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Galeão deve receber mais de 60 mi de passageiros/ano até 2038

Consórcio que arrematou operação do terminal diz que estimativa do governo deve ser superada

22 nov 2013 - 17h56
(atualizado às 18h09)
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Os consórcios que arremataram nesta sexta-feira os aeroportos do Galeão e de Confins esperam ter retorno do investimento aumentando a receita comercial e o número de passageiros. Segundo Paulo Cesena, presidente da Odebrecht TransPort, empresa que comanda o consórcio que arrematou o Galeão, uma das vantagens do aeroporto é a localização, que possibilita expansão das operações. "Há possibilidade de trazer hoje passageiros na casa dos 18 milhões por ano. O próprio governo está projetando até 60 milhões (até 2038) e nós acreditamos que podemos ir muito além disso, na medida que temos um espaço enorme de crescimento de terminais, a construção de uma nova pista independente", disse em entrevista na Bolsa de Valores de São Paulo, onde aconteceu o leilão.

Além do aumento da lucratividade com o número de passageiros, Cesena destacou a importância das atividades comerciais que, na sua avaliação, deverão crescer substancialmente no terminal, a exemplo do que o parceiro desenvolve em Cigapura. "Toda a ideia por trás dos aeroportos que nós fazemos é proporcionar uma experiência mais positiva, relaxante e amigável possível", afirmou o presidente da Changi Aeroports, Lim Song, sobre como o aeroporto deverá ganhar acessórios que não estão diretamente ligados ao transporte aéreo.

Confins

O diretor de novos negócios do grupo CCR, Leonardo Viana, que participa do consórcio que vai operar Confins, explicou que o grupo brasileiro também deverá se aproveitar da experiência dos parceiros alemães e suíços, que administram os terminais de Munique e Zurique, respectivamente, para obter ganhos adicionais no aeroporto mineiro. "A gente vê pelos nossos parceiros operadores que os aeroportos hoje são grandes shoppings, onde você tem muitas oportunidades de gerar receitas comerciais".

Viana acrescentou que o consórcio também pretende disputar espaço com o Galeão e com Guarulhos (SP) como rota para voos internacionais. "Os mineiros não irão mais viajar pelo Rio e por São Paulo", brincou sobre como serão aplicados parte dos R$ 3 bilhões de investimentos previstos para o terminal, que deverá ter uma nova pista até 2020. Além do transporte de passageiros, Confins também deverá ampliar as atividades com cargas.

O terminal do Galeão deverá agora ser administrado pela operadora comandada pelo grupo brasileiro Odebrecht em parceria com a Changi Aeroports, de Cingapura. Enquanto em Confins, a AeroBrasil ofereceu um ágio de 66,05% sobre o valor mínimo, fechando com R$ 1,82 bilhão.

O presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Marcelo Guaranys, aproveitou a colocação de Viana para destacar como a concessão dos aeroportos para grupos diferentes tende a beneficiar os consumidores. "Acabamos de ver um dos exemplos do que a gente quer: concorrência nos aeroportos, mesmo depois do leilão. Temos agora seis grandes operadoras de aeroportos no Brasil concorrendo para atrair negócios para os seus aeroportos".

Foto: Terra
Entenda

O Consórcio Aeroportos do Futuro, da Corretora Santander, ganhou o leilão do aeroporto do Antônio Carlos Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira com uma proposta de R$ 19,018 bilhões, alta de 293% sobre a previsão inicial. O lance mínimo para esse aeroporto era de R$ 4,82 bilhões e a estimativa de investimentos estava prevista em R$ 5,7 bilhões.

O Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, MG, foi arrematado pelo Consórcio AeroBrasil (Corretora Codepe) pelo valor de R$ 1,82 bilhão. O lance mínimo para o aeroporto mineiro era de R$ 1,09 bilhão, um ágio de 66%.

O leilão foi realizado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na manhã desta sexta-feira e vai garantir a arrecadação de R$ 20,838 bilhões. O valor total dos dois aeroportos teve ágio de 251,74% sobre o valor mínimo fixado pelo governo.

O Consórcio Aeroportos do Futuro, da Corretora Santander, é composto pela construtora Odebrech, com 60% de participação, e pelo operador Excelente B.V., com participação de 40%. O consórcio AeroBrasil, de Confins, é formado pela Companhia de Participações em Concessões CPC (75%), Zurich Airport International AG (24%) e Munich Airport International Beteiligungs GMBH (1%). A assinatura dos contratos está prevista para 17 de março.

Leilão

Na primeira etapa, quando foram lidas as propostas entregues anteriormente, foi apresentada a proposta entregue pelo consórcio Aliança Atlântica Aeroportos (HSBC) para o aeroporto do Galeão no valor de R$ 6,566 bilhões. A segunda proposta foi feita pelo Consórcio Sócrates (corretora Bradesco), também para o aeroporto carioca, no valor de R$ 14,5 bilhões. A terceira foi feita pelo Consórcio Aeroportos do Futuro, da Corretora Santander, no valor de R$ 19,018 bilhões. A quarta foi feita pela corretora Itaú para o consórcio Novo Aeroporto Galeão (no valor de R$ 13,11bilhões e a quinta foi do Consórcio Aero Brasil (Corretora Codepe) no valor de R$ 10,35 bilhões.

Ainda nessa fase, a primeira proposta pelo aeroporto mineiro foi feita pelo Consórcio Aero Brasil, da Corretora Codepe, no valor de R$ 1,4 bilhão. A segunda foi feita pela Aliança Atlântica Aeroportos (corretora HSBC) no valor de R$ 1.096.372.001. A terceira foi do Consórcio Aeroportos do Futuro (corretora Santander) no valor de R$ 1,335 bilhões.

Após a leitura das propostas, foi definido a ocorrência de uma segunda etapa, o leilão viva-voz, no qual os interessados poderiam ampliar suas propostas. Os novos lances deveriam ter o acréscimo mínino ao valor das propostas de R$ 500 milhões para o Galeão e de R$ 100 milhões para Confins.

Na segunda fase, não foi feita nenhuma nova proposta para o aeroporto carioca. No entanto, a disputa pelo aeroporto de Confins ficou acirrada. O Consórcio Aliança Atlântica Aeroportos (Corretora HSBC) ofereceu R$ 1,5 bilhão e chegou a lidera a disputa, mas o Consórcio AeroBrasil (Corretora Codepe) fez nova proposta de R$ 1,6 bilhão e voltou a ficar na frente. A corretora HSBC ofereceu R$ 1,7 bilhão e a Consórcio AeroBrasil, deu lance de R$ 1,72 bilhão. Na sequencia, a corretora HSBC fez uma nova proposta no valor de R$ 1,8 bilhão. Pela terceira vez a Corretora Codepe cobriu o lance e arrematou o aeroporto por R$ 1,82 bilhão.

Movimentação

Juntos, os dois aeroportos movimentam 14% do total de passageiros do País, 10% da carga, e 12% das aeronaves do tráfego aéreo brasileiro. Tanto o Galeão quanto o aeroporto de Confins terão fiscalização e gerenciamento da Anac, assim como os aeroportos de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, concedido em agosto de 2011; o de Guarulhos e o de Viracopos, em São Paulo; além do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, que foram leiloados em fevereiro do ano passado.

Melhorias

No aeroporto do Galeão, o vencedor do leilão será obrigado a fazer uma série de obras como construção de 26 pontes de embarque até 30 de abril de 2016, construção de estacionamento com capacidade mínima para 1.850 veículos (fim de 2015), adequação das instalações para armazenamento de carga (para os jogos olímpicos de 2016), ampliação do pátio de aeronaves até 30 de abril de 2016 e construção de sistema de pistas independentes até atingir o gatilho de 262.900 movimentos por ano.

No aeroporto de Confins, o vencedor será obrigado a construir um novo terminal de passageiros com, no mínimo, 14 pontes de embarque até 30 de abril de 2016, ampliar o pátio de aeronaves até a mesma data e construir uma segunda pista independente até 2020 ou um gatilho capaz de fazer 198 mil movimentos por ano.

Transição

Após a homologação do resultado do leilão pela Anac, haverá um período de transição de 120 dias no qual a Infraero continuará a administrar o aeroporto, acompanhada pela concessionária. Após esse período, a concessionária administrará o aeroporto em conjunto com a Infraero por mais três meses (prorrogável por mais três meses). Depois dessa fase, a concessionária assume a totalidade das operações do aeroporto.

Tarifas

As atuais tarifas de embarque doméstico pagas pelos usuários nos aeroportos de Galeão e Confins serão mantidas em R$ 21,57 até a transferência das operações para a concessionária. Após esse período, os valores teto para as tarifas passaram para R$ 21,13 (embarque doméstico) e R$ 7,16 (tarifa de conexão). Os valores futuros ainda serão determinados.

Com informações da Agência Brasil e da Reuters

Agência Brasil Agência Brasil
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