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'Skinamarink', aterrorizante e confuso como um sonho, é um filme para ser discutido, diz diretor

Hit no Tik Tok, filme de Kyle Edward Ball que vazou na internet, está nos cinemas brasileiros; veja o trailer de 'Skinamarink: Canção de Ninar'

28 mar 2023 - 12h17
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Poucas coisas são tão assustadoras para uma criança quanto um pesadelo. Seja acordar sozinha em uma casa abandonada, perder-se dos pais ou ouvir vozes monstruosas no escuro, esses cenários são capazes de fazer qualquer um tremer de medo. É nisso que aposta o diretor canadense Kyle Edward Ball em seu filme de estreia Skinamarink: Canção de Ninar, que acaba de ser lançado nos cinemas no Brasil. Descrito pelo próprio cineasta como um "terror experimental", o longa acompanha a história de dois irmãos que acordam de madrugada e se encontram sozinhos na própria casa.

Ao explorarem o local, notam que todas as portas e janelas sumiram. Além disso, o pai delas também sumiu e, conforme a casa é explorada, uma estranha voz surge na escuridão e chama o nome dos irmãos.

Skinamarink, no entanto, não é um filme de terror comum. Apostando no subgênero "found footage", onde a narrativa se constrói a partir de cenas que simulam filmagens documentais, o longa cria uma atmosfera desconfortável e onírica, típica de um pesadelo infantil, com ângulos de câmeras estranhos e ruídos imagéticos e sonoros de câmeras antigas.

Apesar de o filme se passar em 1995, Edward Ball aposta na tecnologia analógica para evocar estranheza. "Há um certo sentimento de que esses filmes provocam o que foi perdido ao longo das décadas. Granulação da imagem, gradação de cores, enquadramento, zooms e o som são importantes para mim", afirma.

Por vezes confuso como um sonho, Skinamarink foi feito para desafiar o espectador. "É um filme que demanda ser discutido, mesmo que você o odeie", diz Ball. "Ele é estranho e por vezes é vago, tudo tem de ser interpretado. Foi proposital, eu queria um longa que ficasse na cabeça das pessoas."

Com um orçamento de US$ 15 mil, o longa faturou mais de US$ 1 milhão nos EUA e se tornou um sucesso em redes sociais como TikTok, Reddit e Twitter. A viralização, no entanto, se deu após um incidente em um festival de cinema. O catálogo online da mostra foi vazado e, em pouco tempo, Skinamarink já estava na internet.

Edward Ball entrou em pânico. Afinal, o filme já tinha um contrato de distribuição com a Shudder, streaming americano focado em terror, e seria lançado no Halloween de 2023. Mas o vazamento ajudou.

O longa conversa com tendências da internet como a do "liminal space", estética online que retrata lugares abandonados que flertam com o surreal, e também aposta em uma fotografia que lembra certos jogos de videogame de terror.

"O terror analógico também está em alta na internet, e tudo isso fez dele um filme perfeito para a internet", admite o diretor. Antes de dirigi-lo, Edward Ball produzia curtas no YouTube nos quais interpretava pesadelos que seus inscritos lhe enviavam, o que lhe deu familiaridade com as estéticas que faziam sucesso no online.

Fenômeno nas redes

De like em like, Skinamarink se tornou um fenômeno das redes. Sua natureza desconexa e vaga se encaixou na imediatez do meio, e são muitos os vídeos que mostram pessoas reagindo a trechos assustadores do longa.

"O filme ganhou uma nova data de lançamento e, quando lançado, se tornou um sucesso comercial", revela o diretor. Ele entende que a pirataria ajudou, mas não acredita que esse seja sempre o caso. "Nós já tínhamos um acordo de distribuição antes de o filme vazar - mas alguns filmes do festival não tinham e eles foram prejudicados por esse vazamento."

O sucesso na internet ajudou a alcançar públicos inimagináveis. Os fãs brasileiros são numerosos, ainda que o lançamento só aconteça agora. "Alguém pegou a legenda do vazamento, em espanhol, e fez uma tradução não oficial para o português. E, do dia para a noite, brasileiros começaram a falar sobre o filme", diz ele.

Além da familiaridade com a linguagem da internet, o diretor canadense aponta para a estranheza do projeto como uma das razões de seu êxito. "Todo diretor de terror sonha em fazer sua própria versão da casa mal-assombrada. Essa é a minha", explica Ball.

Estadão
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