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Campos Neto e Galípolo amenizam discordâncias e reforçam postura dura para alcançar meta de inflação

15 mai 2024 - 12h09
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Monetária da autarquia, Gabriel Galípolo, buscaram mostrar convergências de visões nesta quarta-feira, com ambos defendendo uma postura dura da autoridade monetária no combate à inflação, após terem divergido na mais recente decisão sobre corte de juros do Comitê de Política Monetária (Copom).

Sede do Banco Central em Brasília
22/03/2022
REUTERS/Adriano Machado
Sede do Banco Central em Brasília 22/03/2022 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Em eventos distintos, em Brasília e Nova York, os dois enfatizaram o firme compromisso do BC com o centro da meta de 3% para a inflação, com Galípolo afirmando inclusive que cogitou votar pelo corte de 0,25 ponto percentual nos juros básicos na reunião deste mês.

Falando em evento na sede do BC, Campos Neto disse que a discussão no Copom da semana passada foi centrada em argumentos técnicos, colocando "extrema relevância" na desancoragem das expectativas de inflação, com o colegiado avaliando de forma unânime a importância de perseguir a reancoragem, independentemente de suas causas.

Campos Neto frisou que num debate sobre o trabalho do BC não deveria se falar em banda de tolerância para a meta de inflação, reforçando que o alvo é de 3% e precisa ser perseguido.

Segundo ele, o BC já havia informado anteriormente que a orientação futura da política monetária tinha condicionantes.

"Na reunião, discutimos os condicionantes, o debate foi sobre a gradação dos condicionantes, e não sobre a validade dos condicionantes e dos argumentos", afirmou.

O BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual na quarta-feira, para 10,50% ao ano, reduzindo o ritmo de afrouxamento monetário após seis cortes seguidos de 0,50 ponto.

A decisão foi tomada por 5 a 4, com voto favorável de Campos Neto e outros quatro diretores que já estavam no posto desde o governo anterior, enquanto os diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo Galípolo, divergiram e defenderam a manutenção do corte mais forte, de 0,50 ponto.

Em seminário promovido pelo Valor Econômico em Nova York, Galípolo disse "fazer coro" a comentários feitos mais cedo por Campos Neto, também defendendo que meta de inflação "não se discute, se persegue e se atende".

"Cabe aos diretores (do BC) colocar a taxa de juros em um patamar restritivo suficiente e pelo tempo necessário para que a inflação convirja para a meta. Essa é a função do Copom e não há qualquer tipo de tergiversação sobre esse tema", disse.

A meta de inflação é de 3% neste e nos próximos dois anos, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. O mercado tem persistentemente mantido suas expectativas para o período acima do centro da meta, com piora nas últimas semanas.

Galípolo disse que considerou votar por um corte de 0,25 ponto percentual e teria ficado "confortável" com essa decisão. Apesar do voto pelo 0,50, ele disse que "ganha-se muito" ao reduzir o ritmo do afrouxamento monetário, com o corte de 0,25 ponto sinalizando tom adicional de preocupação.

Na opinião do diretor, seria negativo se a diretoria se movimentasse para formar algum tipo de consenso buscando exclusivamente se proteger de críticas.

Ele afirmou que a divisão na reunião do Copom sobre o ritmo de corte da Selic foi em torno do debate dos ganhos de elevar a cautela contra o custo de não seguir o "guidance" (orientação) anterior do colegiado.

Galípolo acrescentou que não foi consultado por Campos Neto antes de o presidente do BC fazer um discurso em Washington, em abril, no qual sinalizou que a autarquia poderia ter abandonado sua orientação futura para a política monetária.

Ele argumentou, no entanto, que não considera isso um problema, ressaltando que Campos Neto é um defensor da autonomia da instituição e de seus membros.

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