante uma situação concorrencial melhor" que a atual.
Às 13h30, as ações da Petz exibiam alta de 2,4% antes de terem negociação suspensa pela B3 por conta da iminência da divulgação do fato relevante da companhia sobre a decisão do Cade. No mesmo horário, o Ibovespa mostrava oscilação positiva de 0,1%.