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Bruno Bioza, o garoto prodígio da ópera e da literatura

Aos 6 anos, ele cantava ária de Puccini, aos 8 escreveu o seu primeiro livro e agora, aos 15, faz shows beneficentes

2 ago 2021 - 20h10
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No momento em que a reportagem entrou em contato com Bruno Bioza, 15 anos, ele estava gravando o clipe de Monte Castelo, uma versão do sucesso do Legião Urbana que deve ser lançada neste mês de agosto. Apesar da pouca idade, ele é cantor de ópera, escritor, autor teatral, ativista social e palestrante. Ou seja, seria impossível falar com Bioza em algum momento livre.

Para dar conta de organizar tantos talentos, Bioza precisou começar cedo. Aos 2 anos, já se apresentava para os pais na sala, imitando cantores que via na televisão. Não demorou, inclusive, para tentar repetir o que tenores como Luciano Pavarotti e Andrea Bocelli faziam. "Minha mãe disse que eu não nasci chorando, mas cantando", brincou.

Aliás, a mãe, Elaine Bomfim, 50 anos, teve um papel importante na vontade de Bioza de aprender a cantar. "Minha mãe andava muito triste. Ela tinha depressão. Então, eu cantava para ela, que se alegrava com isso", disse. Por volta dos 6, 7 anos, Bioza já cantava óperas como a Ave Maria, de Bach/Gounod, e Nessun Dorma, famosa ária do último ato da ópera Turandot, de Giacomo Puccini.

As aulas de voz só começaram aos 12 anos. Antes, era pura intuição e poder de observação - características marcantes na personalidade de Bioza. Mas o momento que transformou o garoto em um prodígio multitarefa aconteceu durante um almoço. Enquanto ele, sua mãe e o irmão estavam em um restaurante, o pai, Rômulo Bioza, 56 anos, que é médico voluntário no sertão nordestino, enviou uma foto pelo celular.

A foto trazia um homem segurando um gambá. Por mensagem, o pai explicava que aquele gambá seria, por uma semana inteira, "a refeição da família daquele homem", recordou.

Como crianças, Bioza e o irmão tiveram o impulso de defender o gambá da fome de um homem sem acesso a um prato de feijão. Rapidamente, Elaine recolocou as coisas no lugar e explicou aos meninos que o triste daquela imagem era a fome do homem e da família dele. "Eu estava em um restaurante. Ia sobrar comida pra caramba. E aquelas pessoas só teriam um gambá para se alimentar."

Bioza perdeu o sono. A imagem do homem que só tinha um gambá para se alimentar não saía de sua cabeça. "Eu tinha que fazer alguma coisa. Ter pena de alguém não basta, não ajuda. A gente tem de agir", afirmou.

E, naquela mesma noite, Bioza teve a ideia do enredo que resultou no livro João Pede Feijão. Ele pulou da cama e foi direto falar com a mãe. "Ela entendeu como João Pé de Feijão e disse, claro, que esse livro já existia. Tive que explicar que o meu João era diferente e que eu precisava lançar esse livro logo", lembrou.

Então, aos 8 anos, e com apoio financeiro dos pais, Bioza lançava a primeira edição de João Pede Feijão (uma história contada em forma de cordel e que era acompanhada por músicas compostas e cantadas pelo próprio Bioza). O dinheiro arrecadado com o livro foi para ONGs que atuavam no sertão. Uma terceira edição da obra está a caminho - bem como uma peça teatral escrita pelo próprio Bioza.

Com o sucesso do livro, o rapaz começou a receber convites para falar em escolas (muitas adotaram seu livro como leitura obrigatória) e comunidades. Suas palestras chegaram até o sertão nordestino, onde pode falar e cantar para crianças e jovens como ele. "Fui visitar um povoado indígena no sertão, coisa que muitos nem sabem que existe. No fim da palestra, perguntei o que eles queriam ouvir. Para a minha surpresa, eles pediram uma ópera", disse.

A série de shows beneficentes e palestras foi interrompida pela pandemia da covid-19. Mas se engana quem achou que o inquieto Bioza parou de produzir. Neste período, ele já participou do Canta Comigo Teen, na TV Record; criou um projeto de serenatas online e está no meio de uma ação social para arrecadação de brinquedos visando o Dia das Crianças.

Assim, como contamos lá no começo, Bioza está gravando um clipe com a música Monte Castelo, um clássico da Legião Urbana ("Ainda que eu falasse a língua do homens/ E falasse a língua do anjos, sem amor eu nada seria..."). "Fiz uma releitura diferente, um arranjo para os fãs do Renato Russo e que também tivesse essa pegada clássica e de ópera. Gosto da mensagem da música. Essa mensagem de amor neste momento é muito importante", falou.

Estadão
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