Janamô revela bastidores com Cláudia Abreu em Dona de Mim: 'Disponível'
Atriz de Dona de Mim, Janamô refletiu sobre ancestralidade, novelas e nova série de HBO Max em entrevista à Contigo!
Janamô esteve em Dona de Mim como Higuy, amiga de Filipa (Cláudia Abreu), e foi responsável por ajudar a personagem em um grande dilema de sua vida. A atriz é multifacetada e usa sua voz para cantar sobre diversos temas, como a ancestralidade. Lançou recentemente a música Cabelos e está na série Máscaras de Oxigênio Não Cairão Automaticamente da HBO Max, que aborda o tema do HIV com um elenco estrelado, entre eles, Johnny Massaro. Em entrevista à Contigo!, ela contou mais sobre sua trajetória e seus papéis na dramaturgia e os bastidores com a veterana global.
Como Mônica de Máscaras de Oxigênio não cairão automaticamente, você faz parte de um núcleo central da série. A obra trabalha um momento crucial da história LGBTAIAPN+. Como você se preparou para entrar nesse universo?
"Foi um processo muito intenso e delicado. Eu me debrucei sobre as histórias reais que inspiraram a série, sobre como as pessoas LGBTAIAPN+ resistiram e resistem em meio a tantas camadas de violência, mas também de amor, de invenção e de potência. Minha preparação passou por muita escuta, sobretudo — ouvir quem viveu e vive essas histórias. Também foi um exercício de memória, porque entendo que minha trajetória, enquanto mulher negra, bisexual, artista e ativista, tem pontos de encontro com esse lugar de resistência. Entrar na pele de Mônica foi, ao mesmo tempo, um desafio e uma honra. Eu quis ser canal, mais do que atriz: alguém capaz de sustentar, com respeito e verdade, a densidade desse momento histórico. Mônica é a personagem que descobre o contrabando da medicação contrabandeada pra salvar vidas. Alguém que estava fazendo o seu trabalho dentro de uma limitação social, então foi um grande desafio."
Você fez parte de Dona de Mim como Higuy e ajuda Filipa a se reencontrar como artista. Como tem sido a troca com Cláudia Abreu? Já esteve no lugar da personagem dela? Se sim, quem foi essa pessoa que te fez retomar o trabalho?
"A troca com a Cláudia foi linda, generosa e cheia de aprendizado. Ela é uma atriz gigante, mas também alguém muito disponível para o encontro, e isso torna tudo mais leve e verdadeiro. Eu torço pra que a Higuy volte a novela. Tem essa chance. E sim, já estive no lugar da personagem de Cláudia, porque todas nós, artistas, em algum momento precisamos reaprender a acreditar no nosso talento, no nosso desejo de criar. No meu caso, essa pessoa que me fez retomar o trabalho foi a minha mãe. Depois de um período difícil, foi através dela que reencontrei alegria e coragem. E esse reencontro se materializou também na fundação da Kazamô, um hub criativo em Belo Horizonte, que hoje é um espaço de criação, de acolhimento e de partilha. Então, interpretar Higuy é também falar sobre essa força que vem de fora e nos lembra quem realmente somos."
Seu novo single fala de identidade e pertencimento, mas também tem um groove envolvente. Como é para você trabalhar a ancestralidade dentro da sua carreira?
"Minha carreira inteira é atravessada pela ancestralidade. Eu entendo a música como um código ancestral — por isso, inclusive, chamo meu trabalho autoral de Código Ancestral: O Futuro é Retorno. Quando canto, componho ou subo ao palco, trago comigo as vozes que vieram antes e também as que ainda virão. A ancestralidade é memória, mas também é invenção do futuro. E quando essa memória se mistura ao groove, ao corpo que dança, eu sinto que estou criando um espaço de pertencimento coletivo. É um chamado para que cada pessoa se reconheça na sua própria força e, ao mesmo tempo, se conecte com algo maior, que nos une. E é sobre tudo isso o lançamento do primeiro código ancestral, 'CABELOS'."
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