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'A Força do Querer’ é uma aula de como se faz boa novela

Autora Gloria Perez e equipe do diretor Rogério Gomes surpreendem com excelente trama policial

6 jul 2017 - 14h40
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Bibi (Juliana Paes) e Rubinho (Emílio Dantas) na fuga pela favela: amor bandido capaz de seduzir o telespectador)
Bibi (Juliana Paes) e Rubinho (Emílio Dantas) na fuga pela favela: amor bandido capaz de seduzir o telespectador)
Foto: Raquel Cunha/TV Globo

É raro, muito raro, uma novela reunir tantas qualidades como acontece em ‘A Força do Querer’. Fica até difícil fazer crítica quando as eventuais falhas de uma produção são irrelevantes diante de acertos numerosos e expressivos.

Esta semana o folhetim está focado na trama policial protagonizada por Rubinho (Emílio Dantas), Bibi (Juliana Paes) e Jeiza (Paolla Oliveira).

A sequência que fechou o capítulo de terça-feira (4), com a fuga do bandido, culminou em cenas tensas e extremamente bem dirigidas vistas no dia seguinte.

Sob a direção artística de Rogério Gomes, a equipe capturou uma variedade rica de imagens da favela onde o casal se escondeu e foi perseguido pela policial.

Imagens aéreas com drones deram aspecto cinematográfico à novela. Já as câmeras acopladas ao corpo dos atores transmitiram tensão a cada solavanco provocado pelo relevo das vielas.

Closes dramáticos valorizam a interpretação dos atores, assim como o ‘slow motion’ (câmera lenta), usado com parcimônia, complementou a carga dramática. A trilha eletrizante foi a cereja no bolo.

O que se viu no capítulo 81 foi teledramaturgia da vida real realizada com irretocável padrão de qualidade.

O exímio trabalho colocou o telespectador nas frestas da comunidade, como uma testemunha ocular da ação. E isso é primordial: tirar o noveleiro do estado de passividade em seu sofá para inseri-lo no contexto da obra por meio da emoção.

Tudo o que se espera de uma novela é que desperte sentimentos para envolver e entreter quem está diante da TV.

O uso excessivo da violência urbana no roteiro foi um dos problemas de ‘A Regra do Jogo’ (2015-2016). Afastou quem buscava o escapismo e não a continuidade do pânico que se vê diariamente nas ruas das cidades brasileiras.

Já aqui, o tema está colocado na dose certa – e harmonizado com elementos suavizantes, como a paixão cega de uma mulher por aquele que ela considera o homem de sua vida e a guerra particular de uma jovem policial em busca de um mundo com mais justiça.

Gloria Perez, com sua melhor criação desde ‘O Clone’ (2001), brinda o fã de folhetins com tramas interessantes e personagens fortes, carismáticos, verossímeis, de fácil identificação pessoal por parte do público.

Há romantismo clássico, amor bandido, humor brejeiro, conflito de gênero, travestismo, bons vilões... ‘A Força do Querer’ resgata uma expressão havia muito tempo em desuso: ‘é um novelão’.

 

Fonte: Especial para Terra
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