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Carismática, Eva Todor divertiu com sua alegria inesgotável

Atriz húngara era especialista em interpretar ‘maluquinhas elegantes’ nas novelas

10 dez 2017 - 16h03
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Sempre que um produtor de elenco recebia a tarefa de encontrar a atriz ideal para interpretar uma personagem meio doidinha, imediatamente pensava em Eva Todor.

O sorriso e o olhar meigo eram marcas registradas da artista
O sorriso e o olhar meigo eram marcas registradas da artista
Foto: Ique Esteves/TV Globo / Divulgação

Na ficção, ela representava aquela tia um tanto desmiolada que garante risadas em toda festa de família. Ou a parente vaidosa, naturalmente chique, que exala perfume caro por onde passa.

Ao longo de 40 anos na Globo, viveu inúmeras mulheres ‘avoadas’ ou ‘cuca fresca’. Era inigualável em fazer humor sem esforço, apenas com a característica expressividade e um irresistível jeito brejeiro.

Desde a primeira personagem na emissora, a ex-vedete Kiki Blanche de ‘Locomotivas’ (1977), até a última, a espevitada Dália em ‘Salve Jorge’ (2012), Eva presenteou o telespectador com sua presença agradável no vídeo. Era uma gracinha, diria Hebe Camargo.

Eva Todor em alguns momentos de sua longa e bem-sucedida carreira na TV
Eva Todor em alguns momentos de sua longa e bem-sucedida carreira na TV
Foto: TV Globo / Divulgação

Há cinco anos, precisou afastar-se dos estúdios devido a complicações na saúde. Sofria do Mal de Parkinson, do Mal de Alzheimer e complicações cardíacas.

Passou o último período de vida em casa, cuidada por parentes e enfermeiras. Morreu na manhã de domingo (10), no Rio, aos 98 anos.

Nascida na Hungria, com o nome Eva Fódor Nolding, fugiu com os pais, ambos artistas judeus, para o Brasil no pós-guerra. De alma, era carioquíssima – não apenas no sotaque mas também na irreverência. Aos 9 anos já brilhava em espetáculos de balé.

Naturalizou-se brasileira a pedido de ninguém menos que Getúlio Vargas. O então presidente da República a viu numa apresentação no Teatro Municipal do Rio, foi ao camarim para conhecê-la e disse que seria uma honra para o País se ela aceitasse receber a cidadania. Eva topou na hora.

Na TV, participou de sucessos como ‘Coração Alado’ (1980), ‘Top Model’ (1990), ‘Hilda Furacão’ (1998), ‘América’ (2005) e ‘Caminho das Índias’ (2009). Era uma das atrizes preferidas das autoras Janete Clair (1925-1983) e Gloria Perez.

Em uma entrevista, anos atrás, Eva Todor abriu o coração: “Posso ser vaidosa? Avalio minha carreira brilhante, longa, sem tropeços, sem desastre, contínua, respeitada, com prestígio aqui e além-mar”.

E fez uma análise da própria existência: “Minha vida foi tranquila, limpa, muito transparente em todos os sentidos. Peço licença para ser pretensiosa, mas podem verificar, podem pesquisar, e vão saber que estou falando a verdade.”

Nem é preciso tirar a prova: a atriz teve uma vida tão digna quanto divertida, tão privilegiada quanto admirável.

Quase um século de amor ao Brasil e à arte. Deixa agora boas lembranças e a saudade aos fãs.

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