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Fique esperto: investidores preferem quem leva ESG a sério

Pesquisa mostra que 90% dos entrevistados analisam o desempenho em ESG ao elaborarem seu investimento.

27 mar 2022 - 02h00
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Foto: Adobe Stock

Embora a agenda ESG (ambiental, social e governança) já estivesse na pauta de muitas empresas, a pandemia de Covid-19 colocou o tema no centro das decisões de investidores, de acordo com a EY Global Institutional Investor Survey.

Realizada em 2021 com 324 líderes sêniores de investimentos em todo o mundo, a pesquisa mostra que 90% dos entrevistados dão mais importância ao desempenho ESG quando se trata de suas estratégias de investimento e tomadas de decisões.

Entre os respondentes, 86% também disseram que uma empresa com um forte programa e desempenho ESG teria um impacto significativo e direto nas recomendações dos analistas hoje. Mas, ao mesmo tempo, a pesquisa descobriu que pouco menos da metade (49%) dos investidores atualizou suas abordagens de investimento ESG.

“A pandemia aconteceu de modo repentino, e o mercado não teve tempo de entender o quão complexo era o tema para os negócios e se adequar. Passados mais de dois anos, mas ainda com incertezas, o pilar social foi o que mais se sobressaiu e agora os investidores percebem também o quanto esta questão pode afetar os investimentos”, explica Leonardo Dutra, líder de consultoria na área de Mudanças Climáticas e Sustentabilidade da EY.

Dutra explica que a estratégia de investimento passa por uma análise de geração de valor a longo prazo, “onde o lucro dá lugar à prosperidade, risco e resiliência andam juntos, stakeholders ganham relevância e processos mais inclusivos são essenciais”.

“O mercado brasileiro ainda permanece menos maduro em relação ao bloco europeu e à América do Norte, e ainda muito orientado à regulação, mas agora com uma clareza bem maior do que no período pré-pandêmico.”

Outro ponto relevante da pesquisa é a perspectiva de maior dedicação, por parte de 79% dos investidores consultados, à avaliação dos riscos de transição para uma economia global Net Zero. Menos da metade (44%) ainda precisa amadurecer em relação a essa questão. 

“A visão ‘copo meio cheio’ aqui é que mais da metade já amadureceu. É natural que o risco climático leve mais tempo para ser entendido e incorporado, dado sua característica altamente científica, com impactos em longuíssimo prazo e diferenças setoriais. O elemento central para a entrada dos que ainda não amadureceram a questão é justamente a tradução dos riscos climáticos de transição ao seu modelo de negócio”, afirma.

Embora a transição para uma economia Net Zero apresente desafios significativos, os esforços dos governos nacionais para incentivar a transição também podem ser uma oportunidade para os investidores. Noventa e dois por cento dos entrevistados disseram que fizeram um investimento nos 12 meses anteriores à pesquisa porque viram essa meta se beneficiar da recuperação verde.  

No entanto, a pesquisa constata que esta oportunidade pode se tornar vítima de seu próprio sucesso. Com uma oferta potencialmente limitada de investimentos verdes adequados alcançando altas pontuações de sustentabilidade dos provedores de classificação, existe o risco de uma bolha de mercado: 76% dos investidores pesquisados disseram que a “escassez de oferta de investimentos verdes adequados levará alguns investidores a pagar mais por ativos verdes, criando o risco de uma bolha de mercado.”

A pesquisa mostra ainda que é desejo de 78% dos investidores - contra apenas 32% identificados três anos atrás - que as empresas invistam mais na qualidade das informações apresentadas em seus relatórios ESG, com dados consistentes.

Para Dutra, conforme as questões ESG se tornam relevantes para o negócio, o investidor busca analisá-las e ao fazê-lo se depara com informações irrelevantes ou até mesmo a falta de informação. 

“Ter uma comunicação clara, com indicadores objetivos e que traduzam o desempenho ESG, estabelecendo um modelo de governança capaz de abraçar o tema e tratá-lo com transparência. No Brasil, o cenário não é positivo. Em pesquisa recente da EY (‘Um retrato dos relatos de sustentabilidade das empresas registradas na CVM’) identificou-se que menos da metade das quase 700 empresas listadas na B3 reportou informações de sustentabilidade”, completa.

Os investidores, de acordo com a pesquisa, também têm certeza de que padrões globalmente consistentes serão importantes para melhorar a qualidade e a transparência dos relatórios ESG das empresas: 89% dos pesquisados disseram que gostariam que os relatórios das medidas de desempenho ESG em relação a um conjunto de padrões globalmente consistentes se tornassem um requisito obrigatório.

O levantamento mostra que a criação de recursos de análise de dados pode ser fundamental para ajudar as empresas a produzir relatórios confiáveis de desempenho ESG e para os investidores incorporarem essa percepção em seu processo de tomada de decisão de investimento.

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