Bonner vai às lágrimas ao declamar música na estrada: “Parecia um louco dirigindo e chorando”
Apresentador conta que sua paixão por ‘Faroeste Caboclo’ influenciou no espaço dado à morte de Renato Russo no ‘JN’
No ‘Conversa com Bial’, William Bonner foi lembrado da reunião em que declamou as primeiras estrofes de ‘Faroeste Caboclo’, da Legião Urbana, numa reunião de pauta do ‘Jornal Nacional’ em outubro de 1997.
A paixão do apresentador pela composição de Renato Russo foi usada pela equipe para convencer a então também âncora, Lillian Witte Fibe, a respeito do amplo espaço na edição do dia à morte do cantor.
De outra geração, a jornalista havia considerado exagerado o destaque que a notícia teria no roteiro, ocupando quase metade do tempo do telejornal. Ao ouvir Bonner recitar ‘Faroeste Caboclo’ e entusiasmar os demais jornalistas do grupo, Lillian se convenceu da importância da cobertura da morte do ídolo do rock.
A Pedro Bial, o apresentador contou os bastidores de sua viagem para a gravação do talk show em São Paulo. “Eu vim aqui conversar com você dirigindo. Eu vim do Rio de Janeiro dirigindo. E, no caminho, para me distrair, eu, diferentemente do que faço em outras ocasiões, não cantei, eu declamei Faroeste Caboclo, em lágrimas”, contou. "Parecia um louco dirigindo e chorando.”
A pedido do colega, Bonner declamou o início da letra diante da plateia. “... Sentia mesmo que era mesmo diferente / Sentia que aquilo ali não era o seu lugar / Ele queria sair para ver o mar / E as coisas que ele via na televisão.” De repente, o jornalista interrompeu, prestes a se comover. “Vou parar aqui senão vou embora”, avisou. Foi aplaudido.
Ao comentar o simbolismo da canção lançada em 1987, Bonner precisou se controlar. “Ó, eu já estou quase chorando de novo, não vou continuar”, disse. “Como não chorar?”
Na letra, Renato Russo relata a saga de um jovem chamado João de Santo Cristo que foi tentar a vida em Brasília e sonha melhorar a situação de todos ao seu redor. “Ele queria era falar pro presidente / Pra ajudar toda essa gente que só faz... sofrer.”
O vocalista da Legião Urbana morreu aos 36 anos, em 11 de outubro de 1996, em decorrência de complicações da Aids. Seis meses antes, o ‘forasteiro’ William Bonner, com 32 anos, havia assumido como apresentador titular do ‘Jornal Nacional’.
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