Leda Nagle e a longa fila de apresentadores desempregados
Famosos ou anônimos, todos estamos suscetíveis a perdermos o emprego em algum momento.
Nos últimos dias repercutiu o drama vivido por Leda Nagle. A apresentadora não terá o contrato renovado pela TV Brasil, onde comandou o tradicional programa Sem Censura por duas décadas.
Aos 66 anos, depois de passagens de sucesso por Globo, Manchete e SBT, ela começará 2017 sem perspectiva em relação à carreira na TV.
Dezenas - sim, dezenas - de outros apresentadores enfrentam a mesma situação. Cada caso é um caso. No geral, os afastamentos aconteceram por corte de verba, baixa audiência ou inadequação ao que as emissoras desejavam.
No momento estão involuntariamente fora do ar ou sem contrato fixo Silvia Poppovic, Regina Volpato, Fabiana Scaranzi, Gilberto Barros, Palmirinha, Liliane Ventura, Márcia Goldschmidt, Sabrina Parlatore, Sidney Rezende, Luísa Mell, Rosana Jatobá e muitos outros.
Estilo à parte, cada um deles deu relevante contribuição às emissoras pelas quais passaram. Tenha sido em números no Ibope, faturamento ou visibilidade na mídia.
Mas o universo da TV é uma montanha-russa: vive-se altos e baixos, e essas mudanças podem ocorrer em velocidade desconcertante. Quase ninguém está 100% seguro diante das câmeras.
Qualidades como competência, cultura e prestígio não são suficientes para manter um apresentador empregado.
Nos bastidores prevalecem questões pragmáticas, como o lucro gerado por tal atração, e subjetivas, como a influência do contratado nas esferas de poder, dentro e fora da emissora.
Assim como acontece com qualquer outra categoria profissional, os apresentadores não dependem só de sua performance para se manterem empregados - há fatores internos e externos que fogem ao seu controle.
A melancólica dispensa de Leda Nagle, uma das mais brilhantes jornalistas da televisão brasileira, ressalta o óbvio: celebridades ou desconhecidos, nos tornamos descartáveis quando deixamos de ser interessantes a quem um dia nos valorizou.