Todos os 9 filmes de Yorgos Lanthimos, do pior ao melhor, segundo Rolling Stone
O excêntrico diretor grego de 'Bugonia' deixa sua assinatura nas telas há duas décadas; confira o ranking completo
Na última quinta, 27 de novembro, chegou aos cinemas brasileiros Bugonia, longa-metragem dirigido por Yorgos Lanthimos, que também é a quarta colaboração do cineasta com Emma Stone (Pobres Criaturas, A Favorita, Tipos De Gentileza). A produção dividiu a crítica: enquanto alguns caracterizam o longa como um "maravilhoso absurdismo tragicômico", que ironiza de forma afiada a sociedade contemporânea, outros apontam a fragilidade na construção da narrativa e a mistura de gêneros não muito eficaz.
Mas essa não é, nem de longe, a primeira vez na qual Lanthimos põe em cheque a opinião do público. Há duas décadas, o cineasta vem se apropriando da realidade para distorcê-la de forma bizarra, desafiando normas convencionais do cinema e deixando as mais diversas impressões entre seus espectadores.
Em 2024, o diretor ganhou reconhecimento internacional ao vencer o Oscar com Pobres Criaturas. Apesar do longa ser, sim, seu maior feito — com um design criativo e uma direção perturbadora e, ao mesmo tempo, sedutora — Lanthimos já tinha uma variedade de obras pouco exploradas antes disso que também merecem atenção.
As origens estilísticas do cineasta remetem a um modelo de cinema independente que surgiu durante a crise imobiliária de 2008, que ocorreu nos EUA e repercutiu em escala mundial. Após a instauração de uma depressão econômica profunda na Grécia, iniciou-se uma onda artística contracultural que propunha questionar os valores capitalistas dominantes. Aliando-se à filosofia queer, a chamada "Estranha Onda Grega" pretendia subverter o status quo, desconstruindo pautas normativas das narrativas cinematográficas e distorcendo as noções de bem e mal, certo e errado.
Cresceu, assim, a produção de filmes de baixo orçamento, marcados por tensão e distúrbio psicológico e desprovidos de um sentido ou desfecho definido. Todas essas características são fortemente observáveis, principalmente nos filmes iniciais de Lanthimos. Porém, após fazer sucesso com O Lagosta (2015), a proporção (e o orçamento) das obras do cineasta mudaram.
Lanthimos também tem alguns curtas marcantes em sua trajetória. Nimic (2019), por exemplo, acompanha um músico (Matt Dillon) que, após uma breve interação com uma mulher no metrô, vê sua vida ser gradualmente usurpada por ela. Sem explicações, a estranha passa a imitar seus gestos, sua voz, e seus hábitos, e lentamente ocupa seu lugar na família e no cotidiano. Em 12 minutos, assistimos a um verdadeiro pesadelo sobre a fragilidade do "eu".
O curta utiliza o absurdismo característico do diretor em um ritmo muito mais acelerado, mas tão instigante quanto alguns de seus longas. A seguir, confira todos os filmes de Yorgos Lanthimos, do pior ao melhor, segundo a Rolling Stone Brasil.
9 - Kinetta (2005)
Primeiro longa-metragem dirigido inteiramente por Lanthimos, Kinetta é um drama experimental que acompanha três personagens: um policial obcecado por casos de assassinato, uma empregada doméstica de hotel e um fotógrafo amador.
Em uma cidade litorânea fora de temporada, os três se reúnem para encenar, repetidas vezes, crimes reais que ocorreram na região. Essa atividade não é uma investigação formal nem tem um objetivo claro: o interesse principal é a performance em si. A narrativa é fragmentada, com poucos diálogos e longos planos que revelam, aos poucos, a fragilidade dos indivíduos.
Kinetta já apresenta muitas marcas do cinema posterior de Lanthimos: distanciamento emocional, estranheza, cinismo, e estética radical. Porém, esses aspectos ainda aparecem num estado muito bruto. O filme é completamente vazio de explicações, e a interpretação fica totalmente subjetiva ao espectador. É como um laboratório de ideias ainda não concluídas, que não conseguem causar impacto algum. O ritmo é arrastado, as repetições, monótonas, e mesmo a violência ritualizada não tem força para construir uma tensão minimamente interessante.
ONDE ASSISTIR: Mubi
8 - Alpes (2011)
Alpes utiliza também o elemento da repetição como base de sua narrativa, dessa vez, com um pouco mais de destreza. A obra acompanha uma equipe de profissionais que prestam um serviço pouco convencional: eles interpretam pessoas mortas para ajudar familiares e amigos a lidarem com um luto. A experiência inclui uma verdadeira personificação das atitudes e vivências da pessoa falecida.
No entanto, o limite entre performance e identidade começa a se dissolver à medida que a enfermeira (Angeliki Papulia) se aprofunda demais em um de seus papéis. O grupo é liderado por um instrutor rígido sobre como cada serviço deve acontecer, mas mesmo ele não consegue impedir a personagem. Aos poucos, o sistema calculado dos Alpes começa a se deteriorar, revelando que todos dependem daquela encenação para preencher vazios pessoais.
Alpes tenta, ao menos, dizer algo relevante sobre a forma como lidamos com a morte, e pode gerar uma reflexão sobre os riscos do escapismo e a linha tênue entre a ilusão e a loucura. Existe uma força no conceito proposto pelo diretor e na artificialidade da dinâmica de representar o morto.
Ainda assim, isso não compensa o tédio de assistir a quase duas horas de personagens completamente perdidos em suas ações e emoções. O filme raramente transforma sua premissa em algo envolvente, e a narrativa avança de forma forçada, dificultando qualquer investimento emocional do público. Alpes pode ser um trabalho importante dentro da evolução do diretor, mas não tem a energia necessária para sustentar sua própria estranheza.
ONDE ASSISTIR: Mubi
7 - Dente Canino (2009)
Seu primeiro longa aclamado pela crítica, Dente Canino projetou Lanthimos no cenário cinematográfico internacional, preparando o terreno para seus sucessos posteriores. Ele venceu o prêmio principal na seção "Um Certo Olhar" no Festival de Cannes de 2009 e foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional. Sua originalidade na direção e estética definem bem a "Estranha Onda Grega" do cinema.
A trama acompanha uma família, no mínimo, peculiar: três jovens adultos (Hristos Passalis, Angeliki Papulia e Mary Tsoni) vivem isolados em uma propriedade cercada, criados por pais (Christos Stergioglou e Michelle Valley) que os protegem da "influência negativa" do mundo exterior. Os pais apresentam aos filhos uma versão distorcida da realidade, mentindo sobre o significado de palavras e conceitos básicos.
Apesar dessa criação cheia de regras, pequenas falhas na narrativa familiar começam a gerar nos filhos alguns questionamentos, e colocar sua realidade em cheque. Esse processo ameaça a autoridade dos pais, e desencadeia uma ruptura irreversível naquele ambiente calculado — culminando em situações mais desastrosas do que você pode imaginar.
O filme traduz sua ideia absurda em uma linguagem visual bem interessante, reforçando constantemente a sensação de aprisionamento a qual os adultos são submetidos. Com um aspecto emocional potente e estilo surrealista, Lanthimos explora ao máximo os limites do absurdo e do desconforto.
Alguns trechos muito desconexos da trama geral tornam a experiência mais fria do que o necessário, mas outros utilizam o humor de forma satisfatória. Para os interessados na filmografia de Lanthimos, este é um clássico em sua forma pura: é bizarro e não deseja, de maneira alguma, agradar ou confortar o espectador (como alguns de seus longas mais recentes). Vale a pena conferir.
ONDE ASSISTIR: Mubi
6 - Tipos de Gentileza (2024)
Tipos de Gentileza não é uma história linear, mas uma antologia — três histórias independentes de aproximadamente 50 minutos cada, interpretados pelos mesmos atores (Emma Stone, Jesse Plemons, Willem Dafoe, Margaret Qualley, Hong Chau, Joe Alwyn e Mamoudou Athie). Em cada história, os personagens desenvolvem diferentes relações uns com os outros, assemelhando-se apenas em uma pergunta comum: o que acontece quando a realidade natural dos indivíduos é corrompida?
Os protagonistas partem de diferentes situações problemáticas e precisam decidir até onde irão para recuperar o pertencimento e o amor (ou obsessão) que perderam. Ainda que fossem infelizes, adaptar-se a uma realidade desconhecida é um desafio ainda maior. Tecendo uma crítica moral, Lanthimos barbariza a maneira como as relações de poder podem ultrapassar os limites da racionalidade.
O título dos contos é determinado pelas ações de um único personagem secundário que existe durante toda a obra: RMF, interpretado por Yorgos Stefanakos. Mesclando romance, horror e comédia, fica incerto, em determinados momentos, o que faz parte de uma metáfora maior e o que é apenas brutal, sem prestar nenhum serviço ao espectador.
A proposta, ainda que muito interessante, não é executada ao seu máximo. Buscando um discurso com várias camadas, Lanthimos não possui todos os meios necessários para alcançá-lo — o cineasta começou a dirigir essa obra durante a pós-produção de Pobres Criaturas, e é perceptível que ela foi entregue às pressas. O humor ácido, apesar de entreter o espectador, pode se perder no aspecto confuso das histórias. Tipos de Gentileza reflete uma visão niilista do mundo, na qual todos são tão egoístas e centrados em suas próprias mentes que se desconectam totalmente da realidade ao seu redor.
ONDE ASSISTIR: Disney+
5 - Bugonia (2025)
Talvez o filme mais cômico de Lanthimos, Bugonia une ficção científica e humor ácido com maestria. No longa, dois homens que vivem isolados do mundo (Jesse Plemons e Aidan Delbis) têm certeza de que a CEO de uma grande empresa (Emma Stone) é, na verdade, uma alienígena que pretende destruir o planeta. Eles, então, arquitetam um plano para sequestrá-la e negociar a salvação da Terra.
A pergunta central do filme — se ela é uma alienígena ou não — é o que mantém o espectador vidrado em uma sequência de cenas angustiantes, que se decorrem ao longo dos quatro dias que a personagem de Stone permanece enclausurada. Para além desse questionamento, o longa discute a relativização da verdade do mundo pós-moderno. Os dois homens se veem obcecados com a sua teoria da conspiração, e nenhum argumento racional poderia mudar sua visão.
A obra é uma adaptação do filme sul-coreano de 2003, Salvar o Planeta Terra. Entretanto, a trama está totalmente inserida no contexto dos anos 2020: a polarização política, a masculinidade no mundo digital e a paranoia frente à destruição do planeta são essenciais para a forma como a narrativa se desenrola. O roteiro, assinado por Will Tracy (O Menu), reforça o teor satírico da obra; como sempre, o desconforto é o personagem principal, repetindo a assinatura do diretor sem grandes inovações.
Apesar de lento e repetitivo em alguns momentos, a atuação impecável de Stone carrega o longa do início ao fim. Falando sobre finais, talvez essa seja a última cena mais interessante da filmografia de Lanthimos — e, se você conseguir se entregar à ironia, te garanto uma boa risada.
ONDE ASSISTIR: Em cartaz nos cinemas
4 - A Favorita (2018)
A Favorita foi um ponto de virada na carreira de Lanthimos. Este foi seu primeiro filme com um elenco caro — e seu primeiro contato com a atriz que se tornaria sua grande parceira nos próximos anos, Emma Stone.
O longa também tem outro diferencial: é o único drama histórico do diretor, baseado na história real (e polêmica) da rainha Anne, da Inglaterra. Apesar das diversas adaptações fictícias, a estética da realeza já foge muito do mundo grego de Lanthimos.
A trama acompanha a relação instável entre a rainha Anne (Olivia Colman) e sua conselheira e amante Lady Sarah Churchill (Rachel Weisz). A dinâmica entre as duas vira de cabeça para baixo com a chegada de Abigail (Emma Stone), uma jovem aristocrata que perdeu tudo e quer recuperar sua posição social. A partir desse momento, as duas disputam o local da favorita da rainha, enquanto ela se deteriora devido às diversas doenças que enfrenta.
A Favorita foi um verdadeiro sucesso de crítica. O longa recebeu 10 indicações ao Oscar 2019, e garantiu a Olivia Colman a estatueta de Melhor Atriz. Ele também teve um desempenho excelente no BAFTA, vencendo 7 prêmios — Melhor Atriz, Melhor Atriz Coadjuvante (Rachel Weisz), Melhor Filme Britânico de Destaque, Melhor Roteiro Original, Melhor Design de Produção, Melhor Figurino e Melhor Maquiagem e Cabelo.
Grande parte desse reconhecimento veio da forma como Lanthimos subverte o drama de época: a crítica elogiou sua abordagem ácida, que desmantela a idealização da nobreza. Com uma beleza estética incrível, A Favorita é o filme mais acessível do cineasta, e consolida Lanthimos como um diretor capaz de transitar entre o alternativo e o mainstream sem perder sua assinatura.
ONDE ASSISTIR: Disney Plus
3 - O Lagosta (2015)
Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes e indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original, O Lagosta segue um formato de fábula. Em um futuro distópico, apenas as pessoas casadas podem sobreviver (na forma humana, pelo menos).
Todos os solteiros tem uma chance de encontrar o amor numa espécie de retiro espiritual em um hotel luxuoso, mas, caso não concluam essa tarefa em 45 dias, eles serão automaticamente transformados em animais de sua preferência e abandonados em uma floresta. O protagonista, David (Colin Farrell), chega ao hotel após ser deixado pela esposa e precisa se adaptar às regras absurdas — desde conversas controladas até punições severas para os desviantes.
O mais interessante sobre O Lagosta é a sátira da premissa. O filme coloca em xeque a centralidade dos relacionamentos românticos na cultura ocidental e nos faz questionar como pessoas solteiras são muitas vezes vistas como insatisfeitas, como se ainda não tivessem alcançado "o grande objetivo da vida".
Além disso, o filme passa por um desenvolvimento fenomenal: é a revolta do protagonista contra o sistema que realmente marca a sua potência. Com cenas de violência gráfica para chocar um pouco o espectador, o terceiro ato é feito de uma surpresa após a outra.
A crítica recebeu O Lagosta com entusiasmo, destacando seu senso de humor absurdo e crítica afiada às convenções sociais, e Farrell foi amplamente elogiado por sua interpretação. O filme é um dos pontos altos da carreira do diretor e uma obra-chave para entender sua visão de mundo.
ONDE ASSISTIR: Apple TV (aluguel)
2 - O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017)
Vencedor do prêmio de roteiro em Cannes, O Sacrifício do Cervo Sagrado tem provavelmente uma das premissas mais perturbadoras da filmografia de Lanthimos — o que, se você chegou nesta parte da lista, pode ser difícil de acreditar.
No longa, quem rouba a cena é Barry Keoghan, que interpreta o adolescente Martin. Perturbado com a morte de seu pai, Martin vai atrás de Steven (Colin Farrell), cirurgião responsável pelo procedimento ao qual seu pai não sobreviveu. A princípio, eles constroem uma relação de amizade, e Steven tenta ajudar o garoto no processo de luto.
Porém, o comportamento de Martin se torna cada vez mais sinistro. A família do médico — sua esposa (Nicole Kidman) e seus dois filhos — começa a apresentar sintomas misteriosos, que evoluem rápido. Eventualmente, Martin revela sua exigência: Steven deve escolher um dos membros da própria família para morrer, como forma de sacrifício pela morte de seu pai. Caso ele não faça essa escolha, todos morrerão.
A estranheza aqui não se situa apenas no visual, mas na provocação ética inimaginável que o filme causa no espectador. A trama é inspirada na tragédia grega de Ifigênia, onde o rei Agamêmnon é forçado a sacrificar a própria filha para apaziguar a deusa Ártemis. A atmosfera do filme é sufocante: a câmera e o diálogo são frios, e uma trilha sonora angustiante transforma situações do cotidiano em terror psicológico.
A interpretação incômoda e apática de Keoghan torna Martin um personagem único. Cruel em muitos momentos, O Sacrifício do Cervo Sagrado é um dos trabalhos mais arrebatadores de Lanthimos. É uma obra brutal, mas que instiga o espectador do início ao fim.
ONDE ASSISTIR: Apple TV (aluguel)
1 - Pobres Criaturas (2023)
Como percebemos, Lanthimos está constantemente tentando fugir das narrativas óbvias que apelam ao grande público do cinema manistream. Pode parecer clichê colocar o vencedor de três Oscars em primeiro lugar neste ranking, mas Pobres Criaturas é inegavelmente a obra mais impactante do cineasta.
Uma criança no corpo de um adulto é uma ideia já explorada em clássicos do cinema, como O Curioso Caso de Benjamin Button (2008), de David Fincher, e até mesmo a comédia romântica De Repente 30 (2004). Mas é claro, a abordagem aqui não é nada convencional: Bella Baxter não é apenas uma adulta com mente infantil, ela é uma criação científica do Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe), que reanima seu corpo substituindo seu cérebro pelo de um feto.
A personagem de Stone "cresce" muito mais rapidamente do que qualquer criança, e Lanthimos dá um destaque especial a como a personagem explora sua sexualidade, desenvolve autonomia e se entende como mulher em um mundo cheio de contradições. O filme acompanha sua jornada ao lado de Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo), advogado que a leva em uma aventura pela Europa. O foco, entretanto, rapidamente se desvia para a emancipação e descoberta intelectual da personagem, que enfrenta questões complexas como a desigualdade social, a exploração e a violência.
A alternância entre o preto e branco inicial e as cores vibrantes e saturadas do mundo exterior, juntamente com um incrível trabalho de figurino e maquiagem, criam uma atmosfera visual cativante. Por trás do apelo ao grotesco na estética e nas escolhas narrativas, Pobres Criaturas carrega, na verdade, uma mensagem delicada: acima de tudo, é um filme sobre inocência, desejo e busca por identidade. Com momentos de sátira e humor mais explícitos do que em obras anteriores, este filme é mais otimista do que os primórdios de Lanthimos, mas sua marca continua mais do que registrada.
O elenco, é claro, foi um grande contribuinte. Com a atuação fenomenal de Emma Stone — que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz — e o carisma de Willem Dafoe, o filme envolve completamente o espectador ao longo de suas duas horas e 21 minutos. A produção também deu um arraso, levando para casa as estatuetas de Melhor Direção de Arte e Melhor Cabelo e Maquiagem.
ONDE ASSISTIR: Amazon Prime Video, Disney+
+++ LEIA MAIS: CRÍTICA | 'Bugonia' é mais um filme bizarro de Yorgos Lanthimos que vale apenas por Emma Stone