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Por que Bolsonaro, Neymar e Guedes abandonaram entrevistas furiosos

Casos recentes exemplificam comportamento comum entre personalidades midiáticas que não toleram ser contrariadas

25 set 2022 - 15h36
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Com poucos dias de diferença, três homens poderosos se irritaram com uma pergunta feita por um jornalista e abandonaram uma entrevista. 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, participava da gravação do programa de Luís Ernesto Lacombe no estúdio da RedeTV!, em São Paulo. 

Ao ouvir uma questão sobre o piso salarial da enfermagem, o braço-direito de Jair Bolsonaro mudou o humor, tirou o microfone, se levantou e foi embora. Ainda pediu que a parte já gravada não fosse exibida. 

Um comportamento estranho de Guedes, já que Lacombe é declaradamente simpático ao presidente e defensor de seu governo. 

Em Londres para o funeral da rainha Elizabeth II, Bolsonaro parou para conversar com jornalistas diante da casa do embaixador do Brasil. 

Quando uma repórter o questionou sobre a repercussão negativa da viagem pelo suposto uso eleitoral, o presidente ficou irado, virou as costas e partiu. 

Após a vitória de 3 a 0 da Seleção sobre Gana em Le Havre, na França, Neymar atendeu a imprensa. 

Mas quando um jornalista quis saber da relação do brasileiro com o colega no PSG Mbappé, o craque fechou a cara, disse que não ia responder e deixou o local. 

Segundo a imprensa, os dois teriam tido desentendimentos devido à disputa do protagonismo no time francês. 

Estes três episódios ressaltam uma prática comum entre famosos (esportistas, atores, cantores, modelos, políticos etc.). 

Quando são perguntados a respeito de um tema polêmico ou incômodo, mudam de atitude e interrompem a entrevista. 

Apesar da experiência em lidar com as câmeras, parecem incapazes de se controlar emocionalmente e formular uma resposta protocolar. 

Ignoram que uma reação raivosa ou uma omissão repercutem mais do que o assunto que querem evitar e geram danos à imagem pública.

Bolsonaro, Neymar e Guedes têm dificuldade de controlar a irritação quando são confrontados
Bolsonaro, Neymar e Guedes têm dificuldade de controlar a irritação quando são confrontados
Foto: Divulgação/Agência Brasil

Psicólogo especialista em Relacionamentos pela Universidade de Miami, Alexander Bez explica o motivo de essas personalidades influentes reagirem de tal maneira.

Por que esse comportamento estranho ao ser contestado? 

O termo técnico para isso é ‘intolerância à frustração’. O comportamento das pessoas intolerantes à frustração é geralmente previsível e observável. Na maioria das vezes, elas são mal-humoradas, impacientes, negativas e vitimistas, sentem-se injustiçadas e, assim, colecionam frustrações ao longo do tempo. É importante analisarmos o conteúdo das perguntas feitas, assim como as pessoas envolvidas. A pergunta tem um significado psicológico muito grande para aquela pessoa. Precisamos entender o motivo da reação. De onde vem essa irritabilidade? Usualmente, quando a pessoa não deve nada, ou quando não tem nenhum tipo de material a ser escondido, ela não tem nenhum problema em responder. A intolerância à frustração possui várias nuances. 

Tem a ver com sensação de poder e vaidade excessiva? 

São aspectos que não podem ser menosprezados. Mas não é apenas isso. Se formos mais a fundo podemos achar alguma outra questão. A intolerância à frustração geralmente vem de pessoas que se acham intocáveis e donas da verdade. A gente pode chamar de egolatria, sendo um pouco mais denso. Outra motivação para agir dessa maneira, se esquivando ou até tendo comportamentos radicais, pode ser uma situação de abandono, enxergada pela psicologia como uma sensação de fuga. A pergunta tocou num ponto-chave, num ponto nevrálgico. 

Essa atitude remete a alguma patologia psicológica? 

Pode se caracterizar uma patologia psicológica se o comportamento for recorrente. Caso seja uma reação isolada, pode ser apenas em relação àquela pergunta ou àquela resposta específica que causou irritabilidade. Se acontecer repetidamente, pode sim ser considerada uma patologia neurótica. 

Como podemos ser mais tolerantes quando somos pressionados? 

Principalmente através da tomada de consciência, do raciocínio e da integridade da saúde mental. É importante a pessoa ter sua própria percepção e enxergar quando algo precisa ser mudado. A ação abandono, que pode até ser considerada uma atitude passiva-agressiva, deve ser analisada pelo autor da ação, para poder trabalhar a tolerância em si próprio.

Psicólogo Alexander Bez diz que a frustração pode causar reação negativa diante de uma pergunta
Psicólogo Alexander Bez diz que a frustração pode causar reação negativa diante de uma pergunta
Foto: Divulgação
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