CEO do iFood deixa cargo para comandar operação global de empresa holandesa dona do aplicativo
Fabrício Bloisi comprou negócio de entregas com menos de 15 funcionários e o transformou em plataforma com mais de 40 milhões de clientes; ele vai responder a partir de julho por operações em mais de 100 países
O presidente do iFood, Fabrício Bloisi, está deixando o cargo para ser o CEO da Prosus, a holding de tecnologia holandesa que é controladora do grupo brasileiro de entregas por aplicativos e vale € 92 bilhões na Bolsa de Amsterdã. O novo CEO do iFood será Diego Barreto, atual diretor financeiro e vice-presidente de estratégia.
Bloisi é o fundador da Movile e, no novo cargo na Prosus, que assume a partir de 1º de julho, vai responder por operações em mais de 100 países, atendendo a 2 bilhões de clientes do grupo mundial de internet. Será a primeira vez que um executivo de uma empresa brasileira de tecnologia assume a operação de um gigante global saindo diretamente do Brasil.
A Profus nasceu em 1997, como uma cisão do grupo de mídia sul-africano Naspers, famoso por ser o primeiro serviço que permitia baixar músicas. Desde 2008, a Prosus investiu mais de US$ 30 bilhões em mais de 90 empresas de tecnologia, e o iFood foi uma das principais apostas. Em 2022, comprou a participação remanescente de 33% na empresa de entregas, em um negócio de R$ 9,4 bilhões.
Entre outros investimentos do grupo holandês no mundo está a chinesa Tencent, que é dona do WeChat, a plataforma de compras chinesa Meituan, a OLX e a Delivery Hero, na Alemanha. No Brasil, a Prosus é investidora da Kovi, de alugue de carros, na financeira Creditas e da Sympla, que vende ingressos pela internet, entre outros nomes.
O brasileiro irá assumir o cargo de Ervin Tu, o diretor financeiro que estava como presidente interino na Prosus desde setembro. No iFood, Bloisi segue como presidente do conselho e acionista. "Estou orgulhoso de termos transformado o iFood em uma das maiores e mais bem-sucedidas marcas da América Latina", comenta em um comunicado sobre sua nomeação.
Em 12 anos, o iFood saiu de um negócio de entregas que Bloisi comprou com menos de 15 funcionários e se tornou uma plataforma de tecnologia com mais de 40 milhões de clientes.
"A gente muda a empresa duas vezes ao ano. Mata alguns projetos e cria projetos novos. Faz parte da nossa cultura", disse Bloisi ao Estadão/Broadcast no final de 2023, mencionando também o interesse em inteligência artificial. "Nossa intenção é investir centenas de milhões de reais em aquisições em novos negócios e inteligência artificial."