Klingon, Elfo e Na'Vi, de 'Avatar': dialetos ficcionais invadem cinema
Em Pandora, o planeta imaginado por James Cameron para sua nova superprodução Avatar, as tribos nativas falam Na'Vi, um idioma elaborado a partir de inúmeras línguas, como acontece com os dialetos ficcionais dos elfos de O Senhor dos Anéis ou dos klingons, os alienígenas bélicos da saga Star Trek.
» Assista ao trailer de 'Avatar'
» Conheça os filmes mais caros da história do cinema
» Saiba por que 'Avatar' será um sucesso de público
» Terra viu 'Avatar', o filme da década, saiba o que esperar
O Na'vi é uma nova linguagem composta por sons guturais e conjugações esotéricas através da qual se comunicam os seres de pele azul que habitam a exuberante e espetacular selva tropical de Pandora.
Esta linguagem foi imaginada e elaborada pelo lingüista Paul Frommer, professor da Universidade da Califórnia (oeste).
Para inventar o Na'Vi, além dos dialetos elfo e klingon, o lingüista se inspirou no esperanto, o idioma criado no século XIX com o objetivo de facilitar a comunicação internacional.
"Mas não parti do zero, porque o James Cameron chegou com umas trinta palavras já inventadas", declarou Paul Frommer à AFP. "Na verdade, a palavra Na'Vi foi inventada por ele", contou.
Frommer partiu desse início para criar uma linguagem baseada na sonoridade.. No Na'Vi não há sons "be", "je" ou "che", e sim sons que parecem exóticos no Ocidente, conforme explica Frommer.
O linguista explica que optou por sons produzidos com a língua ou os lábios, sem a ajuda dos pulmões, como no dialeto sul-africano Xhosa.
No Na'Vi, os verbos não têm sufixo ou prefixo, mas têm "infixos". Por exemplo, para trocar o tempo do verbo "taron", que quer dizer "caçar" e que se pronuncia "gadon", "ao invés de acrescentar uma sílaba no princípio ou no início da palavra, é preciso acrescentar algo depois da letra "t", o que permite obter a conjugação 'tovaron, telaron, tusaron, tairon'", explica Frommer.
O professor, que trabalhou muitos anos em sua criação, assistiu às filmagens de Avatar para orientar os atores na pronúncia e ajudá-los a inventar novas palavras no caso de necessidade.
"As pessoas encarregadas de fazer a dublagem do filme em diferentes idiomas têm de aprender o Na''Vi. Por isso preparei um kit de aprendizagem que será distribuído no mercado internacional", contou Frommer.
O professor espera que seu idioma tenha tanto sucesso quanto o klingon de Star Trek, inventado por outro linguista da Califórnia: "se o Na'Vi tomar o mesmo caminho do idioma klingon, será fantástico".
De fato, o klingon faz tanto sucesso entre os apreciadores da série que existem até traduções da Bíblia, de Hamlet, de Shakespeare, e de A Arte da Guerra, de Sun Tzu, nesse idioma ficcional - um dicionário klingon, aliás, foi publicado em CD-Rom nos Estados e quase foi editado no Brasil. E também existe um instituto de ensino de klingon, idioma que, inclusive, permite fazer buscas no Google.