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Na TV, Huck renega Bolsonaro e diz que não será candidato

Atacado por direita e esquerda, apresentador vai se dedicar ao desafio de substituir Faustão e fazer política de longe

16 jun 2021 - 08h34
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Na madrugada desta quarta-feira (16), Pedro Bial arrancou de Luciano Huck o que milhões de pessoas esperavam ouvir. O apresentador anunciou que não vai concorrer à Presidência da República em 2022.

Huck sai do caminho eleitoral de Bolsonaro em 2022, mas anuncia a continuidade de seu ativismo político
Huck sai do caminho eleitoral de Bolsonaro em 2022, mas anuncia a continuidade de seu ativismo político
Foto: TV Globo/Divulgação e Isac Nóbrega/Presidência da República/Divulgação (Fotomontagem: Blog Sala de TV)

“Eu vou ser muito franco aqui. Eu nunca me lancei candidato a nada, vamos deixar isso claro”, disse. “Então, eu não estaria retirando nenhuma candidatura, porque eu nunca lancei candidatura.”

Trata-se de meia verdade. Oficialmente, Huck jamais se apresentou candidato. Mas, nos bastidores, montou equipe de trabalho, esboçou plano de governo e costurou apoio político para viabilizar seu projeto eleitoral.

O nome dele foi incluído em pesquisas de intenções de votos e não saiu da boca de caciques políticos. Em declarações públicas, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula criticaram Luciano como se ele fosse um concorrente de fato na corrida pelas urnas do ano que vem.

Jovem e moderado, era apontado como nome viável para a tal ‘terceira via’ de centro no espectro político, com a missão de derrotar a continuidade do bolsonarismo e impedir o retorno do lulismo. Huck chegou a conversar sobre aliança com os ex-ministros Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e Sergio Moro (Justiça e Segurança).

Na participação no ‘Conversa com Bial’, gravada remotamente, o apresentador desfez o ‘mito’ em relação a seu voto em 2018. Ao contrário do que muitos acreditavam, disse não ter votado em Bolsonaro.

“Eu votei em branco na última eleição, é o que eu devia ter feito e fiz com bastante tranquilidade”, afirmou. Os dois candidatos que se apresentavam naquela época (Bolsonaro e Haddad, no segundo turno), eu não me sentia representado por nenhum dos dois. Votei em branco e votaria em branco de novo.”

A impressão coletiva de voto em Bolsonaro surgiu a partir de um vídeo postado por Huck em rede social, poucos dias antes da ida às urnas no segundo turno. Apesar de não declarar apoio a nenhum candidato na gravação, ele sinalizou simpatia pelo representante da direita.

“Eu levantei os problemas (de Bolsonaro) e acho, sim, que as pessoas podem amadurecer. É o que eu estou falando. Vamos ver o que vai fazer. (Ele) tem uma chance de ouro, né? De ressignificar a política no Brasil.”

A benevolência durou pouco. Poucos meses após a posse de Bolsonaro, Luciano passou a contestá-lo em palestras Brasil afora. Essa mudança de postura reforçou a percepção pública de construção de futura candidatura ao Planalto. A Bial, Huck disse que Bolsonaro “ataca a democracia”.

Hoje, o apresentador é alvo de bolsonaristas, parte dos direitistas e esquerdistas em geral. Segue demonizado por sua ligação com a Globo (símbolo máximo do poder de influência da mídia) e as ações sociais no ‘Caldeirão’, vistas por seus desafetos como mero assistencialismo em busca de audiência.

Sofre explícito preconceito pela origem em família de classe média alta intelectualizada e por ter se tornado milionário com o entretenimento e negócios em outras áreas. O que seria vantagem — fama, sucesso, penetração nas classes baixas via televisão — vira argumento negativo na boca de seus ‘inimigos’.

O apresentador, que fará 50 anos em setembro, não vai se afastar da discussão política. Mas seu foco passa a ser o novo programa na Globo, com a qual acaba de renovar contrato de longa duração.

Ele ocupará a faixa a ser deixada por Fausto Silva. O ‘Domingão’ sai do ar em 26 de dezembro, após quase 33 anos ininterruptos no canal. O ‘príncipe dos sábados’ terá o desafio de manter a audiência e o faturamento do ‘rei dos domingos’ da emissora carioca.

“Poder fazer um programa popular, que tenha mensagem positiva, de esperança, em que as pessoas se divirtam, se inspiram, se emocionem. Eu estou vendo esse desafio como o mais importante da minha carreira e vou dedicar cada dia, cada minuto para que seja um espelho da nossa sociedade e de tudo que a gente tem de bom”, promete Huck.

Agora sem ter em seu caminho aquele que diziam ser “o candidato da Globo”, Bolsonaro e Lula deverão passar a quarta-feira de bom humor.

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