SWU tem preços "insustentáveis"
- Emily Canto Nunes
- Direto de Itu
Quem veio a Itu atrás de uma experiência marcada pela palavra mais escutada desde que o Festival SWU começou a ser divulgado, a "sustentabilidade", saiu de pouco a bastante decepcionado. Além de trazer algumas das bandas mais aguardadas pelo público brasileiro como Rage Against The Machine, Kings of Leon, Queens of the Stone Age, o evento também promoveu, no início das tardes, o Fórum Global de Sustentanbilidade. Mas os preços praticados nas praças de alimentação e mesmo na tenda de souvenirs era um dos assuntos mais comentados nas rodas de amigos.
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Nas filas dos caixas, a reclamação maior era do preço da cerveja, R$ 6 por uma lata de 300 ml, e do preço da água, R$ 4, por um garrafa de 300 ml. Para quem está acampando, o almoço nos restaurantes do camping não saia por menos de R$ 12 o prato, podendo chegar a R$ 20. Os lanches das praças de alimentação distribuídas pelo espaço do festival não eram menos abusivos: um simples pão de queijo custa R$ 4 um sanduíche natural R$ 10. Para quem deseja uma comida que sustenta mais, como um cachorro quente completo ou mesmo um cheese burguer, é impossível gastar menos de R$ 8.
O casal que veio de Goiania e está acampado, Andreia Jacinto e Rodrigo Orro, estava bastante insatisfeito e calcula ter gasto, afora o ingresso para oa três dias, que para a pista comum custava R$ 570 (inteira), R$ 70 por pessoa. "Por enquanto, o festival não valeu o investimento, foi muito caro. Estamos esperando para ver as bandas que tocam hoje para ver se valeu a pena", disse Rodrigo.
Lembrancinha salgada
Mesmo com as críticas, há quem esteja gostando e queira levar além de fotos e da viviência dos shows, uma ou outra lembracinha desta que pode ser a primeira edição de um festival anual. Na barraca oficial do SWU, que comercializa produtos da marca do evento e também das bandas do line up, uma ecobag, provavelmente o item mais emblemático de um festival que prega que sustentabilidade do planeta "começa com você", custa R$50. Uma camiseta do festival ou de uma das bandas do dia, R$ 70. O pôster oficial não sai por menos de R$ 50 e uma pochete é vendida a salgados R$ 90. Para quem gostaria de levar qualquer coisa do SWU, a alternativa mais acessível (ou sustentável) era um chaveiro, R$ 5, um imã ou um botton.
Jonathan Fenile, de Campinas, que saiu da tenda das lembracinhas com uma camiseta contou que achou os preços bem caros, ficou com vontade de levar mais de um item, mas optou por uma camiseta do tour do Linkin Park, banda que o motivou a vir para o SWU, pois só estaria a venda no festival por conta da apresentação.
Pista Comum versus Pista Premium
Outro alvo de críticas do público foi a existência de duas categorias de pistas e dos preços discrepantes. Os mais ecléticos que tiveram a sorte (ou o azar) de ver várias de suas bandas prediletas reunidas nos três dias de evento podiam optar por investir R$ 570 (9, 10, e 11 de outubro) ou R$ 1.680,00, também para os três dias. A reportagem do Terra procurou, mas não encontrou quem tivesse comprado o pacote da Pista Premium, apenas fãs que tinham investido em um ou dois dias.
Esse foi o caso de Barbara Bellodi, Marco Aurélio Mingote e Pablo Azevedo, que pela primeira vez compraram uma pista "vip" em um show. "Resolvemos comprar o ingresso premium porque queremos muito ver Incubus e Cavalera Conspirancy e também porque pagamos meia por sermos estudantes", contou Bruna. Para Pablo, que ficou pouco mais de uma hora esperando para ver Cavalera Conspirancy da pista premium, não tem preço ficar perto dos ídolos. "É tudo uma questão de escolher no que investir, de deixar de comprar algumas coisas para ver a banda." De qualquer forma, os três amigos concordaram que o preço da pista Premium estava bastante salgado e que se fosse para vir nos três dias de evento, não conseguiriam.
Espremidos contra as grades que separam a pista comum da pista premium estavam quatro amigos do Paraná, Anderson Costa, Bruna Hissone, Rafael Franke e Jacédio Junior, que desde às 14h aguardavam o show do Incubus (19h54) e mais além do Queens of the Stone Age (20h57). Os paranaenses estavam bastante inconformados com a existência de uma pista vip: "só no Brasil que existe duas pistas. Nos grandes festivais do mundo isso não acontece", disse Anderson. Da pista comum, os quatro amigos confirmaram a impressão geral de que a empolgação das pessoas da pista Premium fica muito aquem da vibração de quem está na comum. Marina Fazoli, que veio de São Paulo com a prima Paula Fazoli, se mostra indignada: "não é mais fã quem tem mais dinheiro".
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