'Pirâmide de avestruz': como foi golpe em que pai de Paulo Vieira caiu e levou R$ 1 bi dos brasileiros
Milhares de investidores perderam milhões de reais aplicados pela companhia
O pai do ator Paulo Vieira, Luisão, e mais de 50 mil pessoas de todo o País, e até do exterior, perderam, juntos, R$ 1 bilhão no início deste século em um esquema de pirâmide financeira com filhotes de avestruz. O golpe, aplicado pela Avestruz Master e descoberto em 2005, foi adaptado e contado em forma de comédia pela série baseada em fatos reais Pablo e Luisão, da TV Globo.
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"Pirâmide de Avestruz. Só Pablo e Luisão são capazes de cair num golpe tão com cara de golpe igual a esse", escreveu Paulo Vieira em comentário nas redes sociais de uma cena em que mostrava os bastidores da gravação da série disponível na Globloplay.
Com mais de 40 fazendas espalhadas pelo Brasil à época e grande atuação no mercado de capitais, a Avestruz Master prometia lucros altos e rápidos por meio da criação e venda de avestruzes. Muitos acabaram depositando suas economias em busca de altos rendimentos a curto prazo.
O esquema funcionava assim: as pessoas compravam “cotas” de aves e recebiam a promessa de retorno garantido com a revenda futura desses animais. No entanto, os lucros pagos vinham do dinheiro de novos investidores, não da atividade real com os avestruzes.
No esquema, a companhia vendia e criava as aves, comprava os ovos e garantia a recompra delas por meio de títulos. O retorno prometido era na faixa de 11% ao mês. Ao aplicarem, os investidores recebiam cédulas de crédito rural ou contrato de investimento que simulava a venda dos avestruzes.
Descoberta
Em 2005, foram descobertas várias irregularidades no negócio. O Ministério Público Federal apurou que a empresa tinha irregularidades como emissão de títulos de investimento fraudulentos e venda de aves além do número existente. Para o MP, o negócio era uma espécie de “pirâmide financeira”, que oferecia retorno apenas enquanto eram recrutados novos investidores.
Em 2006, as empresas do grupo foram fechadas após denúncia de procuradores da República com atuação na área criminal em Goiás por crimes cometidos contra o sistema financeiro, contra a economia popular e contra as relações de consumo. Em janeiro de 2010, os réus foram condenados à prisão.
Presos
Três ex-diretores foram denunciados em março de 2006 pelo MPF e condenados, em primeira instância, a 12 e 13 anos de prisão, além de serem obrigados a indenizar os investidores em R$ 100 milhões.
Em 2013, após recursos da defesa dos réus, foi retirada do processo a obrigação de ressarcimento financeiro aos lesados no esquema e milhares de pessoas ficaram sem receber o dinheiro aplicado.
Em 2019, já cumprindo pena em regime semiaberto, a Justiça Federal determinou as seguintes penas:
- Jerson Maciel da Silva Júnior - 6 anos de prisão e 120 dias-multa;
- Patrícia Áurea da Silva Maciel - 6 anos de prisão e 120 dias-multa;
- Emerson Ramos Correa - 5 anos de prisão e 36 dias-multa;
Os dois primeiros condenados são filhos de Jerson Maciel da Silva, presidente da empresa, que morreu em 2008, vítima de um câncer no fígado. Já Emerson Ramos Correa era marido de Patrícia.
O Terra tentou localizar a defesa dos ex-diretores presos, mas não foram encontrados. O espaço segue aberto para manifestação.