Morte de Luciano Pavarotti completa cinco anos; relembre a carreira
Nesta quinta-feira (6), a morte de Luciano Pavarotti completa cinco anos. Na época, o tenor italiano estava com 71 anos e morreu em decorrência de um câncer no pâncreas, na cidade de Módena, na Itália. O músico havia sofrido uma cirurgia para a retirada de um tumor no órgão em julho de 2006, pouco mais de um ano antes.
Um mês antes da morte, em 8 de agosto de 2007, o tenor havia sido internado com uma infecção pulmonar no Hospital Policlínico de Módena. Ele saiu do centro médico no dia 25 do mesmo mês e estava recebendo cuidados de uma equipe de especialistas na sua casa.
Nascido em Módena no dia 12 de outubro de 1935, Pavarotti teve sua primeira experiência musical no coro de sua cidade natal, no qual cantava com seu pai. Mais tarde, junto ao coral Gioachino Rossini, foi até o País de Gales para participar de um concurso internacional de canto. Venceram, e o evento aumentou a ambição do jovem Pavarotti de se tornar tenor.
Estudou canto e conseguiu o diploma de maestro elementar. Não demorou muito até ser instruído por Arrigo Pola e por Ettore Campogalliani. Em 1961, venceu o prestigioso Concurso Internacional, que lhe deu a oportunidade de debutar, no mesmo ano, na ópera La Bohème, no papel do protagonista Rodolfo.
Obras
Pavarotti será sempre recordado pelos papéis principais que interpretou nos grandes clássicos da ópera mundial. Fez Aida, La Traviata, Madame Butterfly, Tosca, Pagliacci, Il Trovatore, Turandot, Baile de Máscaras, O Elixir do Amor, entre outros.
Suas versões para essas óperas estão entre as mais vendidas, incluindo Otelo, Andrea Chenier, Mary Stuart, Mefistófeles, Macbeth, Guilherme Tell e uma infinidade de obras que fazem a carreira do tenor se confundir com a história da música clássica. Seu álbum Pavarotti Essencial foi o primeiro disco clássico a alcançar o topo da parada pop britânica, ficando em primeiro lugar durante cinco semanas.
Amigos
Pavarotti contracenou com os mais ilustres cantores clássicos de sua época, como Montserrat Caballé, Piero Cappuccilli, José Carreras, Plácido Domingo, Kiri Te Kanawa, Joan Sutherland, entre outros. Também foi regido por Tullio Serafin, Claudio Abbado, Leonard Bernstein, Seiji Ozawa, Zubin Mehta, Eugene Ormandy, entre muitos outros. Com os colegas e amigos pessoais José Carreras e Plácido Domingo, Pavarotti viajou o mundo divulgando o espetáculo Três Tenores que passou, inclusive, pelo Brasil.
Público
Pavarotti se apresentou nos maiores palcos da América, Europa, Ásia, Austrália, Oriente Médio e África do Sul, incluindo o Madison Square Garden, em Nova York, e o estádio de Wembley, em Londres.
Foi na capital inglesa, aliás, onde ocorreu uma de suas maiores apresentações, no Hyde Park, que, apesar da chuva torrencial que caía, levou 150 mil pessoas ao local, inclusive o príncipe e a princesa de Gales e o primeiro ministro britânico.
Em junho de 1993, cantou para quase meio milhão de pessoas presentes a seu show no Central Park, em Nova York. Um concerto sob a torre Eiffel, em Paris, foi aplaudido por quase 300 mil pessoas, que puderam acompanhar a apresentação via satélite.
Pavarotti & Friends
O tenor italiano sempre teve uma grande paixão por cavalos, se tornando um especialista no setor. Pavarotti organizou um circuito internacional de salto de obstáculos, chamado Pavarotti International, um campeonato que deu origem a um concerto beneficente, chamado Pavarotti & Friends, que teve mais de dez edições.
Editado em discos, os shows eram referência e deram origem a grandes sucessos, como Miss Sarajevo, que o tenor cantou com os irlandeses do U2. Mariah Carey, Eric Clapton, Joe Cocker, The Corrs, Lucio Dalla, Celine Dion, Elton John, Ricky Martin, Spice Girls, Liza Minnelli, George Michael, Elton John, Lionel Ritchie, Sting, Barry White, Stevie Wonder, Sheryl Crow e até BB King também se apresentaram no projeto.
A renda do Pavarotti & Friends arrecadou muitos milhões de dólares que foram usados para financiar projetos sócio-educativos na Bósnia, Camboja, Kosovo, Guatemala, Libéria, Tibet, sem falar no trabalho para refugiados afegãos no Paquistão e angolanos em Zâmbia. Só em 2003, arrecadou cerca de US$ 2 milhões, que foram usados em ajuda humanitária aos iraquianos, vítimas da guerra.
Prêmio
Luciano Pavarotti recebeu muitas honrarias internacionais e um grande número de prêmios. Foi nomeado Embaixador da Paz pelo então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, por ter conseguido arrecadar fundos de ajuda humanitária para a entidade mais do que qualquer outro cidadão no mundo.
Ganhou, ainda, o Grammy Legend Award em 1998, numerosos Emmy e diversos títulos de universidades ao redor do mundo. Também em 1998, o prefeito de Nova York da época, Rudolph Giuliani, proclamou o Luciano Pavarotti Day, em comemoração ao 30º aniversário de sua estréia na Metropolitan Opera House.
Altos e baixos
A carreira de Luciano Pavarotti foi uma das mais longas entre aquelas de cantores líricos, vivida através de inovações frequentemente discutidas e dividindo opiniões entre críticos ferozes e apaixonados leais. Uma carreira iniciada em Módena, na Itália, onde nasceu em 12 de outubro de 1935.
O ano da reviravolta foi em 1961, quando o jovem de 26 anos venceu o Concurso Internacional de Reggio Emilia, onde estreou como Rodolfo na famosa La Boheme. Sua voz de tenor o levou em poucos anos aos grandes teatros do mundo, como a Ópera de Amsterdã, o Staatsoper de Viena, o Covent Garden de Londres, o Liceu de Barcelona e o Festival de Glyndebourne.
Em 1965, a estreia no Scala em La Boheme aconteceu com Mirella Freni e Karajan e foi um triunfo. E em 1967, com a mesma obra, Pavarotti enfrenta com idêntico sucesso o Metropolitan de Nova York. O estrelato da lírica já envolvia o tenor de Módena que, em 1982, foi protagonista de um filme avaliado em US$ 18 milhões, Yes, Giorgio.
Em 1983, Pavarotti foi vaiado durante o concertoLucia de Lammermoor e, em Salisburgo, durante o Idomeneo, a imprensa o criticou por não ter adaptado papéis de Mozart. Foi na metade dos anos 1980 que novos horizontes se abriram para o tenor. Ele, que ganhou disco de platina depois de dois de ouro, cantou 44 gatos pelos 30 anos do Zecchino de Ouro. Depois, estreou na direção, em Veneza, com La Favorita, de Donizetti.
A grande festa da Itália para a Copa do Mundo de Futebol de 1990 viu o nascimento do fenômeno Três Tenores, que se transformou em recorde de vendas de discos. Em Caracalla, com Plácido Domingos e José Carreras, cantou temas célebres, mas também Cielito Lindo, La Vie en Rose e Ó Sole Mio. A plateia era de um milhão de espectadores.
No teatro, ele voltou a Reggio Emilia para festejar os 30 anos de sua estreia, e a Nova York pelo Rigoletto, no qual desafinou na interpretação de La Donna è Mobile e não foi perdoado. Depois, sua carreira alternou entre grandes sucessos no exterior e fortuna.
Dedicou-se à formação de jovens intérpretes, e como parceiros escolheu músicos e cantores de blues e rock, gravou Miserere com Zucchero, cantou para crianças doentes em Cardiff a convite de sua amiga, a princesa Diana, e em 1994 dedicou o Requiem de Verdi aos mortos de um atentado mafioso em Florença.
Nos últimos anos de sua vida, Luciano Pavarotti havia encontrado um novo amor, Nicoletta Mantovani, com quem se casou e teve uma filha, Alice. Este foi o segundo casamento do tenor - no primeiro, com Adua, ele teve três filhas, Lorenza, Cristina e Guiliana.
Dias depois de sua morte, o último testamento deixando pelo tenor causou polêmica. O documento privava suas três primeiras filhas de grande parte da herança, que incluía apartamentos na valorizada região do Central Park, nos Estados Unidos, além de uma coleção de obras de arte. As duas famílias entraram em um acordo amigável.