Em Paulínia, ator compara Clint Eastwood a Vicente Amorim
- Juliana Ranciaro
- Direto de Paulínia
Depois da coletiva de Corações Sujos no Paulínia Festival de Cinema 2011, foi a vez de Tsuyoshi Ihara, o protagonista do filme, contar detalhes de seu personagem e também da vinda ao Brasil para a divulgação do longa. Em entrevista ao Terra, ele comparou seu trabalho mais famoso, Cartas de Iwo Jima, do diretor Clint Eastwood, à interpretação mais recente, dirigida por Vicente Amorim.
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"Acredito que estou ganhando uma certa experiência em filmes de guerra. Eles exigem uma dureza, como uma casca mesmo por dentro, uma avalanche de sentimentos que se misturam e muitas vezes fazem a gente confundir personagem e ator. Mas me sinto pronto para isso. São sempre personagens muito gratificantes, emocionantes", disse.
Confira a entrevista completa abaixo:
Terra - Qual é a diferença entre ser dirigido por Clint Eastwood e Vicente Amorim?
Tsuyoshi Ihara - (risos) A grande diferença é que, apesar de não falarmos a mesma língua, Vicente sempre resolve as coisas com um grande sorriso no rosto, ele consegue fazer isso muito bem. Eastwood já é mais sério, tem mais pose. Mas o que importa é que todos nós entendemos a linguagem do cinema.
Terra - Como é interpretar um personagem com tanto amor por sua pátria, que defende seu país e sua cultura acima de qualquer coisa ou situação?
Tsuyoshi - Na construção do personagem Takahashi, todos os imigrantes têm muito amor à pátria, não só na imigração japonesa. Eu tentei imprimir essa coisa que o jovem de hoje já não tem mais, que é de respeito por seu país, de preservação de seus costumes e tradições, de amar o seu lugar de origem independente de onde você esteja.
Terra - Você já conhecia a história desse grupo de imigrantes que acreditava na vitória do Japão na Segunda Guerra Mundial? Sabia da forma como eles viveram no Brasil?
Tsuyoshi - Confesso que não conhecia nada sobre isso, muito porque essa parte da história não é ensinada nas escolas e em nenhum lugar. Mas não foi tão complicado me ambientar, porque sou neto de coreanos e nasci no Japão. Então, sempre convivi com imigrantes e via a forma como eles, meu avós, se comportavam. Eu sei o que é ser estrangeiro.
Terra - Como aprendeu a manusear a katana (espada japonesa) usada pelo personagem para matar os homens considerados "corações sujos" no filme?
Tsuyoshi - Eu estive há alguns anos estudando em uma escola de dublês e lá tive muito manuseio da katana. Contudo, para deixar bem claro que o personagem Takahashi não era um espada-shin, eu me preocupei em não parecer muito profissional.
Terra - Como recebeu o convite para integrar o elenco de Corações Sujos?
Tsuyoshi -Quando veio o convite, eu aceitei de cara participar dos testes porque tinha muita vontade de entrar em um filme estrangeiro. Fiquei alguns dias em Campinas e me ambientei a aqui. Brasil, para mim, é Campinas, não é São Paulo e nem Rio de Janeiro. O Brasil é o País mais distante do Japão, vir para cá é dar uma volta ao mundo. Depois dessa experiência, acho que posso trabalhar em qualquer outro lugar do mundo.
Terra - Já conhecia o Paulínia Festival de Cinema?
Tsuyoshi - Não. Quando fiquei sabendo que nosso filme passaria aqui, fui fazer uma pesquisa na internet e descobri que Paulínia era bem perto de Campinas. Daí, me informei sobre o festival e vi que até tínhamos passado por locais bem perto do Theatro Municipal, onde ele é realizado.
Terra - O que mais gostou do Brasil?
Tsuyoshi - O Brasil é realmente um País de muita energia. Eu voltei daqui para casa muito revigorado, todos notaram. Quando penso no Brasil, penso só em beleza, em alegria. Aqui eu também aproveitei para conhecer comidas locais - na verdade, principalmente as bebidas. Ontem mesmo (quinta-feira, 7), depois do filme, tomei caipirinha, uísque, cerveja, champanhe...misturei tudo e fui dormir relaxado, como uma pedra. Estava muito tenso e ansioso para ver a resposta do público.