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Por que o Aeroporto Internacional de Kansai, no Japão, está afundando?

O Aeroporto Internacional de Kansai, no Japão, teve sua construção sobre uma ilha artificial na baía de Osaka. Saiba por que ele está afundando.

12 dez 2025 - 16h00
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O Aeroporto Internacional de Kansai, no Japão, teve sua construção sobre uma ilha artificial na baía de Osaka. Desde a inauguração, ele registra um processo contínuo de afundamento. Esse comportamento do solo é resultado direto do tipo de terreno utilizado, das características geológicas da região e das técnicas de engenharia adotadas na época do projeto. Por isso, o fenômeno tem monitoramento há décadas e ainda exige adaptações constantes na infraestrutura.

O aeroporto entrou em operação em 1994 e passou a ser um dos principais hubs internacionais do país. Porém, logo nos primeiros anos as autoridades notaram que a velocidade de afundamento estava acima das projeções iniciais. Em vez de estabilizar rapidamente, o solo sob a ilha artificial continuou se compactando. Assim, obrigou o operador a reforçar fundações, ajustar estruturas e revisar previsões de longo prazo para manter a segurança das operações.

A principal razão para o Aeroporto Internacional de Kansai estar afundando é a natureza do terreno sobre o qual a ilha artificial foi construída – depositphotos.com / BigGabig_depositphotos
A principal razão para o Aeroporto Internacional de Kansai estar afundando é a natureza do terreno sobre o qual a ilha artificial foi construída – depositphotos.com / BigGabig_depositphotos
Foto: Giro 10

Por que o Aeroporto Internacional de Kansai está afundando?

A principal razão para o Aeroporto Internacional de Kansai estar afundando é a natureza do terreno sobre o qual a ilha artificial foi construída. Afinal, a baía de Osaka é formada por espessas camadas de argila mole e sedimentos marinhos altamente compressíveis. Para criar a ilha, grandes volumes de solo e rochas foram depositados sobre esse material frágil, aumentando muito o peso sobre o subsolo e provocando uma compactação acelerada.

Esse processo chama-se recalque ou assentamento do solo. Quando uma carga intensa é colocada sobre camadas espessas de argila, os poros cheios de água começam a se esvaziar lentamente, e as partículas do solo se aproximam umas das outras. Assim, a perda gradual de água e o rearranjo das partículas resultam em redução de volume, o que se manifesta como o afundamento da superfície. No caso de Kansai, esse recalque é de longo prazo porque a argila é muito espessa e a drenagem é lenta.

Outro fator relevante é que o aterro utilizado na formação da ilha precisou atingir uma cota suficientemente alta para proteger o aeroporto contra marés, tempestades e tsunamis. Isso significou adicionar ainda mais peso sobre um terreno já vulnerável, intensificando a compressão. Mesmo com o uso de técnicas de pré-carregamento e drenos verticais para acelerar a consolidação, o ritmo de afundamento real se mostrou mais acentuado do que o previsto pelos modelos iniciais.

Como o solo da ilha artificial de Kansai se comporta ao longo do tempo?

O comportamento do solo sob o Aeroporto Internacional de Kansai é típico de regiões costeiras formadas por depósitos marinhos recentes. A argila da baía de Osaka apresenta alta compressibilidade, baixa permeabilidade e grande espessura, o que a torna propensa a recalques prolongados. Mesmo após mais de 30 anos da inauguração, o terreno ainda não alcançou uma estabilidade completa, embora a taxa de afundamento tenha diminuído em relação aos primeiros anos.

Os engenheiros classificam o processo em duas etapas principais: o recalque imediato, que ocorre logo após a aplicação da carga do aterro, e o recalque de consolidação, que pode durar décadas. No caso de Kansai, o recalque de consolidação é o mais relevante. Ele está ligado à expulsão gradual de água das camadas de argila, processo que depende do tempo e da capacidade de drenagem do solo. Como a permeabilidade é baixa, a água fica retida por longos períodos, prolongando o afundamento.

Além disso, o comportamento não é uniforme em toda a ilha. Algumas áreas afundam mais rapidamente do que outras, o que cria desafios adicionais. Diferenças de recalque podem causar deformações em pistas, pátios e edifícios, exigindo monitoramento constante e intervenções localizadas. Por isso, a administração do aeroporto mantém uma rede de instrumentos para medir variações de nível, deslocamentos e pressões no subsolo.

Quais foram as escolhas de engenharia que influenciaram o afundamento do aeroporto?

Quando o Aeroporto Internacional de Kansai foi projetado, na década de 1980, os especialistas já sabiam que o solo da baía de Osaka era problemático. Ainda assim, a escolha pela construção em uma ilha artificial foi mantida por razões urbanas, ambientais e operacionais, como a redução de ruído sobre áreas densamente povoadas e a disponibilidade de espaço para futuras ampliações. Para viabilizar a obra, foram adotadas várias soluções de engenharia para tentar controlar o recalque.

Entre as principais medidas usadas no projeto original, destacam-se:

  • Pré-carregamento do terreno, com o depósito antecipado de grandes volumes de aterro para acelerar a consolidação antes da construção das estruturas;
  • Drenos verticais instalados na argila para facilitar a saída de água dos poros e reduzir o tempo de recalque;
  • Fundação em estacas para edifícios e estruturas mais sensíveis, diminuindo o impacto do afundamento desigual;
  • Monitoramento geotécnico contínuo, com sensores destinados a acompanhar o comportamento do solo.

Mesmo assim, a estimativa inicial de quanto a ilha afundaria ao longo das décadas mostrou-se otimista. A compressibilidade da argila, somada ao peso do aterro e das estruturas, fez com que o recalque acumulado ultrapassasse parte das previsões. A experiência levou, posteriormente, a mudanças de abordagem em projetos semelhantes, com critérios mais conservadores e margens de segurança ampliadas para esse tipo de fundação em áreas costeiras.

Quando o Aeroporto Internacional de Kansai foi projetado, na década de 1980, os especialistas já sabiam que o solo da baía de Osaka era problemático – depositphotos.com / toa55
Quando o Aeroporto Internacional de Kansai foi projetado, na década de 1980, os especialistas já sabiam que o solo da baía de Osaka era problemático – depositphotos.com / toa55
Foto: Giro 10

Quais são os riscos e as soluções em uso para o Aeroporto Internacional de Kansai?

O afundamento do Aeroporto Internacional de Kansai não significa, por si só, que a operação seja insegura. O ponto central é a taxa de recalque e a capacidade de acompanhar esse movimento com ajustes estruturais. Até 2025, a estratégia tem sido combinar monitoramento detalhado com obras de reforço sempre que necessário, principalmente em pistas, pátios e terminais.

Entre as medidas já adotadas para mitigar os efeitos do afundamento, destacam-se:

  1. Recalçamento e reforço de fundações em pontos críticos, para compensar diferenças de nível e garantir estabilidade;
  2. Reperfilamento de pistas e taxiways, com camadas adicionais de pavimento para manter a inclinação e a drenagem adequadas;
  3. Ajuste de estruturas metálicas e de concreto, incluindo pilares e passarelas, para absorver deformações ao longo do tempo;
  4. Revisão periódica dos modelos geotécnicos, incorporando dados reais de monitoramento para atualizar previsões;
  5. Planejamento de longo prazo que considera cenários de elevação do nível do mar e eventos climáticos extremos.

Especialistas apontam que a tendência é de redução gradual na velocidade de afundamento, mas não de interrupção total em curto prazo. Assim, o Aeroporto Internacional de Kansai deve continuar a conviver com esse processo natural do solo, exigindo acompanhamento constante e intervenções pontuais. Esse caso passou a ser frequentemente citado em estudos de engenharia geotécnica e planejamento de grandes obras em áreas costeiras, servindo como referência para empreendimentos futuros que envolvem ilhas artificiais ou terrenos altamente compressíveis.

Giro 10
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