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Trama do protagonista negro gera boa audiência a Segundo Sol

Espaço dado ao empoderamento racial surpreende após críticas devido aos poucos afrodescendentes na novela

24 mai 2018 - 12h24
(atualizado às 12h25)
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O capítulo 8 de ‘Segundo Sol’, exibido na terça-feira (22), marcou 34 pontos de média.

Este índice representa 7 milhões de telespectadores sintonizados na Globo durante a novela somente na Grande São Paulo.

Foi a terceira maior audiência desde a estreia do folhetim de João Emanuel Carneiro.

O capítulo destacou a trama de Roberval (Fabrício Boliveira) e sua mãe Zefa (Claudia di Moura), os personagens negros com maior visibilidade na primeira fase.

O ápice aconteceu numa cena externa, gravada sob chuva cenográfica, quando o rapaz deixa a mansão onde passou a vida toda como mero empregado, após descobrir que o patrão, o magnata branco Severo (Odilon Wagner), é na verdade seu pai.

A revolta de Roberval e o desespero de Zefa ofereceram ao noveleiro momentos de drama intenso, convincente e comovente.

Quem fez prejulgamento de ‘Segundo Sol’ devido ao reduzido número de atores afrodescendentes numa produção ambientada na Bahia deve estar surpreso com o espaço ocupado por personagens negros.

Roberval (Fabrício Boliveira) se tornará um homem rico e obcecado em se vingar de quem o humilhou
Roberval (Fabrício Boliveira) se tornará um homem rico e obcecado em se vingar de quem o humilhou
Foto: João Miguel Jr./TV Globo / Divulgação

No capítulo de quarta-feira (23), Roberval apareceu mais até do que o protagonista branco Beto Falcão (Emílio Dantas).

Definitivamente, o personagem de Boliveira não é um coadjuvante negro, como tantos imaginaram – e sim um dos personagens principais.

Protagonismo este que pouco se viu até hoje na teledramaturgia da Globo. Menos ainda no mais nobre horário de ficção do canal, o das 21h.

‘Segundo Sol’ mostra um negro que rompe com o destino predeterminado por sua raça – ser empregado de alguém e submisso a essa figura dominante – para conquistar liberdade, autonomia e poder.

O autor acerta ao não pintar Roberval como um santo. Ele vai subir na vida por vias tortas: aceita dinheiro por sexo (já prevê-se críticas pela fetichização do corpo negro) e vai dar um golpe em sua aliada, a vilã Laureta (Adriana Esteves).

É bom que o personagem tenha, na visão pudica da sociedade, falhas de caráter, assim como pessoas de quaisquer outras etnias.

Assim fica mais real, crível, menos estereotipado.

Vale ressaltar que o destaque a Roberval já estava previsto na sinopse entregue à Globo no ano passado.

A primeira fase de ‘Segundo Sol’ estava gravada antes de o Ministério Público do Trabalho exigir que a emissora dê mais espaço a negros em suas produções.

Não foi necessário impor ‘cota racial’ para que Roberval fosse ‘o cara’ do novelão.

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