Script = https://s1.trrsf.com/update-1764790511/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Luiza Trajano: 'O que salva a economia é o emprego'

Presidente do conselho de administração do Magazine Luiza esteve em Belém para entregar carta ao ministro Edson Fachin sobre necessidade de mulheres estarem no centro das decisões e soluções da crise climática

15 nov 2025 - 14h57
Compartilhar
Exibir comentários

ENVIADA ESPECIAL A BELÉM - Presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano nunca cansa de criticar o juro alto no Brasil. "Continuo reclamando (da taxa de juros brasileira)", disse ela ao Estadão. Para a empresária, com a Selic (o juro básico do País) a 15%, o que tem permitido a economia brasileira continuar crescendo é o nível de emprego. No terceiro trimestre deste ano, o Brasil registrou uma taxa de desemprego de 5,6%, a menor da história.

"Em um País em desenvolvimento, o que salva a economia é renda e crédito. A renda vem do emprego. O crédito poderia estar melhor, dar mais oportunidades", afirmou. "Quem mais sofre é a pequena e micro empresa. Eu já fui pequena, com um juro de 15%, os bancos trancam o crédito e você fica sem capital de giro. Então, continuo achando que não precisava (um juro dessa magnitude) e que a inflação está sob controle."

Luiza Trajano esteve em Belém para eventos paralelos à COP-30. Ela entregou uma carta ao ministro Edson Fachin, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), em que destaca a urgência de que mulheres estejam no centro das decisões e soluções sobre a crise climática. O documento foi elaborado pelo grupo Mulheres do Brasil, que trabalha por igualdade de oportunidades entre gêneros e raças e que é liderado pela empresária.

Entre os diversos pontos do documento estão o pedido de demarcação e titulação de terras indígenas, propostas para fomentar o empreendedorismo verde - apoiando negócios sustentáveis liderados por mulheres na bioeconomia - e a solicitação da inclusão de saúde sexual e materna nos planos de adaptação climática.

Confira, a seguir, trechos da entrevista:

A carta fala da necessidade de garantir a mulheres de grupos minorizados, vulneráveis, acesso a fundos climáticos. Qual análise a sra. faz da situação dessas mulheres no País hoje?

Eu penso na nossa empresa. Lá, já melhoramos muito. A situação da mulher também melhorou. Hoje a luta não é mais para ela ser vista. É para que tenha 50% de mulheres em altos cargos em geral. Agora, tem muitos grupos que a gente precisa estar atenta, como no caso das indígenas, no de mulheres de nível social muito baixo. Para esses grupos, é que a gente está pedindo. Essas mulheres são muito capazes, o que falta é oportunidade.

Magalu foi a primeira empresa no País a criar um trainee para pessoas negras. Vivemos um momento de ataque a medidas ESG. A sra. vê um retrocesso nessa agenda no mundo corporativo?

Algumas empresas, no começo, principalmente as americanas, podem ter dado um breque. Mas agora estou vendo elas continuarem normais, focando em diversidade, até porque, pelo menos no Brasil, o consumidor final está exigindo isso. O consumidor exige isso às vezes sem ter consciência. Se uma loja trata mal uma senhora idosa, pode ter cinco vendedores ali. No fim do dia, todo mundo está sabendo o que aconteceu. Se não tiver um manifesto lá, tem um manifesto nas redes sociais. Quando é a população que pede, independente de a empresa ter propósito ou não, a gente (o ESG) continua. O Magazine continua naturalmente. Eu sinto que, no primeiro momento, houve uma pausada, mas hoje eu encontro colegas de empresa para debater temas que eu vivia debatendo antes. Talvez hoje seja até mais do que antes.

O que a sra. percebe de diferença na empresa desde que vocês adotaram o programa de trainee para negros?

Sempre achei que O Magazine Luiza era uma empresa que tinha negros. Só que, depois que a gente fez o treinamento, vejo que mudou a cor da empresa. Parece que você diz assim: 'Aqui vocês são aceitos'. Mesmo que você pense isso, é algo que precisa ser dito. Tem que ter uma atitude. E a diversidade ajuda muito na inovação.

Sobre Magalu, acha que a empresa acertou agora na estratégia de dar uma segurada no on-line, não competir mais com MercadoLivre…

Nós nunca competimos. Estou falando de não perder margem. Não é uma política de agora. A gente nunca sacrificou margem (para crescer). O que acontece é que o mercado está ainda mais competitivo. Mas está mais competitivo para meus concorrentes também. A gente já lidou com isso demais. Mas a gente não entra na onda da margem, até porque a gente acredita que margem é também a sobrevivência de uma empresa que não tem capital de fora para colocar dinheiro toda hora. Mas a gente continua vendendo muito através da loja física, por WhatsApps, pelo digital.

A sra. sempre reclama do juro alto. Tirando isso, qual sua avaliação da economia brasileira?

Continuo reclamando. O que está salvando a economia é o pleno emprego. Em um País em desenvolvimento, o que salva a economia é renda e crédito. A renda vem do emprego. O crédito poderia estar melhor, dar mais oportunidades. Agora, o que mais sofre é a pequena e micro empresa. Eu já fui pequena, com um juro de 15%, os bancos trancam o crédito e você fica sem capital de giro. Então, continuo achando que não precisava (um juro dessa magnitude) e que a inflação está sob controle. Acho que o PIB pode crescer mais. A gente deixa muita pessoa para trás (com o juro elevado). Tem países que gastam mais do que o Brasil e que não tem um dos juros mais altos do mundo.

Estadão
Compartilhar
TAGS
Publicidade

Conheça nossos produtos

Seu Terra












Publicidade