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Operações Empresariais

Brasil vive mau momento para investir em dólares

Investidores voltaram a buscar títulos americanos, provocando saída de capitais e consequente alta da moeda americana

4 jul 2013 - 07h11
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Em junho, investidores retiraram R$ 5 bilhões do País
Em junho, investidores retiraram R$ 5 bilhões do País
Foto: Shutterstock

O anúncio do Banco Central Americano (FED) sobre a retirada de estímulos à economia americana até o final deste ano recolocou os Estados Unidos no topo da preferência dos investidores internacionais. Gradativamente, eles redirecionam o dinheiro aplicado em outros países, como o Brasil, para a América. “O Brasil está sofrendo com a fuga de capital. Em junho, saíram quase R$ 5 bilhões”, explica o gerente de análise em investimentos da XP Investimentos Caio Sasaki.

Os reflexos no real foram imediatos. Se a cotação já estava alta, os picos chegaram a R$ 2,27. Agora, os brasileiros que costumam negociar com a moeda estão atentos: o dólar segue acima dos R$ 2,20.

E por que a economia americana é mais atrativa hoje? Comprando ativos, o FED vinha jogando dinheiro no mercado, o que aumenta a quantidade de dólares na economia global. Com a retirada da ajuda monetária, o volume em circulação cai, e isso aumenta o custo da moeda em todo o mundo. “A situação está indefinida, porque as declarações do FED enfraquecem as demais moedas”, explica o professor do Instituto da Economia da Unicamp Pedro Rossi.

Ao sul do Equador, outros fatores contribuem para a volatilidade do dólar. O aumento do Risco Brasil por causa do avanço da inflação e a repercussão internacional das manifestações populares fazem com que investidores externos olhem o País com mais resguardo, abrindo precedentes para dúvidas quanto ao futuro destes investimentos.

Como a taxa de câmbio é imprevisível e depende até de fatores emocionais do mercado financeiro, para quem está pensando em investir em dólar o momento é de muita calma e análise. Sasaki acredita que a moeda americana deva cair, porém a percepção de investidores é de que não baixe de R$ 2,15, e os comentários no mercado são de que a moeda poderia chegar até R$ 2,40. “Se fosse para escolher alguma operação hoje, seria a de compra, porque a entrada do capital estrangeiro levaria o real para baixo”, diz.

Pedro Rossi vê o cenário com mais cautela. O mercado se movimentou em direção à desvalorização, mas é preciso confirmar este cenário. “Todo o tipo de conselho dessa natureza é arriscado. Eu faria um prognóstico do cenário mais provável. Penso que quem tem de comprar dólar, deva fazer de forma que vá diversificar o risco. Ainda não está claro o cenário cambial. Até a valorização do real não é impossível, por isso não é hora de investir em dólar”, afirma.

Desde a crise de 2008, a resposta da política econômica dos países centrais foi de aumentar a liquidez monetária. Rossi comenta que o Japão e a Europa vêm injetando muito dinheiro nos mercados locais. “Isso é dinheiro querendo se valorizar. E o sistema monetário ainda está em crise. Toda esta incerteza gera essa volatilidade”, diz.

Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra Cartola - Agência de Conteúdo - Especial para o Terra
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