Jesuíta beija rapazes, Alanis beija moças e os homofóbicos seguram vela
Ao viver livremente como LGBTs, protagonistas de ‘Pantanal’ promovem pequena revolução na relação entre o público e os atores da TV
Galã não pode ser gay e mocinha não pode ser lésbica. Bissexuais? Nananinanão. Até pouco tempo, essa era a regra imposta aos artistas de novelas.
Atores e atrizes LGBTs se trancavam em armários e viviam com medo de ser expostos. Ter a orientação sexual revelada era um risco à carreira na TV e impedimento para conseguir campanhas publicitárias.
O mundo mudou. Não tanto quanto deveria, mas evoluiu um pouco. Hoje, os famosos declaradamente não heterossexuais têm aceitação da maior parte do público.
Ok, boa parcela não aceita exatamente. Apena tolera ou age com indiferença. Melhor assim do que manifestar preconceito, atacar com ódio e aderir a boicotes, como os radicais pregam.
Na sexta-feira (5), as redes sociais ficaram eufóricas com o flagra de Jesuíta Barbosa beijando um rapaz na boca (belo bigode, aliás) na praia do Leblon, no Rio.
Jove cansou do lenga-lenga de Juma — “Querimbora, querimbora!” — e investiu em um boy magia. Brincadeira à parte, o ator não estava nem um pouco preocupado com os olhares curiosos de anônimos e dos paparazzi ao aproveitar o inverno quente carioca.
No domingo (31), Alanis Guillen havia sido a ‘flagrada da vez’. A foto ao lado de uma loira, em um shopping, levou veículos de imprensa a noticiarem que formavam um casal. A atriz disse se tratar de uma amiga.
A intérprete da mulher-onça em ‘Pantanal’ criou uma definição própria para sua sexualidade. “Sou uma mulher múltipla”, afirmou ao ‘Fantástico’. “Aprendi muito com minhas relações, tanto com mulheres quanto com homens.”
Os dois protagonistas da novela das 9 da Globo vivendo sem medo seu desejo baseado na diversidade sexual é uma prova do atual viés progressista da sociedade, apesar do recrudescimento da intolerância nos últimos anos.
Não se trata de fazer propaganda da sexualidade dos LGBTQIAP+, e sim ressaltar a importância da garantia das liberdades individuais, como a de beijar quem a pessoa quiser.
Sem ativismo, apenas por ser quem são diante dos olhos de todos, os intérpretes de Juma e Jove dão valiosa contribuição na luta contra o preconceito.
O caso de Jesuíta e Alanis serve também para estimular o noveleiro a separar definitivamente o ator/a atriz de seu personagem. Não dá mais para misturar ficção com a vida privada dos artistas.