Pátria compra R$ 2,5 bi em fundos imobiliários da Genial Investimentos e entra na área de shoppings
Aquisição se dá em momento de dificuldade para captação de recursos na Bolsa em razão dos juros elevados
A gestora Pátria Investimentos anunciou nesta quinta-feira, 22, a compra de seis fundos imobiliários da Genial Investimentos. Com a operação, o Pátria adiciona R$ 2,5 bilhões de ativos sob gestão em sua carteira imobiliária, que atinge R$ 26 bilhões. A transação será submetida à análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e também passará por assembleias de cotistas. O valor da compra não foi revelado.
A operação abrange a aquisição dos fundos MALL11 (shoppings), BPFF11 (FoF), PLCR11 (CRIs), SPTW11 (escritórios), GLOG11 (logística) e PLCA11 (CRAs).
De acordo com o sócio e líder da área de imóveis do Pátria, Rodrigo Abudd, a aquisição foi uma oportunidade que surgiu devido à taxa de juros elevada, que tem impedido a captação de recursos em novas emissões na bolsa de valores.
"Se o mercado tivesse ótimo e a gente tivesse com uma taxa de juros a 2%, como foi durante a pandemia, se eu ligasse para a Genial e falasse, quer vender o business de real estate? Iam falar: 'Não, muito obrigado. Vou fazer uma captação agora de R$ 1 bilhão'", diz Abudd.
O executivo conta que a aquisição estava alinhada a objetivos estratégicos da empresa, como entrar no segmento de shopping center e ampliar o portfólio de fundos de papel (crédito).
Em shoppings, mesmo com o juro elevado que tende a inibir o consumo, o setor tem melhorado desde a pandemia, mas ainda tem espaço para melhorar os indicadores a partir do início da curva de queda da Selic.
Segundo a Abrasce, o faturamento do setor em 2024 foi recorde, chegando a R$ 198,4 bilhões. O número é 1,9% maior do que o de 2023, que foi de R$ 194,7 bilhões. A associação estima que o faturamento de 2025 seja ainda maior, atingindo R$ 201 bilhões.
Em número de visitantes, apesar de estar em uma crescente, ainda não houve recuperação em relação ao período pré-pandemia. Em 2019, foram 505 milhões de visitantes, contra 476 milhões em 2024.
Crédito imobiliário
Na área de fundos de papel, que agrupam dívidas em grande parte de Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRIs), o Pátria almeja elevar sua participação com a transação e não desconsidera outras para ampliar essa frente.
"A nossa estratégia de crescimento do setor de papel está muito em linha com o equacionamento do funding (financiamento de construtoras) do setor. Principalmente com a diminuição dos recursos, seja da poupança, seja do FGTS", afirma Abudd.
Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), nos últimos anos, o financiamento para construção vindo do mercado de capitais passou de 30% para 40% na representatividade na composição do crédito (o restante vem da poupança e do FGTS). Os principais produtos de investimentos são LCIs, CRIs e LIGs.
Recentemente, o Pátria também anunciou um aporte de US$ 1 bilhão para voltar ao segmento de data centers, após a venda da Odata, em 2022, pouco antes do lançamento do ChatGPT.
