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No ar em 'Amor à Vida', Mateus Solano diz: "Félix é um parque de diversões"

13 out 2013 - 15h43
(atualizado às 15h43)
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No ar em 'Amor à Vida', Mateus Solano falou sobre a preparação e as emoções de dar vida ao vilão Félix
No ar em 'Amor à Vida', Mateus Solano falou sobre a preparação e as emoções de dar vida ao vilão Félix
Foto: JORGE RODRIGUES JORGE/CARTA Z NOTÍCIAS / TV Press

A versatilidade cênica de Mateus Solano se evidencia a cada personagem. Até na pele dos bons moços que acumulou no currículo, o ator conseguiu se reinventar através de um trabalho de composição sólido. Agora, em Amor à Vida, ele se desvencilha completamente do perfil heroico para interpretar um vilão complexo como o Félix. "Falei para o Walcyr (Carrasco) que ele me deu um personagem que é um parque de diversões", salientou, referindo-se ao autor do folhetim.

Cria do teatro, Mateus nunca teve na televisão um objetivo de carreira. Mesmo fazendo pequenas participações no veículo desde 2003, foi só a partir de Maysa – Quando Fala O Coração, minissérie exibida pela Globo em 2009, que ele passou a encarnar papéis de destaque na teledramaturgia. Entre eles, os gêmeos Jorge e Miguel, de Viver a Vida, e Mundinho Falcão, de Gabriela. "Uma coisa que vi em mim, quando fiz o Bôscoli, em Maysa, foi que consegui trazer minha qualidade de ator do teatro para a televisão. Isso é muito bom e não quero perder", frisou ele, que gosta de concentrar suas energias para o papel que interpreta no momento. E não se deixa apegar por personagens marcantes do passado. "O que vem depois a gente não sabe e o que foi já foi. Então, o papel mais importante da minha carreira é o Félix. Quando eu estiver fazendo o sicrano, vai ser o sicrano", simplificou Mateus, que, antes de ganhar mais espaço nas produções globais, ficou conhecido por protagonizar a campanha O Ligador, da Oi.

TVPress - Logo no início de Amor à Vida, pôde-se perceber o apelo popular de Félix. Você já mensurava o sucesso do personagem antes da estreia? 

Mateus Solano – Não. Na verdade, ele foi escrito para ser um sucesso e eu tinha de acertar logo de cara. Estava muito nervoso para assistir ao primeiro capítulo. Quando assisti, falei: "ah! Encontrei o caminho: é esse".

TVPress – É a primeira vez que você interpreta um vilão na TV. Como foi sua preparação para o papel?

Mateus – A gente ficou bastante com o Sergio Penna (preparador de atores para cinema e televisão), uma coisa rara e que era muito necessária. Acho que é muito necessária em uma Globo de hoje, que está querendo resultado e começa a perceber que a qualidade do trabalho do ator é essencial para o sucesso dos produtos. E a preparação com o Sergio Penna foi um ganho danado nesse sentido. Ele nos ajudou muito. Além disso, li e busquei coisas sobre maldade.

TVPress – Como assim?

Mateus – Li o livro O Efeito Lúcifer. O livro fala sobre como pessoas boas se tornam más, dá uma esmiuçada na maldade, no que faz o ser humano ser mau, o que falta ou o que sobra. Fala sobre desvio de caráter e de onde ele pode vir. Fiquei nesses lugares de entender como a pessoa pode ser má e seguir a vida normalmente, tendo consciência de que é uma coisa mal vista socialmente, mas que, para ela – e para o personagem – é a melhor opção mesmo. E nem titubeia antes de fazer uma maldade. Vi coisas sobre o nazismo, uma época em que um cara – Hitler – hipnotizou todo um povo. Também a força da sedução de um psicopata, de um cara mau, de como ele consegue ir no ponto fraco de quem está ouvindo e convencer. Estudei essa coisa da lábia, do convencimento. Fui para esse lado para também não ficar o Félix malvado e um bando de idiota que acredita em tudo que ele fala em volta, para ser justificável ele não ser desmascarado.

TVPress – Este é seu terceiro trabalho com Walcyr Carrasco. Antes, você atuou em Morde & Assopra, de 2011, e Gabriela, de 2012. De alguma maneira, ter conhecimento prévio do texto do autor facilita?

Mateus – Por um lado, eu já conheço o texto dele; por outro lado, vejo o quanto ele se esforça para se reinventar. O Félix é uma coisa que eu nunca vi antes. As coisas que Walcyr escreve, a liberdade que ele tem para escrever o Félix... Eu falei para ele: "é um parque de diversões o personagem que você me deu". Em todas as cenas, eu encontro alguma coisa, um lugarzinho. De certa forma, é bom porque o Walcyr já vai tendo mais intimidade com o meu trabalho também e escreve sabendo o que eu posso dar.

TVPress – Você coleciona alguns bons moços no currículo, como o Mundinho de Gabriela e os gêmeos Jorge e Miguel de Viver a Vida. Tinha vontade de fazer um vilão?

Mateus – Eu tenho vontade de fazer tudo. E o que eu acho mais bacana da minha trajetória nesses anos é ver que me dão sempre coisas diferentes umas das outras. Comecei com várias participações de comédia. Mas comecei mesmo com o Bôscoli, em Maysa – Quando Fala O Coração, que foi demais. Depois, vieram os gêmeos, que nem preciso falar a diferença que era entre os dois. Em seguida, veio um cientista, em Morde & Assopra, e o Mundinho, em Gabriela, que era um grande progressista da década de 1920. E, agora, um vilão. E o Walcyr faz o Félix bem complexo. Fiz personagens bem diferentes. Isso é o que mais me interessa. O que eu quero mesmo é essa coisa camaleônica. 

TVPress – Depois de Maysa, a sua trajetória na televisão traçou uma curva ascendente e você só interpretou personagens de destaque. Naquela época, imaginava que isso aconteceria?

Mateus – Em Maysa, eu lembro muito bem de uma gravação em que estava fumando um cigarro atrás do outro para o Bôscoli. Era continuidade, por isso, eu tinha de fazer e já estava tossindo, quando o Jayme (Monjardim, diretor) falou: "não se preocupe porque na novela eu não vou colocar você fumando, não". Eu falei: "novela?". E ele disse: "ué, vamos fazer uma novela juntos, vamos estourar". Ali, eu tive noção de que a vida estava mudando nesse sentido de exposição e do dinheiro também. Estava há 13 anos fazendo teatro, muitas vezes, pagando para trabalhar. Às vezes, dando aula ou fazendo parte de algum grupo de teatro. Aí, a televisão surgiu.

TVPress – Você faz participações na TV desde 2003. Mas por que, antes de Maysa, não investiu mais no veículo?

Mateus – Eu nunca fui incentivado à televisão. Nem como espectador e nem como ator. Eu sempre fui muito apaixonado e sou até hoje pelo teatro. Me apaixonei também pela televisão, mas não era uma coisa que eu buscava. Foi algo que, naturalmente, surgiu. O Nelsinho Fonseca (produtor de elenco) é um grande responsável porque me assistiu em várias peças e me chamou para fazer um teste para Maysa.

TVPress – Até que ponto o tamanho do personagem que você interpreta em uma trama tem importância?

Mateus – Para mim, não tem a menor importância. Acho que personagem grande é aquele que a gente faz com carinho e amor. Eu sou primo de Juliana Carneiro da Cunha, que ganhou um prêmio de melhor atriz fazendo uma muda e contracenando com Fernanda Montenegro. Não tem essa de personagem grande e personagem pequeno. Por ter muita fala? Tem ator assim, que conta as falas. Realmente, acho um absurdo. O que importa é você estar lá, dentro do personagem, fazendo muito bem. Eu vejo, inclusive, atores muito experientes falando que não querem fazer protagonista de jeito nenhum porque protagonista trabalha muito. E, normalmente, os melhores personagens são aqueles que estão ali do lado, é aquele gago no cantinho dele. Espaço e tamanho são coisas conquistadas. Não tem a ver com número de falas.

TVPress – Por conta de seus personagens na TV, você se tornou um ator conhecido. Como lida com a fama?

Mateus – A gente tem de se esforçar para não mudar. Não por ego, mas por medo de sair na rua mesmo (risos). O ator é um observador, é um espectador da vida para depois reproduzir no palco, na TV ou onde seja. E, agora, ele vira o observador. E o gostoso de ser ator é observar as pessoas, ver como elas se comportam. Agora, se eu cruzo o olhar com qualquer pessoa, a pessoa me reconhece. E, na verdade, não me reconhece; reconhece aquilo que ela acha que eu sou. Então, é uma maluquice, é O Show de Truman (filme de 1998 protagonizado por Jim Carrey). É uma inversão, você vira referência. Mas, de uma maneira geral, o carinho é muito bom. Basta saber lidar bem com ele e saber lidar com o fato de que você vai sair na rua e vai ser reconhecido. É uma coisa que assusta no início, mas depois é maravilhoso.

TVPress – Desde Maysa – Quando Fala O Coração, você tem atuado em produções televisivas sem ficar fora do ar por grandes intervalos. Por quê?

Mateus – Eu decidi que estou começando agora na Globo. Vou fazer o que eles querem. Claro que já recusei uma coisa ou outra quando eu não podia ou quando achava que era totalmente descabido. Mas, de uma maneira geral, eles me chamam para personagens muito bacanas, me dão um crédito muito bom pelo trabalho que eu venho apresentando. Eles também nunca me deram uma coisa estapafúrdia para eu fazer. É sempre uma ótima oportunidade. E, fora isso, acho que é muito cedo para eu falar que não quero fazer algum papel. Estou construindo o meu espaço ali dentro. 

Amor à Vida – Globo – De segunda a sábado, às 21h.

Na boca do povo

Rapidamente, os bordões de Félix caíram no gosto popular. No início, restritas a "salguei a santa ceia" e "pelas contas do rosário", as frases ditas pelo personagem em momentos, geralmente, dramáticos se multiplicaram com o passar dos capítulos. E servem como uma espécie de "ponte" entre seu intérprete e o público. "As pessoas querem abordar os artistas, mas ficam envergonhadas e não sabem como chegar. Então, o bordão é um facilitador porque você já chega com uma frase engraçada e divertida do personagem", contou Mateus.

Todos os bordões são criações de Walcyr Carrasco. O ator não chegou a sugerir nenhum. Mas, para acompanhar as frases do personagem, Mateus desenvolveu uma série de gestos mais afetados, que dizem muito sobre a personalidade de Félix. "Gosto de botar um gestual característico dos personagens que faço. Então, o Félix tem alguns, ele foi se soltando...", explicou, aos risos.

Em outro patamar

A ligação de Mateus Solano com o teatro é muito forte. Tanto que o ator só aceitou fazer Amor à Vida com a condição de que pudesse conciliar os trabalhos da trama de Walcyr Carrasco com os palcos – privilégio que a Globo restringe a poucos nomes de seu "casting". A estreia do espetáculo Do Tamanho do Mundo aconteceu pouco mais de uma semana antes de ir ao ar o primeiro capítulo da novela. Agora viajando pelo Brasil com a peça, Mateus é protagonista do texto escrito por sua mulher, a também atriz Paula Braun. "Estava há três anos sem fazer teatro. E eu preciso do teatro, até para trazer a tal da qualidade que me fez conseguir o espaço que tenho hoje na televisão", ressaltou ele, que idealizou e realizou o projeto.    

Trajetória Televisiva

# Maysa - Quando Fala O Coração (Globo, 2009) - Ronaldo Bôscoli.

# Viver a Vida (Globo, 2009) - Miguel e Jorge.

# Morde & Assopra (Globo, 2011) - Ícaro.

# Gabriela (Globo, 2012) - Mundinho Falcão.

# Amor à Vida (Globo, 2013) - Félix.

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Fonte: TV Press
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