'Cangaço Novo': conheça a história real que inspirou a série
A produção brasileira tem conquistado o público e a crítica.
Desde que estreou no Prime Video, em agosto, a série brasileira 'Cangaço Novo' tem conquistado o público e a crítica com uma trama recheada de ação e protagonistas fortes que recontam uma parte da história do Brasil. O que muita gente não sabe, no entanto, é que o enredo é inspirado em uma história real que aconteceu entre as décadas de 1990 e 2000.
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Os personagens Ubaldo Vaqueiro (vivido por Allan Souza Lima) e seu pai, Amaro, foram criados com base em Valdetário Carneiro, um homem considerado o precursor do novo cangaço, os ataques a bancos em cidades pequenas comandadas por quadrilhas fortemente armadas.
Nascido em Caraúbas, no Rio Grande do Norte, Valdetário era um aficionado por Lampião e, inclusive, trajava o mesmo chapéu de couro que o ídolo. De acordo com a polícia local, o cangaceiro foi o responsável por pelo menos 100 ataques a bancos na última década do século 20.
Apesar dos números expressivos, Valdetário se defendeu de muitas acusações, dizendo ter sido injustiçado. Uma delas é de que ele teria roubado um Ford Pampa com o primo Agnaldo Benevides Carneiro, o Galego. Pelo crime, ele foi sentenciado a sete anos e meio de prisão e humilhado em praça pública, sendo amarrado em uma caminhonete que desfilou por toda a cidade.
amaro vaqueiro = valdetario carneiro. ❤️ https://t.co/nmz1RLVPsJ
— alicinha do cangaço novo (@alicecarvalho) August 20, 2023
Cenas semelhantes a essa são vistas na série do Prime, quando os cangaceiros amarram os gerentes dos bancos ao capô da caminhonete para conseguirem fugir sem serem ameaçados pela população e nem alvejados pela polícia.
A vida depois da prisão
Pouco tempo depois de ser preso, Valdetário e Galego conseguiram escapar, mas o cangaceiro foi capturado no dia seguinte e teve que cumprir mais quatro anos e seis meses de reclusão na Penitenciária de Campina Grande.
Quando saiu, foi acusado de outro crime: o roubo de um carro e de R$ 13 mil em dinheiro vivo de uma fábrica de Mossoró (RN). Novamente, o cangaceiro disse ter sido injustiçado e, sem confiar na polícia, decidiu investigar o crime por conta própria. Como resultado, ele encontrou os dois ladrões responsáveis pelo roubo e os obrigou a devolver o dinheiro das vítimas.
Isso fez com que ele começasse a ser admirado pela população, que o enxergou como um justiceiro – outra característica que 'Cangaço Novo' utiliza em sua trama, ao tratar o bando como heróis contra o sistema. Mais tarde, em 1997, voltou à Paraíba e matou Geraldo dos Santos, o comerciante que o acusou de ter roubado o Pampa.
Polícia e ladrão
Para a polícia nordestina, Valdetário era um bandido perigoso que precisava ser capturado de qualquer maneira. Segundo as investigações, um dos seus crimes mais violentos aconteceu em Macau (cidade perto de Natal, RN), em julho de 2002. Na época, o cangaceiro e seu bando roubaram três agências bancárias e mataram o delegado com tiros de fuzil.
O crime causou burburinho com a opinião pública e, por meio de uma denúncia anônima, Valdetário foi preso em dezembro de 2003 e, posteriormente, morto a tiros. Ele tinha 44 anos e seu cortejo fúnebre atraiu ao menos 10 mil pessoas, muitas delas vestidas com camisas estampadas com seu rosto – algo que foi reproduzido na série na figura de Amaro Vaqueiro já no primeiro episódio.
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Valdetário e 'Cangaço Novo'
Dirigida por Fábio Mendonça e Aly Muritiba, a série do Prime Video se inspira na história de Valdetário para criar uma narrativa única, cujos protagonistas também são dúbios; ora mocinhos, ora vilões. E, para dar mais veracidade à história, o elenco é praticamente todo nordestino e os atores passaram cerca de oito meses no sertão a fim de entrarem no clima da produção.
O resultado foi uma obra que vem sendo elogiada tanto pelo público quanto pelos especialistas. No Rotten Tomatoes, ela cravou 97% de aprovação da audiência. Lembrando que quem quiser assisti-la já pode maratonar os oito episódios no streaming da Amazon.
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