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Perdido no tempo, Zé Inocêncio é um sujeito insuportável e terá final merecido

Não há como simpatizar por um tipo tão egoísta, arrogante, machista, sem humor nem romantismo

21 mar 2024 - 14h12
(atualizado às 14h18)
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Marcos Palmeira é um dos atores mais carismáticos da televisão. Mas seu magnetismo desaparece sob a carranca de Zé Inocêncio em ‘Renascer’. 

O coronel exala antipatia. Trata os filhos como capachos, considera-se dono da verdade e impõe uma visão arcaica sobre tudo e todos. 

No mais recente episódio de incorreção, acusou sem prova o filho que mais o ama, João Pedro (Juan Paiva), de ser desonesto ao lidar com a plantação de cacau.  

Expulsou o rapaz da fazenda como um ditador descarta sem dó um súdito que perde utilidade. 

Na versão original da novela, em 1993, o Inocêncio interpretado por Antônio Fagundes era igualmente turrão e presunçoso, autoritário e egoísta. 

Mas havia charme de sobra e a predisposição do público em compreender as falhas daquele homem de passado sofrido e inábil com os sentimentos represados. 

No remake, a graça natural se perdeu. O personagem não tem humor, não é sensual, não desperta empatia. Ao contrário: irrita e decepciona os telespectadores. 

Nas redes sociais o chamam de “chato”, “insuportável”, “nojento”. Faltam sutilezas e mais camadas emocionais para justificar tantos equívocos em cena.

Desta vez, está vestido com um figurino contemporâneo, porém, a essência ficou ainda mais inadequada aos novos tempos. Em guerra contra o reacionarismo, a sociedade não tolera um tipo tão conservador e individualista. 

O único momento menos desagradável é quando ele se coloca diante da imagem de Nossa Senhora e ‘conversa’ com a falecida Maria Santa (Duda Santos). 

Na 1ª fase, o Zé Inocêncio vivido por Humberto Carrão, chamado de ‘coronelzinho’, encantou os noveleiros com sua poesia. Havia determinação e coragem, paixão e brejeirice. Lembrou o fascínio despertado por Leonardo Vieira no mesmo papel há 31 anos. 

A maturidade deixou o protagonista vazio de qualidades e mergulhado em rancor. Às vezes, pela humilhação imposta às pessoas ao seu redor, parece ser o vilão da trama. 

Não se trata de comparar atores e interpretações, apenas analisar o personagem que garantiu presença na memória de quem viu a 'Renascer' da década de 1990. Aquele 'painho' caiu nos braços do povo.

No aspecto amoroso, o casamento do atual Zé Inocêncio com Mariana (Theresa Fonseca) é gélido, não existe química. No final da saga rural, o fazendeiro morre. Um anti-herói tão irascível não merece mesmo final feliz. 

Sempre de mal com a vida, Zé Inocêncio (Marcos Palmeira) é uma presença incômoda na novela das 21h da Globo
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Foto: Divulgação/TV Globo
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