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'June & John' prova por que Luc Besson é cineasta francês com alma americana

Em seu novo filme, o diretor mostra todo seu fascínio pelos Estados Unidos, tanto na paisagem como no enredo, referências e estética

19 jun 2025 - 17h10
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Luc Besson é um cineasta francês de alma americana. Mais uma prova disso é seu novo filme, June & John, no qual mostra todo seu fascínio pelos Estados Unidos, tanto na paisagem como no enredo, referências e estética. Ele já foi chamado de sub-Bonnie & Clyde, referência ao filme pioneiro de Arthur Penn (1967), um dos "clássicos" da Nova Hollywood, movimento que, durante alguns anos, inovou na linguagem e na temática, tirando o pó do classicismo hollywoodiano e lançando gente como Francis Ford Coppola, Dennis Hopper, Martin Scorsese e outros. Durou alguns anos.

Luke Stanton Eddy e Matilda Price em cena do filme 'June e John' de Luc Besson
Luke Stanton Eddy e Matilda Price em cena do filme 'June e John' de Luc Besson
Foto: Diamond Films Brasil/ Divulgação / Estadão

A aproximação vale alguma coisa, em especial pela história do casal Bonnie & Clyde (Warren Beatty e Faye Dunaway), que encena uma dupla da pesada que teve existência real nos loucos anos 1930 nos Estados Unidos. No Brasil, o filme de Penn ganhou de graça o subtítulo de Uma Rajada de Balas, o que dá bem ideia do que se trata. Mas a aproximação entre Besson e Penn para por aí.

De qualquer forma, Besson vai atrás de uma história desse tipo ou coisa semelhante. John (Luke Stanton Eddy) é um jovem massacrado por um emprego entediante. Conhece uma encantadora moça de cabelo colorido no metrô. Um vidro os separa. Mas ele pesquisa na internet e vai atrás da garota, que vem a ser June (Matilda Price). Os dois engatam um romance bastante alucinado - como o de Bonnie & Clyde da vida real e o da ficção de Arthur Penn.

'June e John', novo filme de Luc Besson, acompanha John que, fascinado por June, embarca em uma jornada intensa e imprevisível
'June e John', novo filme de Luc Besson, acompanha John que, fascinado por June, embarca em uma jornada intensa e imprevisível
Foto: Diamond Films Brasil/ Divulgação / Estadão

Até aí é o plot, a semente inicial da história. A questão é como Besson o desenvolve e o transforma em narrativa. Então entra em cena toda a série de clichês que costuma habitar seu cinema. Num site francês (Allociné), diz-se que foi feito, de forma clandestina, durante o confinamento da covid e gravado com um celular. Ou vários. Pode ser. Esse clima de urgência pode ter beneficiado a obra. Besson tenta fazer um cinema popular, ligado na violência e na velocidade, com pitadas de humor, mas falta-lhe o suingue de um Tarantino, por exemplo. A rapidez de ação, com seus planos rápidos, chega a seduzir num primeiro momento, mas quando se descobre que não há grande coisa por trás dela o efeito se dilui.

Há críticos que notaram uma outra influência em este neo-Bonnie & Clyde: um clássico de Agnès Varda chamado Cléo das 5 às 7. Quem conhece o filme sabe da história - uma cantora muito bonita, Cléo (Corinne Marchand) que, cheia de angústia, perambula por Paris enquanto espera o resultado de um exame clínico que pode determinar se ela tem câncer ou não. Uma beleza de filme. Com exceção de um detalhe, não se nota qualquer semelhança entre Cléo das 5 às 7 e June & John. Estão em prateleiras diferentes e bem distantes uma da outra.

Esse detalhe - se é que existe relação entre um e outro - vai se integrar ao filme de Besson mais adiante, quando o casal June & John já estiver em plena fuga pelas planícies americanas. Mostra como um tema interessante é apenas o começo do que pode (ou não) se transformar num grande filme. Ou mesmo num bom filme. Este, o de Besson, não passa de razoável.

Estadão
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