Ópera 'Hilda Furacão', com amor proibido, religião e bossa nova, volta ao palco do Theatro Municipal
História da famosa prostituta que se apaixona por um frei, contada pelo escritor Roberto Drummond, tem adaptação para os palcos executada pela Orquestra Ouro Preto
A ópera brasileira Hilda Furacão, da Orquestra Ouro Preto, ganha nova turnê a partir desta sexta-feira, 8.
Em São Paulo, no Theatro Municipal, serão duas apresentações, na sexta-feira e no sábado, com ingressos já esgotados, o que repete o que ocorreu no ano passado, quando o espetáculo foi apresentado no mesmo local.
A adaptação do romance do escritor mineiro Roberto Drummond - a história, conhecida do grande público pela adaptação para a TV em 1998, em minissérie escrita por Glória Perez e protagonizada pela atriz Ana Paula Arósio - chegou aos palcos em 2024, em versão criada pelo compositor Tim Rescala e pelo maestro Rodrigo Toffolo, regente da Ouro Preto.
No palco, a história de Hilda, a prostituta que escandalizou a sociedade mineira e perturbou a Igreja, guarda os principais elementos da história - a mulher da alta sociedade que deixou a família para trás para viver na zona boêmia, se apaixonou por um frei e fez amigos com figuras da noite. Cercada pelos conservadores, ele foge no dia 1º de abril de 1964, quando o golpe militar é deflagrado.
"Hilda é uma heroína brasileira, uma mulher que não deixou que pautassem o futuro dela. Ela escolheu ser dona do próprio destino. E fez opções para essa liberdade. Nossa adaptação passa muito por essa visão. De uma mulher à frente do seu tempo", explica Toffolo.
O maestro diz que ópera também tem seu ato coragem: a grande cena do encontro da personagem com seu amado é ao som de bossa nova. "Tem a música russa que faz a moda russa, tem a música francesa, que faz a moda francesa, e a música brasileira tem que ter a moda brasileira. E nada como uma bossa nova para falar de amor. Vinicius de Moraes nos ensinou isso há tanto tempo...", diz.