Bicheiro da Globo foi tão poderoso e popular quanto os contraventores de ‘Os Donos do Jogo’
O excêntrico Tony Carrado caiu no gosto do público e entrou para a galeria de personagens populares da década de 1980
O sucesso da série ‘Os Donos do Jogo’, da Netflix, traz à memória um bicheiro da ficção que se tornou fenômeno de popularidade na TV.
Há 38 anos, na faixa das 20h da Globo, estava no ar a novela ‘Mandala’. Um dos personagens principais era Tony Carrado.
O bicheiro interpretado com vigor e graça por Nuno Leal Maia era irresistível: cafona, desbocado e romântico ao seu modo.
Temido por subalternos e inimigos na contravenção carioca, ele se jogava aos pés da bela Jocasta, papel de Vera Fischer, a quem chamava de “minha deusa”.
Aliás, o vocabulário do bicheiro era uma atração à parte. Ele soltava pérolas como “Depois da tempestade vem a ambulância”, “Tu pensa que eu estava deslizando no macio?”, “Quando a esmola é grande, o santo desafina”, “Vai assistir televisão com aquela antena paranóica”, “Vá decorar necrotério” e “Sou seu súbito”. Uma Magda de calças compridas.
O figurino do fora-da-lei também fez sucesso: ternos coloridos, camisas chamativas, joias de ostentação. Um emergente que fazia questão de esfregar sua fortuna na cara da sociedade tradicional.
O gosto musical do bicheiro era tão apreciado pelos telespectadores que gerou um disco, ‘As Preferidas de Tony Carrado’, com músicas de Wando, Fafá de Belém, Bezerra da Silva, Rosana e outros cantores populares.
No último capítulo da novela, Tony não só saiu impune da promoção do jogo do bicho como terminou nos braços da amada Jocasta. No caso dele, o crime compensou — e os telespectadores aprovaram final feliz do criminoso.