PB: Dominguinhos homenageia Gonzaga e faz dueto com Flávio José
- Lenildo Ferreira
- Direto de Campina Grande
No último sábado (2), o cantor e sanfoneiro Waldonys, considerado um novo discípulo de Luiz Gonzaga, levantou o público no principal show da noite do São João de Campina Grande, na Paraíba. Neste domingo (3), Dominguinhos, outro discípulo do Rei do Baião que aprendeu pertinho do mestre, encantou uma multidão superior a cem mil pessoas que ocuparam cada palmo do Arraial Ilton Motta, no Parque do Povo.
Para muitos, Dominguinhos é mais do que um brilhante aprendiz é, na verdade, um herdeiro musical de Luiz Gonzaga. Ele chegou ao palco de mansinho, com sua costumeira fala tranqüila e o timbre inconfundível. E, entre uma toada mais lenta e uma canção instrumental animada, daquelas que fazem o público dançar, prendeu a atenção do mar de gente durante todo o show.
Aos 71 anos, o sanfoneiro evita sustentar de pé o peso do acordeon. Mesmo sentado, marcando o ritmo da zabumba com o pé, em batidinhas bem compassadas no assoalho do palco, esbanja sua musicalidade com a ousadia inovadora que fez dele, ao mesmo tempo, um continuador do legado do "Velho Lua" e um renovador da obra do mestre.
A ousadia é capaz até de travar uma "disputa" entre sua sanfona e a guitarra de um dos músicos da banda que o acompanhava. A sanfona de Dominguinhos provocava, com solos atrevidos, e a guitarra respondia, no mesmo tom. Isso é forró? Isso é baião? Isso é seu José Domingos de Morais, Dominguinhos.
Antes de terminar seu show, o músico foi homenageado por Flávio José, outro ícone da música nordestina. Flávio, que se apresentou no Parque do Povo na noite de abertura do Maior São João do Mundo, na sexta-feira (1), subiu ao palco e foi recebido com o tradicional bom humor de Dominguinhos.
"Que prazer, meu irmão. E essa sanfona velha enferrujada? Eita, gota!", brincou o homenageado. Flávio José, que é bem menos extrovertido, sorriu e foi direto ao ponto: "em nome de todos os artistas da música nordestina, eu quero agradecer por todos esses anos de lição que nos proporcionou como cantor, instrumentista e figura humana".
Um abraço rápido e Flávio José, sem maiores rodeios, fez o que sabe melhor: a sanfona gemer. Num dueto improvisado, ele e Dominguinhos interpretaram canções impregnadas pela voz de Luiz Gonzaga na alma do povo do Nordeste, como Riacho do Navio e Respeita Januário. No fim, o homenageado agradeceu, em poucas palavras. "Que grande presente!".